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Último na tabela e levando de 4 a 0 de novato: qual o problema de Kubica?

Kubica se prepara para treino  - Dan Istitene/Getty Images
Kubica se prepara para treino Imagem: Dan Istitene/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

03/05/2019 14h27

O retorno de Robert Kubica à Fórmula 1 oito anos após o acidente de rali que lhe deixou com sequelas no braço direito não tem sido o esperado. Nas quatro primeiras etapas do campeonato, Kubica ficou atrás em todas as classificações e também perdeu nas corridas para o companheiro, o novato George Russell, em uma Williams que só briga internamente, pois está levando de 1 a 2s por volta dos demais rivais.

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Mesmo assim, Kubica garante que está se divertindo. "Seria melhor disputar com mais pilotos e estar mais próximo do resto do pelotão, ter brigas de verdade. Ainda assim, é melhor pilotar um carro de F1 do que assistir pela TV. Claro que, de um lado, seria melhor ter mais performance, mas ainda dá para se divertir passando por sensações que não tinha há muitos anos."

Mas o que explica uma performance tão pouco competitiva em relação a Russell? A primeira suspeita sempre é sua situação física por conta das sequelas que dificultam os movimentos do pulso e mão direitos, mas existem outros fatores a serem compreendidos. Há tempos a Williams vem tendo problemas no processo de manufatura de suas peças, o que levou ao atraso da entrega do carro deste ano, que só apareceu no terceiro dia de testes na pré-temporada.

Tais atrasos continuam assombrando o time, que deu a sorte de ter levado, pela primeira vez no ano, um carro reserva justamente para a etapa do último final de semana, quando Russell precisou trocar de chassi depois de passar por cima de uma tampa de bueiro mal afixada.

Esses problemas geram duas situações: se uma peça nova chega, é Russell, piloto Mercedes, quem fica com a atualização. E Kubica também defende que os carros não estão totalmente iguais nem mesmo quando têm as mesmas peças.

"Eles estão trabalhando nisso e tentando compreender o que está acontecendo mas, no momento, não temos uma solução clara. Nunca passei por algo semelhante na carreira. A não ser que houvesse um problema", disse Kubica, explicando ao UOL Esporte que o comportamento muda de uma hora para a outra, sem explicação.

"O carro é mais previsível do que o do ano passado, mas acho que tem menos aderência e há coisas inesperadas que estão influenciando nosso carro. Às vezes em duas idas à pista com condições semelhantes, ele se comporta de maneiras completamente diferentes. Temos que entender isso porque não ajuda."

Do lado da chefia da equipe, Claire Williams ponderou que isso pode ter a ver com a sensibilidade de Kubica ao volante, mas destacou que o time está tentando descobrir se há algo errado.

"Fizemos muitas análises no assoalho do carro, que é o que o Robert acha que está trazendo as diferenças", explicou ao UOL Esporte. "George não sente tanto quanto Robert - se é uma questão de feeling, eu não sei, pois não sou piloto. Precisamos entender isso. É claro que cada piloto vai sentir algo diferente e não existem dois carros iguais, mas precisamos construir dois carros que sejam os mais próximos possíveis para dar essa confiança psicológica aos dois de que eles têm o mesmo equipamento."

A dirigente se disse contente com os dois pilotos. "Considerando o carro que demos aos dois, acho que tem sido incrivelmente duro para ambos, mas eles vão lá e dão tudo de si. E isso é tudo o que podemos pedir."

Kubica voltou ao grid neste ano depois de ter sido piloto de testes da Williams ano passado. Sem um ponto sequer no campeonato e dois 15º lugares como melhor resultado, o time é o último colocado na tabela de construtores.

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