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Hamilton é questionado por pilotos ao liderar ações contra racismo na F1

GP da Áustria de Fórmula 1: ato contra racismo gerou polêmicas - Peter Fox/Getty Images
GP da Áustria de Fórmula 1: ato contra racismo gerou polêmicas Imagem: Peter Fox/Getty Images

Da AFP

06/07/2020 12h19

"É um combate por igualdade, não se trata de política ou propaganda": questionado por sua maneira de sensibilizar o paddock da Fórmula 1 na luta contra o racismo, o hexacampeão do mundo Lewis Hamilton teve que se defender publicamente no último domingo, após o Grande Prêmio da Áustria.

O ambiente mudou depois que o britânico, primeiro piloto negro da categoria rainha do automobilismo, pediu à Fórmula 1 que se posicionasse em relação ao assassinato de George Floyd por um policial branco, no final de maio, em Mineápolis, nos Estados Unidos.

"Ninguém move um dedo sequer no meu esporte, que, claro, é dominado por brancos", escreveu na época Hamilton no Instagram. "Acreditava que veriam agora o que está acontecendo e que reagiriam, mas não podem ficar do nosso lado. Só quero que saibam que sei quem são e que estou de olho", completou.

Muitos pilotos reagiram ao chamado de Hamilton, como Charles Leclerc: "Sendo completamente honesto, não me sinto confortável compartilhando meus pensamentos nas redes sociais. Ele estava completamente equivocado", declarou o monegasco da Ferrari.

No domingo, em uma cerimônia oficial contra o racismo no grid de largada da primeira corrida da temporada, Leclerc, de 22 anos, foi um dos seis pilotos que optaram por não se ajoelhar, ficando de pé com a cabeça abaixada. Todos, porém, vestiam uma camiseta com a mensagem 'End Racism' (Acabem com o Racismo).

Horas antes do início da corrida, Leclerc explicou seu posicionamento: "Acredito que fatos e comportamentos cotidianos são mais importantes que gestos formais que podem ser interpretados como controversos em alguns países", disse.

Além do direito de apoiar a causa da maneira como cada piloto preferisse, algo defendido pela F1 e pela Federação Internacional do Automóvel (FIA), é o estilo de Hamilton que provoca polêmica.

A imprensa britânica questionou na quinta-feira o atual campeão do mundo sobre a intenção de se ajoelhar antes da prova. Hamilton respondeu não ter pensado sobre o assunto, mas que gostaria de protagonizar um gesto em conjunto com os outros 19 pilotos, um chamado para que a indústria da Fórmula 1 evoluísse a longo prazo.

Mas, nos bastidores, fontes afirmaram que o britânico foi menos tolerante durante uma reunião organizada pela associação de pilotos, a GDPA, na sexta-feira à noite.

"A mensagem que passei foi sobre romper o silêncio e simplesmente agradeci aos que levantaram a voz e incentivaram outros a fazer o mesmo", declarou Hamilton sobre o encontro.

"Eu expliquei que o silêncio se torna cúmplice. Há silêncio em alguns casos, mas acredito que isso faz parte do diálogo, do processo de compreensão, porque ainda há pessoas que não entendem o que está acontecendo e o motivo dos protestos, então vou continuar tentando ser um guia, uma influência para o máximo de pessoas que puder", completou.

"Nunca pedi ou exigi que alguém se ajoelhasse. Nem falamos disso. Foram a F1 e a GDPA que fizeram isso", revelou no domingo Hamilton, em resposta ao artigo do tabloide britânico Daily Mail, que afirmou que, "no privado, alguns pilotos ficaram assustados com a insistência de Hamilton em forçá-los a se ajoelhar".

O jornal também criticou "a hipocrisia" de Hamilton, "defensor da natureza", mas que chegou à Áustria "num inútil voo privado" de Mônaco.

"Hoje era um momento importante para mim e para todos que acreditam em mudança. Por uma sociedade mais justa e igualitária", declarou Hamilton após a corrida de domingo.

Questionado fora das pistas e penalizado com a perda de três posições no grid de largada devido a um erro durante o treino classificatório, terminando a corrida no quarto lugar, Hamilton não iniciou da melhor maneira a temporada, na qual tentará igualar o recorde de sete títulos mundiais do lendário alemão Michael Schumacher.

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