Como equipe com menor orçamento da F-1 supera McLaren e Williams
O cenário não era nem um pouco favorável quando a Haas anunciou que entraria na F-1, ainda em 2014. O projeto chegou a ser adiado por um ano, quando o proprietário, Gene Haas, dono de equipe no automobilismo norte-americano, viu o tamanho da encrenca. Afinal, as últimas três equipes que tinham estreado na F-1 quatro anos antes - Hispania-HRT, Lotus-Caterham e Virgin-Marussia - estavam ficando pelo caminho.
No grid atual, a equipe mais jovem depois da Haas é a Mercedes, que voltou a ter equipe própria em 2010. Antes dela, vieram Force India (2008), Toro Rosso (2006) e Red Bull (2005). A atual Renault é de 2016, mas teve equipe própria em outras ocasiões e esteve presente entre 2012 e 2015 como fornecedora de motores. A Sauber é de 1993.
Mas o projeto da Haas era diferente, inovador: utilizar absolutamente tudo o que o regulamento permitia em termos de colaboração com uma equipe existente - no caso, a Ferrari - e a terceirização das peças. Assim, era possível ser competitivo na F-1 com a estrutura mais enxuta possível.
Em sua terceira temporada, a Haas não apenas conseguiu se manter no grid como tem chances reais de ser a “melhor do resto”. Ou seja: ficar atrás apenas de Mercedes, Ferrari e Red Bull. Isso, com cerca de um quarto do investimento das grandes.
“Não acho que esperava [lutar pelo quarto lugar]”, reconheceu Kevin Magnussen em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. “Dava para ver que a equipe tinha muito potencial já no ano passado. Mas mesmo no primeiro ano, parecia ser algo diferente. Não era só uma equipe estreante, como a Caterham ou a Marussia.”
No momento, a Haas está em quinto, a oito pontos da Renault. Porém, além de ter um rendimento mais estável que a rival direta, a equipe ainda espera o julgamento do apelo feito à perda justamente de oito pontos no GP da Itália, gerada por um pedido da própria Renault.
A startup mais rápida do mundo
O modelo de negócio diferente fez a equipe ser chamada na imprensa americana de “a startup mais rápida do mundo”. Não é difícil entender o porquê: enquanto as tradicionais McLaren e Williams (sexta e décima colocadas no campeonato, respectivamente) investem em profissionais e estrutura para desenvolver praticamente todos os elementos de seu carro, a não ser o motor e algumas peças terceirizadas, como os freios, a Haas não faz nem seu chassi, comprado junto à Dallara. O pensamento de Gene Haas é simples: por que gastar altas quantias para desenvolver um equipamento que, no máximo, será tão bom quanto o de uma grande equipe, que possui os melhores profissionais, se posso comprá-lo pronto?
Assim, a Haas hoje luta para ser quarta colocada no Mundial com pouco mais de 200 funcionários, metade mesmo em comparação com outros times do meio do pelotão, e um orçamento anual de 110 milhões de euros (pouco menos de 490 milhões de reais), o menor da F-1 atual, especialmente depois da injeção de dinheiro que a Force India recebeu devido ao investimento de seu novo dono, Lawrence Stroll. Mercedes, Red Bull e Ferrari gastam em torno de 450 milhões de euros por ano.
Próximo passo
Ambos os pilotos concordam, contudo, que a Haas chegou a seu limite em termos de resultados. “Mostramos que dá para ter sucesso e bons resultados sem gastar… nossos valores não são malucos, e o tamanho, também. Estamos mostrando que existe uma maneira eficiente de chegar na F-1 e ter bons resultados no meio do pelotão. Obviamente, se você quiser ir mais longe, no momento não é possível. Isso serve para nós e para outras equipes médias. Você só consegue ir para a ponta depois de muitos anos gastando muito dinheiro”, avalia Grosjean.
Isso porque o atual sistema de divisão dos lucros dos direitos comerciais é bem pouco vantajoso para as equipes médias e pequenas, e isso só poderá ser revisto com os contratos que entram em vigor em 2020.
Outra dúvida, como destaca Magnussen, é em relação ao regulamento. No momento, há duas correntes: permitir cooperação ainda mais estreita entre equipes para padronizar peças e diminuir o custo, ou impedir relações como a da Haas com a Ferrari. “Temos que ver quais serão as mudanças de regras de 2021. Talvez a possibilidade de se afiliar a outras equipes seja ainda maior, talvez não”, disse o dinamarquês. “Tenho certeza que outras equipes estão reclamando porque somos melhores do que eles. São eles que terão de fazer um trabalho melhor.”
Para 2019, a Haas continua com o mesmo tipo de operação e Grosjean e Magnussen ao volante.
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