Everaldo Marques superou desconfiança do Orkut para virar a voz da NFL
Você se lembra do Orkut? Uma das primeiras redes sociais de grande popularidade no Brasil, reuniu pessoas meio de comunidades, depoimentos, scraps e álbuns de fotos. Este espaço, atualmente vivo somente na nostalgia da geração "trintona", serviu de cenário para construir a voz da NFL no Brasil. Foi ali que Everaldo Marques, ainda no começo de ESPN, tirava dúvidas, aprendia mais sobre o futebol americano e demonstrava vontade para tratar a modalidade da maneira mais profissional possível.
Deu certo. Quase 15 anos depois, Everaldo Marques se tornou a cara e a voz da NFL no Brasil. Consagrado entre os fãs da modalidade, o narrador segue com a mesma rotina da época do Orkut: perguntando, pesquisando e estudando cada vez mais o esporte. Hoje (5), estará novamente com o microfone em punho para iniciar mais uma temporada, que começa com o embate entre Chicago Bears x Green Bay Packers, no Soldier Field.
"Só narraria a NFL a partir de setembro de 2006. Mas, em janeiro de 2006, pintou esse joguinho de futebol americano [USC x Texas, pelo futebol americano universitário], que foi importante para mim e foi importante para o canal mostrar para as pessoas que o futebol americano não seria abandonado como diziam no Orkut", relembrou o narrador, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Ao assumir a função de novo narrador dos esportes americanos da ESPN no Brasil, Everaldo Marques transcendeu rapidamente a função. Ele assumiu também o papel de promotor do esporte na rede social. Já naquela época, as fake news eram combatidas pelo jornalista.
"Algumas comunidades e listas de discussões que as pessoas usavam para conversar estavam espalhando boato que a ESPN ia parar de transmitir futebol americano ou que as pessoas que iam transmitir eram totalmente despreparadas e que não conheciam a modalidade, que seria ser uma m... e tal. Então, esse Rose Bowl eu entrei muito pressionado, porque se eu fizesse uma c... muito grande eu ia dar motivo para esses caras gritarem. No fim das contas foi tudo bem", recorda-se.
"Uma hora depois do começo do jogo, fui olhar o Orkut. Pensei: se eu for olhar minuto a minuto e logo de primeira levar uma paulada, vou me abalar. Deixa eu tocar, no intervalo do jogo eu fui olhar e tinha lá: 'pô, o cara sabe as regras'; 'pô, ele está fazendo direitinho'. Aí as pessoas perceberam que aquela boataria levantada não tinha fundamento", orgulha-se o narrador.
Moderador virou colega de ESPN
O Orkut aproximou ainda mais Everaldo Marques do futebol americano. O narrador, antes ainda de sonhar em se tornar a voz da liga no Brasil, acompanhava a modalidade e ganhou uma chance justamente por este conhecimento acumulado como fã de esporte. José Trajano, na época responsável pela ESPN daqui, perguntou sobre a possibilidade de Evê assumir o esporte na casa.
O narrador não só abraçou o projeto como rapidamente conquistou respeito dos especialistas daquela época, pouquíssimos se comparados ao atual público do campeonato no Brasil. Quem moderava um dos fóruns que questionava a capacidade do jornalista para conduzir o esporte se tornou um colega de empresa. Mais uma prova da importância das redes sociais na construção da voz da NFL.
"Um dos moderadores veio aqui e conversamos. Disseram a ele: 'fica tranquilo, está tudo bem, pois o Everaldo conhece o esporte'. Também falaram a este moderador que o comentarista que viria morou 18 anos nos Estados Unidos. Este comentarista que veio foi o Paulo Antunes. E o moderador? Era simplesmente o Paulo Mancha", diverte-se Everaldo Marques.
"O próprio Paulo Mancha escreveu uma carta para um fórum e disse: 'gente, aqui é o Paulo Mancha. Podem ficar tranquilos, pois fui na ESPN e os planos não são de diminuir o futebol americano, e sim aumentar'. Aí, enfim, ficou tudo bem", complementa Evê, hoje consagrado depois de combater a pressão e até fake news para se consolidar no futebol americano.
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