Pilotos defendem Vettel um dia antes de comissários reverem punição
A disputa pelo segundo lugar do GP da França de 1979 é muito provavelmente a mais icônica da história da Fórmula 1. René Arnoux e Gilles Villeneuve saíram diversas vezes da pista, e jogaram o carro um em cima do outro, se tocando em algumas oportunidades. Aquelas cenas são tidas como um exemplo de como a categoria era diferente antigamente, em contraponto com a atual polêmica da punição dada a Sebastian Vettel no GP do Canadá, que lhe tirou a vitória, e da qual a Ferrari está recorrendo.
Mas o que muita gente não sabe é que, na reunião na prova seguinte, os pilotos da época reclamaram da conduta de Arnoux e Villeneuve e pediram que a federação tomasse algum tipo de providência para o que eles consideraram uma disputa perigosa voltasse a acontecer.
Hoje, esse sistema existe: são quatro comissários que dispõem de vários ângulos, telemetria dos carros e outros dados para decidir se os pilotos seguiram ou não um regulamento que não é muito aberto a interpretação. E o que muitas vezes acontece, como no caso de Vettel no Canadá, é que as regras acabam deixando-os de mãos atadas.
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É esse o veredicto dado pelos pilotos nesta quinta-feira na França, onde a F-1 disputa sua oitava corrida da temporada e onde a Ferrari tenta convencer os comissários a voltar atrás na decisão que tirou a vitória de Vettel há pouco menos de duas semanas. A Scuderia trouxe novos dados a Paul Ricard e, nesta sexta-feira, os comissários vão decidir se aceitam o recurso.
Entre os pilotos, contudo, o apoio a Vettel foi unânime. "Se forem dar uma punição, que seja depois que a corrida acabar. Porque do jeito que foi acabou com a emoção da disputa entre Sebastian e Lewis", defendeu Max Verstappen. "Acho que ele não poderia ter voltado à pista de outra maneira, tentou de tudo para fazer de forma segura. É claro que, sabendo que o Lewis estava atrás, é normal manter o pé no acelerador e espalhar um pouco. Mas acho que as regras só deveriam punir quando há acidentes."
Kimi Raikkonen seguiu na mesma linha. "Ele não tinha escolha. Quando você vai para a grama, perde o controle e, quando volta para a pista, ainda tem muita sujeira no pneu. As pessoas que estão comentando nunca pilotaram um carro de F1, então não sabem como é."
A punição aconteceu quando Vettel escapou da pista e voltou, segundo os comissários, de maneira perigosa e jogando o carro em cima de Hamilton. Ele teve 5s adicionados a seu tempo final e, como o inglês conseguiu terminar a corrida colado no rival, levou a vitória.
A opinião é a mesma de Carlos Sainz. "Não acho que ele colocou o Hamilton em perigo. Ele estava lutando por uma vitória, é claro que não deixaria passar facilmente. Como não houve risco de um grande acidente, para mim não deveria ter havido punição", disse ao UOL Esporte. "Mas os comissários não merecem levar a culpa por essa punição. O problema é que as regras são muito preto no branco. E também não concordo em ficar analisando tudo em câmera lenta, frame a frame. A vida real não acontece assim."
O que os pilotos questionam não é a decisão dos comissários em si, mas as regras. "Sim, precisamos de regras, os pilotos precisam ser vigiados, mas às vezes acontecem acidentes de corrida, coisas naturais que não precisam ser investigadas", disse Nico Hulkenberg ao UOL Esporte.
Esse equilíbrio entre ter as regras claras e entender quando deixar a disputa rolar tem sido o grande problema das punições da F1 nos últimos anos, como apontou Kimi Raikkonen, que defende que o bom senso prevaleça. "O estranho é que todo ano eles ficam falando para nós que vão liberar mais as disputas e daí acontece uma punição dessas. Eles falam que não foi culpa de ninguém, mas ainda assim dão a punição. Precisamos de liberdade de uma maneira sensata. É claro que não queremos ver alguém empurrando o outro para fora ou fazendo algo estúpido. Nós pilotos sabemos - ou devemos saber - o que é justo ou aceitável."
Nesta quinta-feira em Paul Ricard, Vettel não quis dar detalhes das tais novas evidências que a Ferrari vai apresentar à FIA, mas recebeu bem o apoio dos colegas. "Não me surpreende, e é melhor que seja assim do que o contrário."
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