Como GP Brasil entrou na "elite" da F1 e só sai pela pandemia após 47 anos

Uma das mais tradicionais etapas do calendário da Fórmula 1 não será disputada na temporada de 2020. A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) interrompeu uma sequência de 47 anos do GP Brasil na mais importante categoria de automobilismo do mundo.

O GP Brasil está no calendário oficial da Fórmula 1 desde 1973 (a prova de 1972 não contou para o Mundial) e ocupa um posto respeitável na história da categoria. Apenas oito GPs aconteceram mais que as 47 edições brasileiras: Grã-Bretanha (70), Itália (70), Mônaco (66), Alemanha (64), Bélgica (64), França (60), Canadá (50) e Espanha (49).

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Boa parte das provas disputadas no Brasil aconteceu no autódromo de Interlagos, em São Paulo. Em 10 edições (1978 e de 1981 a 1989), a corrida foi disputada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Muito antes da pandemia, o GP Brasil já havia corrido o risco de ficar fora do calendário da Fórmula 1 no final dos anos 1980. O corte do autódromo de Jacarepaguá após a edição de 1989 colocou em xeque a permanência da etapa brasileira. Na ocasião, o francês Philippe Streiff sofreu um forte acidente e o atendimento foi considerado aquém do esperado para uma corrida da categoria. A edição ainda teve a morte de um torcedor que caiu da arquibancada.

Sem Jacarepaguá, o Brasil ficava sem opção para seguir recebendo um GP da Fórmula 1. Fora do calendário desde 1980, Interlagos ainda não havia sido reformado. A prefeita da época, Luiza Erundina (então no PT e, hoje, no PSOL), decidiu apostar na reforma do autódromo para que a corrida voltasse a São Paulo. A decisão contou com o apoio do presidente da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) na época, Piero Gancia.

"Procurei o Piero, que era o representante do Brasil na FIA. Ele confiou e gostou de mim. Devo muito a ele. São Paulo deve muito a ele. Foi ele quem me ajudou a lutar contra os órgãos internacionais, que se sentiam pressionados, inclusive por outros países, para conseguirem levar um GP de F1 para suas nações", disse Erundina à revista "Warm Up".

Desde então, Interlagos recebeu mais 26 edições do GP Brasil antes de ficar fora da temporada de 2020 por causa da pandemia. Caso volte ao calendário no ano que vem, ainda não há a certeza de onde será disputada a prova brasileira.

O contrato com São Paulo se encerra neste ano, e o Rio de Janeiro entrou na briga para levar o GP Brasil de volta para a cidade. Como mostrou o UOL Esporte no fim do ano passado, o governo do Estado do Rio de Janeiro aprovou uma renúncia fiscal de R$ 302 milhões apenas para as duas primeiras etapas de um possível contrato de nove anos. Isso significa que o governo fluminense aceita que todo o dinheiro da Lei de Incentivo ao Esporte do estado, R$ 151 milhões ao ano, seja utilizado para pagar o direito de ter a corrida.