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De torcedor para torcedor: o 'guia de sobrevivência' para o GP Brasil de F1

O que levar? O que comer? Onde se hospedar? O UOL Esporte te ajuda a decidir - Gabo Morales/Folhapress
O que levar? O que comer? Onde se hospedar? O UOL Esporte te ajuda a decidir Imagem: Gabo Morales/Folhapress

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

07/11/2016 06h00

Dos melhores pontos do autódromo para ver a corrida até o que levar nos três dias de evento, o GP do Brasil de Fórmula 1 é cheio de macetes. Pensando nisso, o UOL Esporte contou com a ajuda de torcedores experientes em Interlagos para montar um ‘guia de sobrevivência’ para quem vai assistir ao vivo à corrida que pode decidir o título em São Paulo.

Onde ficar: A ou G?

São cinco os setores cuja venda é liberada ao público, com valores que vão de R$ 570 (G/Q) a R$ 2.860 (B). Contudo, os mais procurados pelos torcedores são o A e G/Q, lembrando que o Q é uma separação do antigo G, da saída da terceira curva até a metade da reta oposta. Ambos os setores da reta oposta são os mais baratos, enquanto a entrada para os três dias no setor A custa R$ 770.

São várias as diferenças entre os setores A e G/Q, de visibilidade a questões culturais. “No A dá para ver a largada até a freada do S do Senna, perde parte da reta oposta, voltando a ver os carros no final e depois até o Bico de Pato. Perde toda a subida do Café e depois volta a vê-los na reta. O bom do A é o acesso – você entra no autódromo e já está no topo das arquibancadas”, explica Sergio Magalhães. “No G, a visibilidade é até maior que a do A, porém, em minha opinião, menos interessante. Os carros são vistos a partir da entrada da reta oposta e todo o miolo da pista até o final do Café e depois perde-se toda a descida da reta e o S.”

Além disso, Magalhães considera ver a corrida do G mais trabalhoso. “O problema do G é a ‘pauleira’. Oposto do A, você tem que subir as arquibancadas para ficar o mais alto possível. E daí quando precisa descer para comer, ou ir ao banheiro, você tem que subir toda a arquibancada e sempre tem aquela zoeira. Já presenciei pessoas jogando copos e bolinhas de papel em quem está subindo.”

Reta oposta de interlagos - Clive Mason/Getty Images - Clive Mason/Getty Images
Segundo torcedores, reta oposta é indicada por visibilidade
Imagem: Clive Mason/Getty Images

Um dos pontos negativos de todos os setores é o machismo, como aponta Marcos Paulo. “Se for com a namorada no setor G, esteja preparado para ‘brincadeiras’ machistas, mas leve na esportiva porque só fica no verbal mesmo. No A isso também acontece, mas é menos. É quase uma tradição - babaca, mas acontece.”

Como a numeração dos assentos não é respeitada nestes setores, os melhores lugares ficam lotados mais cedo. “Se for no setor G/Q, eu prefiro ficar o mais perto possível das duas extremidades. Geralmente no final da reta oposta é onde rolam muitas ultrapassagens. Até por isso torcidas organizadas que dormem na fila ficam por ali. E muitas vezes não são muito amigáveis”, lembra Marcos Paulo. “No setor A eu prefiro ficar na parte mais alta e mais à esquerda (olhando para a pista).”

Tatiana Coimbra tem ainda a experiência dos outros dois setores da reta de largada, B e M. “O B é muito bom [conta com alimentação inclusa e open bar], mas tem pouca visão da pista. O M é o melhor pela visão do S do Senna e pela emoção da largada. Ver a desaceleração dos carros e as ultrapassagens é super emocionante”, recomenda.

De carro, táxi ou de trem?

A estação Autódromo, da linha 9 da CPTM, fica a cerca de 600 m da entrada da arquibancada G e é recomendada pelos torcedores. “Todas as vezes que fui, utilizei transporte público, pois os flanelinhas não cobram menos R$100, sendo que a média está entre R$ 300 e R$ 400 para estacionar o carro”, diz Daniel Ignácio, que já assistiu à corrida dos setores A e G.

Já Marcos Paulo indica usar o trem para os treinos livres e classificação e o ônibus da organização no domingo. “Na sexta e no sábado, é melhor ir de trem porque é bem tranquilo e tem pouco movimento. Se estiver no Setor A, contudo, vai andar um pouco mais - e, além disso, é uma boa subida”, lembra. “No dia da corrida eu prefiro ir até o Shopping Market Place e de lá pegar um ônibus da organização do evento. É caro, mas vale a pena. Ele irá deixar o torcedor no portão exato comprado. Para quem nunca foi, é um grande facilitador.”

Torcedores indicam transporte público para GP Brasil - Simon Plestenjak/UOL - Simon Plestenjak/UOL
Torcedores indicam transporte público para acesso ao GP Brasil
Imagem: Simon Plestenjak/UOL

A alternativa do ônibus especial também é utilizada por Tatiana Coimbra. A torcedora se hospeda no Morumbi e racha o táxi até o circuito, com corrida por volta de 60 reais. “Na volta pegamos o ônibus, que para em vários pontos da cidade. É relativamente caro [cerca de R$ 25], mas é bem organizado. O problema da volta é a dificuldade de encontrar táxis. Depois de muitos anos descobrimos que eles simplesmente não gostam de andar naquela área”, conta.

Para quem não dispensa o carro, valem algumas ressalvas. “É importante levar em conta o valor que eles cobram e verificar onde ficará o veículo”, recomenda Welington Santana, ex-morador do bairro. “Em termos de segurança, recomendo deixar o carro no bairro Cidade Dutra ou no Jardim Satélite, de preferência, numa região distante da estação de trem e mais próxima do autódromo. Já a região atrás da curva do lago é melhor ser evitada.”

Que horas chegar?

O horário acaba sendo uma questão importante em Interlagos pelo desrespeito aos locais numerados na maioria das arquibancadas. “Se for tomar satisfação provavelmente sofrerá retaliação dos demais torcedores - que também estão nos lugares errados”, constata Marcos Paulo, que já ficou nas arquibancadas A, G e M.

Assim, especialmente nos anos em que a corrida atraía mais público, dormir na rua, do lado de fora, era quase uma necessidade para quem queria um bom lugar. “Em muitas de minhas idas ao GP Brasil, eu ‘dormia’ na fila de sábado para domingo. Ficava na arquibancada até ser ‘convidado’ a me retirar no final da tarde de sábado”, lembra Sergio Magalhães. “Ultimamente, não dá para ficar mais na fila. Na última vez que fiz isso, ficavam pessoas mal intencionadas que estendiam a fila e ‘cobravam pedágio’ para ficar naquele local. Se não pagasse, tinha que ficar atrás do último dessa malandragem, mas aí era arriscado porque você ia ficar sozinho lá perto da favela.”

Assim, o mais recomendado é chegar perto da abertura dos portões, às 7h, uma vez que as filas já não ficam tão longas quanto há alguns anos. No caso dos demais setores, a numeração dos assentos é respeitada e não é necessário ‘madrugar’ para garantir seu lugar.

O que levar para comer?

Há opções para comprar comida e bebida no autódromo e existem restrições a respeito do que pode ser levado pelos torcedores. “Se for levar frutas, só se forem cortadas e coloque num pote, pois já joguei maçã e banana fora por causa disso. Bolachas e salgadinhos, só se estiverem fechados. Outra coisa bem importante é lembrar que eles não deixam entrar com livros, cadernos e revistas, pois o argumento é que você vai pôr fogo e jogar na pista”, lista Ignácio.

O jeito, portanto, é comer o que é oferecido no autódromo. “A comida no autódromo é variável de ano para ano. Não tem como prever. Só se sabe que será caro. E nem sempre de boa qualidade”, aponta Tatiana.

Itens imprescindíveis

“Se for de São Paulo ou vier antes para o GP, compre tanto os protetores auriculares, assim como a capa de chuva profissional, que sai no máximo por R$ 20, no centro de São Paulo, na Rua Florêncio de Abreu, pois na frente do circuito você irá pagar os olhos da cara”, recomenda Ignácio. “Leve também uma boa câmera, pois são momentos inesquecíveis [lembrando que câmeras profissionais são barradas] e uma almofada, pois ficar sentado no cimento 4 ou 5 horas vai lhe deixar ‘quadrado’”, indica Ignácio.

Marcos Paulo também indica “protetor solar, óculos escuros e boné ou chapéu". E Tatiana lembra que vale levar capa até se ficar em uma arquibancada coberta. “Dou a dica de levar capa de chuva mesmo para o setor coberto porque venta muito quando chove.”

Arquibancada Interlagos - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Rádio, capa de chuva, protetor solar... Fique atento sobre o que levar à corrida
Imagem: Arquivo Pessoal

Outra lembrança importante é de que você não terá como carregar seu celular ou câmera. “Se for possível, leve uma daquelas baterias extras”, indica Marcos Paulo. “Leve um rádio ou baixe um aplicativo de rádio FM e deixe as fotos e filmagens para a volta de apresentação e durante a corrida. Na largada e primeira volta, contudo, deixe sua câmera de lado e assista no mundo real, afinal, é um momento único. Não faz sentido ter todo esse trabalho e na melhor parte assistir através de uma tela”, recomenda o torcedor.

Paulo Gouvêa Jr., criado nos arredores do circuito, recomenda ainda uma TV portátil para facilitar o acompanhamento da corrida. O aplicativo oficial da F-1 também ajuda. “As arquibancadas dão a visão de alguns trechos - e muitas vezes bastante longe. Para melhorar essa experiência, sem afetar o bolso em demasia, um celular com TV pode ajudar bastante a acompanhar o que está se vendo ao vivo.”

Onde se hospedar

Como a dica dos torcedores é utilizar o transporte público ao invés do carro, o melhor para quem vem de fora de São Paulo é optar por hospedagens com fácil acesso ao metrô, lembrando que as linhas estão conectadas aos trens da CPTM. “O Airbnb também é recomendável”, diz Ignácio, referindo-se ao site de aluguel de quartos e apartamentos de curta duração. “Não fique perto do autódromo, pois lá não tem nada de muito interessante. E a cidade em si é interessante. Dê uma pesquisada em alguma região que possa conhecer algo no seu perfil e fique por ali, de preferência perto do metrô”, indica Marcos Paulo.

Tatiana, que vem de Cuiabá para ver a corrida há mais de 10 anos, escolheu o Morumbi. “Tem táxi o todo tempo, é de fácil localização e perto de shoppings, o que facilita para a alimentação, mesmo sendo uma parte mais cara da cidade. E, para quem gosta de ir aos hotéis tentar uma foto com os pilotos, é uma boa pedida, porque os dois principais hotéis das equipes, Hilton e Hyatt, ficam pertíssimo”, aconselha.

As atividades do GP do Brasil começam na sexta-feira, com duas sessões de treinos livres de 1h30 a partir das 10h e das 14h. No sábado de manhã, às 11h, ocorre o terceiro treino livre, antes da classificação, às 14h. Já a largada será dada às 14h do domingo.

Hotel Hilton - Divulgação - Divulgação
De hotéis a quartos alugados, torcedores indicam várias opções de hospedagem
Imagem: Divulgação

Fique por dentro

Horário de funcionamento da bilheteria:

  • Até 10 de novembro: das 9h às 17h
  • 11 de novembro: das 7h às 17h
  • 12 e 13 novembro: das 7h às 12h

A Central de Atendimento e a Bilheteria estão localizadas no autódromo, na Av. Senador Teotônio Vilela, s/n, ao lado do Portão 7.

Os portões abrem às 7h e fecham às 14h durante o GP.

Confira os principais itens proibidos:

  • Objetos explosivos e pirotécnicos
  • Objetos cortantes ou pontiagudos (alicates, pinças, cortadores de unha, tesouras, garfos, facas, grampos, espelhos)
  • Objetos com dimensões superiores a 25cm x 25cm x 25cm - ou seja, observe o tamanho da caixa de isopor ou bolsa que pretende levar
  • Objetos que possam ser usados como armas, como como bastões, sprays de gases pimenta ou mostarda, laser e afins. A organização não recomenda também que se levem bastões de selfie, bengalas, muletas, garrafas, latas, garrafas, copos e recipientes fechados
  • Objetos profissionais para captura de imagem e som
  • Vestimentas que cubram totalmente a face
  • Líquidos de qualquer tipo, inclusive bebidas alcoólicas e não alcoólicas
  • Alimentos, seja para consumo próprio ou que representem intuito de comercialização

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