Ainda sem piloto no grid, Brasil tem retorno "tímido" à Fórmula 1 em 2019
Doze meses se passaram desde toda a expectativa criada pelo primeiro GP de Fórmula 1 sem brasileiros no grid desde 1969 e o país ensaia um retorno com algumas 'bolas na trave': dois pilotos de testes, Sergio Sette Camara, na McLaren, e Pietro Fittipaldi, na Haas, e uma parceria entre a Petrobras e a McLaren que deveria ir além de um simples patrocínio, mas cujo financiamento enfrenta sérias dificuldades.
Não que a falta de brasileiros no grid tenha tido grandes efeitos práticos: a categoria viu um aumento de audiência na TV, pressionada por uma briga mais acirrada pelas vitórias, entre Mercedes e Ferrari. Mas a avaliação de todos os profissionais do setor é de que é importante que esse hiato de pilotos no grid seja o mais curto possível.
De olho em preencher esse vazio, Sette Camara está indo para seu terceiro ano na Fórmula 2 com a pressão de lutar pelo título, já que está entre os mais experientes da categoria e precisa de 30 pontos - ou seja, chegar entre os quatro primeiros do campeonato - para obter a superlicença e poder ser titular da Fórmula 1.
Não por acaso, mesmo tendo a chance de ser o piloto de testes da McLaren neste ano, com a possibilidade de participar de sessões de treinos livres, o foco dele é em seu campeonato. "Acho que, se eu fizer um bom trabalho na Fórmula 2 e no simulador, as oportunidades vão surgir. A Fórmula 2 é o mais crítico para mim em termos do caminho que minha carreira vai tomar, então é meu foco maior, ainda que eu acredite que o meu trabalho no simulador também vai pesar.
Pietro tem agradado à Haas
Já Pietro Fittipaldi foi o único piloto de testes que andou na pré-temporada, pela Haas, e a expectativa é que ele reapareça na pista em sessões de treinos livres e testes durante o ano. Afinal, essa é a estratégia do piloto para obter a superlicença: mesmo não tendo os pontos suficientes e tendo desistido de participar de grandes campeonatos justamente para assumir o papel de piloto de testes da Haas, Pietro busca ganhar quilometragem com carros de F-1 para provar à FIA que tem condições de ser titular na categoria.
Para isso, ele tem o apoio da Haas, que está tentando fazer com que a FIA reveja a situação do brasileiro. "Estamos falando com a federação para saber como podemos encontrar uma maneira dele conseguir os pontos que faltam", explicou Guenther Steiner. "Ele não é só um piloto convidado ou o piloto de testes: ele realmente está fazendo um trabalho. E está fazendo-o bem. Estou muito 'contente com ele.
O trabalho ao qual o chefe da Haas se refere é de conduzir a criação de um programa de simulador. "Usando fisicamente o simulador da Dallara (que também faz o chassi da Haas), mas nosso próprio software."
Incerteza na Petrobras
Além dos pilotos, a presença brasileira na F-1 é completada pela marca da Petrobras, estampada no carro da McLaren desde o ano passado. O plano inicial, contudo, era de que a equipe passaria a usar também combustíveis e lubrificantes da estatal nesta temporada, o que ainda não aconteceu de forma completa: o time utilizou o óleo de transmissão da marca na última prova da temporada 2018, em Abu Dhabi, e irá utilizá-lo no GP da Austrália de 2019.
Embora representantes da McLaren tenham garantido ao UOL Esporte que estão contentes com o desenvolvimento do combustível e demonstrem a intenção de usá-lo, o produto está em fase final de testes. O lubrificante de motor está em desenvolvimento.
Do lado brasileiro, a expectativa é de que a parceria esteja com os dias contados, uma vez que a avaliação do governo Bolsonaro é de que o dinheiro usado no projeto da Fórmula 1 deveria ser aplicado no Brasil. Assim, o negócio só não teria sido quebrado no início do ano devido a cláusulas no contrato que impediam isso.
A temporada 2019 da Fórmula 1 começa neste final de semana, com o GP da Austrália.
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