Como Ferrari venceu três seguidas pela primeira vez em mais de dez anos
"De patinho feio a nave espacial em três semanas", descreveu o jornal italiano La Repubblica, empolgado com a mudança no rendimento da Ferrari nas últimas corridas de Fórmula 1. Afinal, o time, que não ainda tinha vencido na temporada, triunfou na Bélgica e na Itália e fez a dobradinha no último domingo, em Singapura, o que fez com que a escuderia chegasse ao topo do pódio três vezes seguidas pela primeira vez desde o início da temporada 2008. Mas como explicar o renascimento ferrarista na temporada?
Uma combinação entre características das pistas, um extenso upgrade levado a Cingapura e dificuldades dos rivais explicam a grande fase da Ferrari - e também jogam dúvidas sobre o que Sebastian Vettel e Charles Leclerc poderão fazer daqui para a frente.
Pistas ajudaram
Já era esperado que as pistas da Bélgica e da Itália fossem as melhores para a Ferrari na segunda metade do campeonato. Isso porque o time tinha ido bem no GP do Bahrein - combinação de calor e longas retas -, no GP do Canadá - longas retas e ausência de curvas de alta velocidade - e no GP da Áustria - novamente calor e poucas curvas. São circuitos em que o nível geral das asas traseiras é menor - ou seja, pistas em que é usado um acerto de média para baixa carga aerodinâmica. Como o carro ferrarista vinha gerando menos carga aerodinâmica no geral que a Mercedes e a Red Bull, dependia disso para ir bem.
Além disso, o motor ferrarista tem uma vantagem, especialmente em classificação, estimado em torno de 15 cavalos a mais do que o motor Mercedes. Na Bélgica, por exemplo, os carros que o utilizaram ganhavam um segundo nas retas.
Atualizações decisivas
Também era verdade que a Ferrari perdia um segundo para a Mercedes nas curvas na etapa belga. A falta de equilíbrio na parte dianteira do carro foi um problema difícil de ser resolvido, pois gerava a necessidade de mudar os conceitos do carro. A Ferrari passou, então, a colocar uma série de novidades no carro a partir do GP da França, em junho, até que chegou ao extenso upgrade de Singapura.
Era uma questão quase de tudo ou nada para a Scuderia, que foi arrasada por Mercedes e Red Bull no GP da Hungria, uma pista em que se usa a configuração de alta carga de pressão aerodinâmica, algo que expunha as deficiências da Ferrari.
Em Singapura, os níveis de asa são parecidos com a Hungria, então seria um teste direto. O time levou um bico no estilo Mercedes e fez várias alterações no assoalho e no difusor. No sábado, os pilotos reagiram dizendo que o carro "ganhou vida" com essas novidades. Ou seja, ele está mais estável, e os ferraristas podem forçar mais, algo positivo principalmente para Vettel, que vinha tendo mais dificuldade para se adaptar que Leclerc.
"Sim, o upgrade me ajuda. Mas ainda temos mais por vir. A gente já tinha entendido há alguns meses quais eram nossos problemas, mas é difícil reagir de uma hora para a outra. O processo de desenvolvimento leva um tempo", disse o alemão, ao UOL Esporte.
Dificuldades dos rivais
Dois outros fatores ajudaram a Ferrari a conseguir uma dobradinha que nem eles mesmos achavam possível antes da classificação em Singapura: a equipe sempre se deu melhor com o composto macio usado na pista de rua, chamado C5, na comparação especialmente com a Mercedes. O calor é outro fator, pois a escuderia precisa adaptar menos o seu carro, e as ondulações da pista de rua têm um efeito pior para a Mercedes e especialmente para a Red Bull.
Mesmo com todos esses fatores, Hamilton poderia ter vencido a prova em Cingapura se tivesse parado na mesma volta que Vettel, já que ele estava à frente do alemão no momento, mas um novo erro, agora de estratégia, deixou a Mercedes fora do pódio pela primeira vez no ano.
Seguindo essa linha, o chefe da Mercedes, Toto Wolff, disse não acreditar que as atualizações da Ferrari foram tão decisivas. Para ele, essa é uma "história fácil" mas "é uma questão de já se ter um pacote muito forte e acertar tudo" na realidade.
Um novo teste para a tal "nave espacial" da Ferrari será já neste fim de semana, no GP da Rússia. As corridas no circuito de Sochi têm sido dominadas pela Mercedes nos últimos anos, mas as longas retas podem fazer com que a equipe italiana se aproxime.
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