Silverstone bate recordes de público, mas ameaça deixar a F-1. Entenda
O GP da Grã-Bretanha vem batendo recordes de público ano a ano desde 2013 e, na última temporada, foi o evento que atraiu o maior número de torcedores ao longo de todo o final de semana, superando os 250 mil no público agregado dos três dias de atividade. Nos últimos 10 anos, calcula-se que o evento tenha vendido 1.12 milhão de ingressos, sendo o GP de maior sucesso de público do período.
No entanto, a realização da prova em Silverstone volta e meia é ameaçada. Na semana passada, os organizadores ameaçaram usar uma cláusula que automaticamente cancela o contrato atual - que vai até a temporada 2026 - daqui a dois anos caso os termos não sejam revistos.
Na avaliação do BRDC, entidade que administra o circuito e que não tem ligação com o governo, caso o contrato seja cumprido como estipulado atualmente, Silverstone não conseguirá se manter ao término do acordo.
A dificuldade de cumprir os contratos, que preveem aumentos anuais pré-fixados das taxas pagas apenas pelo direito de receber a prova, não é novidade na Fórmula 1 e vem provocando a diminuição dos eventos na Europa, muito em função da falta de apoio financeiro governamental. Como os acordos também dificultam o lucro dos organizadores - que não podem comercializar os ingressos com acesso mais VIP, de exclusividade dos detentores de direitos comerciais da categoria - tem sido cada vez mais difícil encontrar formas de arcas com as taxas que variam de acordo com a pista, mas que costumam girar em torno dos 20 a 30 milhões de dólares anuais.
Tentando melhorar seus acordos e sabendo de seu poderio político, os administradores de Silverstone vira e mexe ameaçam deixar a Fórmula 1. E como a Grã-Bretanha não tem atualmente autódromos que possam receber a categoria no mesmo nível, usam a importância do país na categoria para pressionar o promotor Bernie Ecclestone.
O britânico, inclusive, assinou com Donington Park em julho de 2008 para que a pista voltasse a receber a categoria dois anos depois, após uma grande reforma. O contrato acabou servindo para que Silverstone passasse por uma extensa reforma, com a construção de um novo paddock e alterações na pista, para se adequar às demandas da F-1 atual. Para completar, Ecclestone conseguiu assinar um contrato de 17 anos a estimadas 20 milhões de libras (24 milhões de dólares) e com aumento de 5% ao ano.
Com a expectativa de finalização da venda da F-1 para o grupo norte-americano Liberty Media nos próximos meses, não é de se estranhar que Silverstone tenha ameaçado quebrar o atual acordo. O próprio Ecclestone admitiu que “se eles quiserem usar a cláusula, não há o que possamos fazer”. Mas ninguém duvida que tudo não passa, mais uma vez, de uma pressão para sensibilizar os novos donos e conseguir um acordo melhor.
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