Há algo errado na F1: como a disputa de 2018 virou lavada da Mercedes?
Há exatamente um ano, a Fórmula 1 chegava ao GP da França com o seguinte quadro: Sebastian Vettel, da Ferrari, liderava com 121 pontos, contra 120 de Lewis Hamilton, da Mercedes. Três equipes diferentes tinham vencido e sete pilotos tinham chegado ao pódio nas sete primeiras etapas do campeonato. Neste final de semana, a categoria volta a Paul Ricard com um cenário bastante diferente: todas as provas foram vencidas pelos pilotos da Mercedes, e Hamilton tem uma folga de 25 pontos em relação ao companheiro Valtteri Bottas. E só cinco pilotos chegaram ao pódio nas sete primeiras etapas.
Nada disso é coincidência. Duas decisões tomadas com o intuito de deixar a categoria mais competitiva acabaram saindo pela culatra: mudanças no regulamento técnico para ajudar nas ultrapassagens e nos pneus, para evitar superaquecimento.
Novas regras dão vantagem para os grandes
As duas mudanças aconteceram entre as temporadas de 2018 e 2019 e foram fundamentais para a Mercedes voltar a estabelecer um domínio que não tinha desde os dois primeiros anos da era turbo híbrida, em 2014 e 2015. Não que o chefe do time, Toto Wolff, não tenha avisado. O austríaco sempre foi contra mudanças constantes nas regras, por entender que elas só privilegiam os times com mais recursos financeiros e mais bem organizados. De fato, não apenas a vantagem da Mercedes aumentou com a adoção de novas asas dianteira e traseira, como também a diferença entre as três melhores equipes e o resto do pelotão.
"Quando olhamos para as regras de 2019 em comparação com 2018, as equipes da ponta aumentaram a vantagem que tinham, então voltamos à estaca zero. Acho que estamos cometendo o mesmo erro repetidamente, mas é muito difícil ter credibilidade para dizer isso estando na posição em que estamos", lamentou Wolff.
O dirigente se refere ao fato do time estar caminhando a passos largos para o sexto título consecutivo de construtores, algo que só foi obtido uma vez na história, pela Ferrari, entre 2000 e 2004.
"Eles acreditam que queremos manter as regras estáveis para manter a nossa vantagem, quando na verdade o oposto é a verdade. É só deixar as regras estáveis e a performance dos times vai convergir."
Isso, de fato, tem sido observado nos motores, cujas regras estão estáveis desde 2014, e também nos carros, com o crescimento da Ferrari em 2017 e principalmente 2018. A Fórmula 1, porém, estuda mudanças profundas para 2021, tanto no carro, quanto no motor.
Pneus ditando o ritmo
Mas se a mudança de regras deveria privilegiar os grandes, por que a vantagem da Mercedes em relação à Ferrari e Red Bull aumentou? Os rivais apostam que a grande diferença são os pneus, que são 0,4 mm mais finos que ano passado. Pode parecer pouco, mas foi uma reação da Pirelli às queixas pelo superaquecimento da borracha ano passado e serviu para resolver o problema. Porém, causou outro: todas as equipes, à exceção da Mercedes, estão tendo sérios problemas para aquecer os pneus e mantê-los na temperatura ideal. "Esse ajuste veio de um pedido da Mercedes", disse o consultor da Red Bull, Helmut Marko. "Eles pediram para mudar porque sempre tinham bolhas nos pneus. E foi assim que o esporte foi arruinado."
Não sofrer tanto com o superaquecimento dos pneus era o grande trunfo da Ferrari ano passado, e o grande dilema da Mercedes. Jogando a preocupação com os pneus para os rivais, eles abriram uma vantagem significativa.
Por conta disso, a expectativa é de outro final de semana de briga particular entre os dois Mercedes no GP da França. A Ferrari levará novidades para o circuito de Paul Ricard, mas a atualização mais significativa terá de esperar até a décima etapa, na Inglaterra, em meados de julho.
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