Pilotos têm dieta controlada. E até alguns segredos de hidratação nos GPs
O preparador físico Alex Azevedo checa o relógio e para seu próprio almoço para avisar os cozinheiros da Williams de que está na hora de preparar a refeição de Felipe Massa. A cena se repete nas demais equipes do paddock, religiosamente, a cada GP: não são todos os pilotos que, como o brasileiro, contam com um menu especial, mas todos eles ficam bastante atentos à alimentação praticamente o ano todo, mas principalmente durante os finais de semana de corrida.
E não é apenas pelo risco de ter uma indisposição durante uma sessão de treinos ou mesmo na corrida. Os pilotos têm de equilibrar a necessidade de contar com nutrientes suficientes para aguentarem o esforço, que aumentou consideravelmente neste ano, juntamente com a velocidade dos carros, e manterem o peso.
Isso porque o regulamento diz que cada carro deve pesar, no mínimo 728kg, contando o piloto. Como 10kg equivalem, na maioria dos circuitos, a cerca de 0s4 por volta, uma eternidade na Fórmula 1, as equipes tentam se manter o mais perto possível do peso mínimo - e isso tem sido especialmente complicado neste ano.
Tanto que Lewis Hamilton decidiu radicalizar e correu sem sua garrafa de hidratação na Espanha, para economizar cerca de 1kg. Após a prova, a qual venceu, o inglês reconheceu que estava bem mais cansado que o normal. “Usei todo o resto de energia para pular nos mecânicos na comemoração e senti que meu batimento cardíaco foi lá em cima.”
Responsável também por preparar a mistura que Massa toma ao longo da corrida, Azevedo explicou ao UOL Esporte que atitudes com a de Hamilton podem ser perigosas. “A desidratação, neste esporte, é super perigosa, porque o atleta pode perder ritmo de raciocínio e, consequentemente, a performance.”
O piloto não ingere apenas água durante a corrida e cada piloto tem sua estratégia, dependendo de como seu corpo reage. No caso de Massa, trata-se de uma mistura de bebida isotônica com Palatinose, carboidrato que garante aporte energético por períodos mais longos, além de aminoácido, para acelerar a recuperação muscular.
Alimentação ‘monótona’
Os cuidados nutricionais começam já na quinta-feira antes do GP. “O Felipe é um atleta que sempre se alimenta bem. Não é um cara que come chocolate, por exemplo, só porque está fora das corridas”, diz Azevedo, que mora junto com o piloto quando está na Europa.
A dieta do piloto da Williams é feita pelo nutrólogo Eduardo Rauen. “De manhã ele come uma porção de frutas, granola, iogurte e omelete e, durante as reuniões, ele sempre leva consigo uma barra de cereal ou alguma fruta”, revela Azevedo.
Já para o almoço, que ocorre, nas sexta-feiras, entre as duas sessões de treinos livres e, aos sábado, entre a terceira sessão e a classificação, os cozinheiros da Williams já sabem: “É salada, frango e arroz integral, nunca muda. Até brincamos que é ‘o prato do Felipe’, as porções já ficam lá com o nome dele.”
Em Mônaco, enquanto Massa estava comendo seu frango com arroz integral, os outros membros da equipe se deliciavam com curry e pasta, por exemplo.
“Após a corrida, ele toma um suplemento de recuperação, que se chama Endurox R4. Assim que ele toma, já se sente novo para correr novamente”, conta o preparador. “Já depois da corrida, o nutrólogo o liberou, mas ele sempre se alimenta bem e nunca sai da rotina.”
Não por acaso, Massa é um dos pilotos mais leves do grid. Mas não é todo mundo que se dá bem com a dieta regrada. Quando saíram da F-1 ao final do ano passado, Nico Rosberg e Jenson Button comemoraram poderem voltar a fazer suas vontades, enquanto o próprio Hamilton, que tem problemas com a balança tanto pelos chocolates que costuma comer - o inglês só começa suas entrevistas depois de sequestrar alguns doces no motorhome da Mercedes - e também porque tende a ganhar muito músculo em sua preparação física, recentemente publicou em suas mídias sociais apenas uma mensagem: “Dieta é um saco!”
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