O segredo mais protegido do esporte: acidente de Schumacher completa 5 anos
Há 5 anos Michael Schumacher sofreu o acidente mais trágico de sua vida durante prática de esqui em Méribel, na França. Foi sua última aparição em público. O alemão bateu a cabeça em uma rocha, teve sérias lesões cerebrais e desde então sua real condição de saúde é o segredo mais bem guardado do esporte.
Em uma mansão na Suíça cercada por câmeras de segurança, poucos são autorizados a entrar. O brasileiro Felipe Massa é uma das pessoas que visita o velho amigo de Ferrari, mas o que acontece por ali fica por ali.
Há uma espécie de pacto de silêncio entre amigos, familiares e até jornalistas. A imprensa especializada em Fórmula 1 respeita a privacidade de Schumacher e não escreve ou questiona o filho Mick sobre o assunto, que é mais divulgado pelos tabloides do mundo todo.
A opção da família foi divulgar o mínimo de informações. Exemplo disso aconteceu em abril de 2014, quando os parentes divulgaram que ele tinha saído do estado de coma. Logo depois, foi divulgado por sua assessora de imprensa Sabine Khem que o ex-piloto demonstrava "momentos em que tinha consciência e que estava desperto".
Três meses depois da confirmação da saída do coma, o estafe afirmou que Schumacher tinha sido transferido do hospital que ficou desde o acidente para sua casa, na Suíça. A assessora de imprensa disse que só emitiria novos comunicados caso houvesse notícias a serem dadas, e não foram divulgadas mais informações sobre seu estado desde então.
A porta-voz explicou em 2016 que a vida privada do ídolo já era reservada e pouco divulgada antes mesmo do acidente e que os fãs entendem e respeitam. "Michael desenhou uma linha clara entre sua vida pública e privada, que sempre foi aceita pelos fãs e mídia. A decisão de proteger sua privacidade foi tomada em interesse do próprio Michael. Eu acho que esse era o desejo secreto dele. É por isso que agora eu ainda quero cumprir seus desejos e não deixar que nada saia", disse Sabine.
Enquanto os 5 anos da tragédia é lembrado, em 3 de janeiro Schumacher receberá homenagens pelos seus 50 anos. A Fórmula 1 prepara celebrações para o ídolo e a fundação Keep Fighting, da família do alemão, lançou aplicativo relembrando os feitos do heptacampeão.
Filho piloto não fala sobre a situação do pai
"Meu ídolo é meu pai, simplesmente porque ele é o melhor, é meu exemplo". A frase é o máximo que se consegue tirar sobre o assunto de Mick Schumacher em entrevistas.
Mick, de 19 anos, segue os passos do pai e estava com Michael no momento do acidente. Atualmente o filho de Schumacher é campeão da F-3 Europeia e se prepara para estrear pela Prema na temporada da F-2 do ano que vem. Assim, estará no último degrau antes da Fórmula 1. Ferrari e Mercedes demonstraram interesse em contar com o piloto em seus programas de desenvolvimento.
A privacidade da família é tão importante que quando decidiu seguir a profissão do pai, ainda no kart, Mick adotou o sobrenome da mãe, Corinna Bestch.
O silêncio da família foi respeitado, mas alimentou "fake news"
A família Schumacher já ganhou diversas causas judiciais, especialmente na Alemanha, contra jornais que publicaram notícias falsas a respeito de Michael. Sabe-se que apenas amigos próximos de Schumacher, como Jean Todt, Ross Brawn e Felipe Massa, costumam visitá-lo.
Nenhum dos visitantes falam após um encontro com o alemão, mas da última vez que Todt se pronunciou, suas palavras foram interpretadas de forma a alimentar "fake news".
"Sempre sou cuidadoso ao dizer algo. Mas é verdade que eu assisti ao GP do Brasil na Suíça com Michael", disse Todt, o presidente da FIA e ex-chefe de Schumacher na época de ouro da Ferrari, recentemente.
Todt não disse qual era o estado de Schumacher, mas a declaração abriu caminho para uma série de reportagens. O jornal sensacionalista alemão Bild chegou a publicar que ele não estava mais acamado. As fontes de tais matérias viriam de "sua casa na Suíça", mas sem mais informações.
O mesmo jornal também publicou há pouco tempo que um arcebispo alemão "próximo do esportista" disse que ele podia "sentir as pessoas a seu redor" e que ele tinha saído do coma. Porém, a informação já tinha sido dada pela própria família em 2014.
Tabloides publicaram supostos valores de tratamento
Algo que poderia indicar a real condição de saúde de Schumacher seria alguma informação sobre seu tratamento, como quais os profissionais que o assessoram e quantos são.
Vários jornais, especialmente tabloides sensacionalistas na Inglaterra, publicaram ao longo destes cinco anos estimativas dos custos do tratamento, mas sempre sem citar qualquer fonte.
A última destas reportagens falava em 50 mil libras por mês (quase R$ 250 mil) e citava a revista alemã Bravo dizendo que ele será transferido em breve para os Estados Unidos para continuar o tratamento com um especialista em lesões cerebrais. Não é a primeira vez que esse rumor, nunca confirmado, circula na imprensa.
Outro rumor que surgiu em 2018 foi sobre uma mudança da família Schumacher para Mallorca, na Espanha. As autoridades da cidade negaram oficialmente a notícia.
Ânsia por notícias de Schumacher já virou caso de polícia
Pelo menos por duas vezes, a polícia suíça investigou casos envolvendo a tentativa de disseminar informações sobre o estado de Schumacher.
A primeira aconteceu em agosto de 2014, quando um executivo responsável por uma empresa de transporte cometeu suicídio na prisão depois de ser detido por suspeita de ter roubado a ficha médica do ex-piloto e ter tentado vender as informações para veículos de mídia.
Em dezembro de 2016, a polícia investigou o caso do vazamento de fotos do piloto tiradas de dentro de sua casa e que também foram oferecidas para a mídia por R$ 5 milhões.
Entre a falta de notícia e as lembranças
Se por um lado a privacidade de Schumacher é respeitada, por outro, os feitos do heptacampeão de Fórmula 1 são lembrados pelo estafe. Após o acidente, uma conta no Instagram foi criada para os fãs e é alimentada com lembranças dos feitos do alemão.
Foi o estafe que divulgou também a última entrevista de Schumacher antes do acidente, feita em 30 de outubro de 2013, dois meses antes do acidente, quando o alemão citou Ayrton Senna como ídolo de infância.
Um raro momento também foi protagonizado por Corinna em novembro, quando a mulher do alemão divulgou uma carta ao músico Sascha Herchebach, que compôs uma canção em homenagem ao piloto. "Todos sabemos que Michael é um lutador e não desistirá", diz trecho da carta.
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