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Chefões da era Schumacher retomam 'dobradinha'. Agora no comando da F-1

Clive Mason/Getty Images.
Imagem: Clive Mason/Getty Images.

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

27/01/2017 04h00

A confirmação de que Ross Brawn está de volta da aposentadoria na posição de chefe da área técnica da categoria marcou o retorno de uma parceria que virou sinônimo de muitas vitórias na década passada com Jean Todt. Porém, ao invés de liderarem uma equipe, agora eles têm o controle de toda a Fórmula 1.

Brawn e Todt começaram a trabalhar juntos quando o inglês foi para a Ferrari no final da temporada de 1996, a primeira de Michael Schumacher na equipe. O engenheiro era considerado pelo piloto alemão como peça-chave no sucesso de ambos na Benetton anos antes e foi recrutado para fazer parte da reconstrução do time italiano. Lá, encontrou o francês já ocupando o cargo de chefe de equipe.

Junto ainda do projetista Rory Byrne, o tripé foi considerado fundamental para a sequência de cinco títulos de pilotos e seis de construtores, a partir de 1999. Em termos de números, o sucesso da Ferrari entre 1999 e 2004 foi sem precedentes e dificilmente será igualado.

Não que Brawn e Todt tenham escapado das críticas neste período: especialmente após o GP da Áustria de 2002 quando, ainda na primeira parte do campeonato e quando Schumacher já despontava como claro favorito, os chefes pediram que Rubens Barrichello cedesse a vitória ao companheiro. Recentemente, contudo, Brawn reconheceu que a ordem de equipe foi “um erro grave.”

A parceria de sucesso seria desfeita em 2006, quando Schumacher se aposentou pela primeira vez, Todt se tornou uma espécie de conselheiro na Ferrari e Brawn anunciou que tiraria um ano sabático.

O britânico retornaria à Fórmula 1 no final de 2007, contratado a peso de ouro pela Honda. Pouco mais de um ano depois, contudo, os japoneses decidiram deixar a categoria e o engenheiro, acreditando que tinha coordenado um bom projeto para 2009, ficou com o espólio do time, que passou a se chamar Brawn. O chefe tinha razão e a equipe, mesmo com pouco patrocínio, dominou a temporada, conquistando os títulos de pilotos, com Jenson Button, e de construtores.

Mesmo vendendo o time para a Mercedes no final daquele ano, Brawn continuou como chefe, papel que deixaria no final de 2013, pouco antes do time começar a dominar a F-1. Esta seria sua aposentadoria definitiva, até o convite do grupo Liberty Media, que comprou a categoria, para atuar em posição semelhante à qual Bernie Ecclestone ocupou por mais de 40 anos.

Paralelamente às idas e vindas de Brawn, Todt ficou na Ferrari até 2009, quando se candidatou à presidência da Federação Internacional de Automobilismo e, apoiado pelo ex-presidente Max Mosley, venceu o pleito e foi reeleito por mais quatro anos em 2013.

Agora, Brawn e Todt voltam a trabalhar juntos, ainda que defendendo interesses de diferentes organizações, uma vez que os detentores dos direitos comerciais são independentes da federação. Porém, ambos têm poder de voto nas decisões que passam pelo Conselho e os dois dirigentes, que têm agendas semelhantes em relação à necessidade da diminuição dos custos da F-1, terão de trabalhar em conjunto para driblar as pressões dos grandes times, como a própria Ferrari, que tentarão manter seus benefícios.

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