Topo

Fórmula 1

Como negociação do GP da Inglaterra pode mudar contratos da F1. E do Brasil

Circuito de Silverstone - Andrew Yates/Reuters
Circuito de Silverstone Imagem: Andrew Yates/Reuters

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Silverstone (ING)

13/07/2019 08h18

O recente anúncio da renovação do contrato para manter o GP da Inglaterra por mais cinco anos no calendário da Fórmula 1 significa mais do que a continuidade de uma das provas mais tradicionais: é um prenúncio do fim do modelo de negócio que o ex-chefão da categoria, Bernie Ecclestone, usava para garantir a saúde financeira do esporte.

Isso porque o último contrato que Ecclestone assinou com Silverstone previa o pagamento de 16 milhões de libras no primeiro ano - 2016 - e esse valor subia anualmente até chegar aos 26 milhões de libras em 2026. Percebendo que não conseguiria pagar a taxa, os promotores do GP britânico decidiram acionar a cláusula de quebra de contrato ano passado, e desde então vinham negociando com os novos donos da F-1, a Liberty Media.

Os valores do novo acordo não foram divulgados, mas o UOL Esporte apurou que Silverstone está pagando menos de 20 milhões de libras (cerca de R$ 94 milhões) nos primeiros anos, e ainda conseguiu que o GP da Inglaterra seja disputado exclusivamente no circuito pelos próximos três anos, impedindo, pelo menos por enquanto, a concorrência com um possível GP em Londres, um dos grandes projetos da Liberty Media.

Outra pista que conseguiu um acordo financeiro mais vantajoso é a Itália, que também tinha um contrato de custo escalonado, chegando a 22 milhões de euros para a etapa deste ano, mas conseguiu a renovação por cerca de 19 milhões de euros. Ainda faltam detalhes para o contrato ser assinado, mas os valores já foram acordados.

Negociações como estas certamente têm impacto no GP do Brasil, que negocia sua continuidade além de 2020, já que a Liberty deixa claro que deseja manter provas tradicionais na categoria e também importantes para a estratégia de crescimento mundial, com foco nos mercados dos EUA e da China. Por conta desses dois fatores, o Brasil é importante, já que é uma prova que está no calendário desde os anos 1970 e tem fuso horário favorável para os EUA.

Mas há um efeito colateral de fazer concessões às provas tradicionais: a renda total da Fórmula 1 tem caído desde que a Liberty assumiu o controle do esporte, no início de 2017, e o cenário aponta para uma redução ainda maior a longo prazo, com a queda geral de audiência das TVs, uma vez que o consumo de produtos on-demand via internet tem crescido.

É por conta disso que a Liberty está agindo em duas frentes: tentando aprovar um teto de gastos para as equipes, algo que deve ser decidido em outubro, mas ainda enfrenta muita resistência, uma vez que os times têm diferentes modelos de negócio (a Ferrari, por exemplo, faz motor e carro na mesma fábrica, enquanto a Red Bull compra o fornecimento de motores), e aumentando o número de corridas - o que faria as equipes gastarem mais, o que eles obviamente rejeitam.

Com todas essas incertezas, são várias as corridas que estão renegociando seus contratos neste momento. Para 2020, a Liberty já anunciou que o número de 21 etapas será mantido. Com a entrada de Vietnã e Holanda confirmados, Espanha, Alemanha e México lutam pela última vaga - e os mexicanos, que estavam no paddock em Silverstone neste final de semana, são os que provavelmente manterão sua etapa no calendário.

Fórmula 1