A morte repentina do diretor de provas Charlie Whiting, às vésperas do GP de abertura da temporada da Fórmula 1, na Austrália, deixou um vácuo difícil de ser preenchido para a Federação Internacional de Automobilismo. Funcionário da organização desde 1988, quando era delegado técnico, no britânico de 66 anos acumulava diversas funções: era delegado de segurança, responsável pelas largadas, chefe do departamento técnico e cuidava também da parte de logística dos GPs.
Ex-mecânico da equipe Brabham - tendo sido inclusive chefe dos mecânicos na época do bicampeonato de Nelson Piquet com o time - Whiting foi acumulando essas funções ao longo dos anos por conta de sua habilidade política e conhecimento técnico, além da ótima relação com Bernie Ecclestone, que controlou o esporte até o final de 2016. Foi Ecclestone quem o indicou para ser delegado técnico em 1988, sob o argumento de que, devido à experiência na Brabham, Whiting sabia como as equipes tentavam trapacear as regras.
Ao longo dos anos, contudo, ele passou a vistoriar os circuitos - tanto aqueles que querem entrar ou voltar ao calendário, quanto os que já recebem as corridas e passaram por reformas, por exemplo - e ganhou a confiança dos pilotos, fazendo a ponte entre suas demandas e o regulamento esportivo.
Não é difícil entender, portanto, por que a FIA ainda não se pronunciou sobre um substituto para Whiting: o mais provável é que mais de uma pessoa assuma suas funções.
Para o GP da Austrália, o diretor de provas da V8 Supercars, uma das provas de suporte, foi chamado para substituir Whiting na função específica do final de semana, e a reunião de pilotos, que era comandada por ele, durou apenas poucos minutos. Steve Nielsen, ex-Williams e que hoje trabalha na FIA, foi chamado às pressas para ajudar na sala dos comissários em Melbourne, mas o britânico tem 55 anos e, a longo prazo, a entidade busca alguém mais novo para o posto de Whiting.
Tanto, que havia um plano de sucessão em curso: Laurent Mekies era diretor de segurança da FIA, mas foi contratado pela Ferrari ano passado, onde tem a função de diretor esportivo desde novembro. Outra possibilidade seria Marcin Budkowski, que também saiu ano passado da FIA, indo para a Renault. A saída de ambos escancara um problema para a federação: concorrer com os salários oferecidos pelos times.
Some a isso a falta de pessoas qualificadas para ocupar um cargo tão importante quanto o de Whiting e a surpresa de sua morte, em decorrência de uma embolia pulmonar, e a FIA tem seu primeiro grande desafio do ano.