Como Mercedes e Red Bull têm suspensão 'ilegal'. E não são punidas por isso
Logo nos primeiros dias de 2017 a Fórmula 1 viu o questionamento da Ferrari em relação a um sistema de suspensão que seria utilizado por Mercedes e Red Bull. Os italianos fizeram uma consulta formal à Federação Internacional de Automobilismo e ouviram que a solução apresentada era ilegal. As duas equipes rivais, contudo, asseguraram que a decisão não mudava em nada seus projetos. Mas como isso é possível?
A suspensão da Mercedes vem chamando a atenção dos rivais há pelo menos quatro anos, quando eles começaram a usar o que ficou conhecido como FRIC, uma interligação hidráulica entre os eixos traseiro e dianteiro que ajudava a manter a estabilidade do carro nas curvas.
Considerado ilegal pela FIA, o FRIC foi banido ainda durante a temporada de 2014. Porém, o conhecimento da tecnologia fez com que a Mercedes desenvolvesse outras formas de obter o mesmo resultado, sem a conexão hidráulica e que, portanto, não ferem o regulamento. Por conta disso, mesmo com o carro sendo checado antes de cada GP, nada de errado era encontrado.
Tanto, que a suspensão da Mercedes chegou a um nível comparável à suspensão ativa, banida ao final de 1993 e um dos grandes trunfos da imbatível Williams do início dos anos 1990. “Se os pilotos do passado entrassem nestes carros ficariam surpresos pelo equilíbrio deles”, afirmou Paddy Lowe, ex-diretor técnico da Mercedes e atualmente na Williams. “Dá para acertar o carro com muito mais precisão - e de tal nível de refinamento aerodinâmico e mecânico que podemos acertar o carro quase curva a curva usando o equilíbrio de freio, chegando a um ponto em que o piloto diz que não tem o que melhorar no acerto.”
Sabe-se que a Mercedes conseguiu fazer com que as molas da suspensão trabalhassem de forma não-linear e ao mesmo tempo controlada. Porém, a maneira como isso acontece não é conhecida pelos rivais.
A Red Bull, por sua vez, usa a suspensão para compensar o maior arrasto produzido por seu carro. Assim, seu sistema é ativado sob maiores velocidades, nas retas, ‘prendendo’ a frente no chão e permitindo o uso de um maior rake (diferença de ângulo da dianteira em relação à traseira).
Sem saber exatamente como trabalham as duas rivais, a Ferrari apostou em uma saída e foi pedir a consulta da FIA, esperando que a decisão automaticamente freasse os projetos de Red Bull e, principalmente, Mercedes. Pela tranquilidade dos dois times, parece que os italianos não descobriram o segredo, em uma briga que não deve parar por aqui.
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