Como um time da NFL se envolveu em escândalo de pedofilia nos EUA
Resumo da notícia
- E-mails implicam funcionários do New Orleans Saints em escândalo de abusos sexuais
- Diretor do time sugeriu como a Igreja Católica poderia diminuir a repercussão dos casos
- Mais de 50 membros da Arquidiocese de Nova Orleans são acusados de molestar menores
- Dona dos Saints tem relação muito próxima com o arcebispo da cidade
As atenções da NFL estão voltadas ao Super Bowl de domingo (2), mas o futebol americano também está envolvido em um escândalo de pedofilia nos Estados Unidos. Um representante do New Orleans Saints tentou ajudar a Igreja Católica a diminuir o impacto da repercussão dos abusos sexuais praticados por membros da Arquidiocese de Nova Orleans.
Os abusos ganharam notoriedade em novembro, quando a Arquidiocese divulgou os nomes de 57 clérigos - padres e outros membros - acusados de molestar menores durante o século XX quase inteiro. No auge da crise, membros da Igreja e dos Saints trocaram e-mails sobre qual seria a melhor forma de lidar com os acontecimentos.
Segundo noticiado pela Associated Press (AP), em uma das conversas o vice-presidente de comunicação dos Saints, Greg Bensel, teria perguntado a uma porta-voz da Igreja se poderia haver "algum benefício em dizer que apoiamos as vítimas e o direito de buscar reparação na Justiça".
A diretoria de comunicação da Arquidiocese, Sarah McDonald, foi quem escreveu em resposta. "Não acho que queremos dizer que 'apoiamos' as vítimas na Justiça, mas certamente as encorajamos a se apresentar", enviou. Toda a comunicação teria acontecido entre e-mails profissionais, inclusive com logos da NFL e da Igreja nas mensagens.
No processo civil pendente, a AP pediu a um juiz que libere a divulgação dos e-mails e outras comunicações entre as duas instituições, argumentando que são de interesse público. Tanto os advogados dos Saints quanto os da Igreja Católica tentam manter o material sob sigilo. Oficialmente, a Arquidiocese ainda nega ter pedido ajuda ao time.
Os laços entre o time e a Arquidiocese são estreitos. Gayle Benson, a proprietária dos Saints (e também do New Orleans Pelicans, da NBA), é católica devota e já fez doações milionárias a instituições da Igreja na região de Nova Orleans. Ela é amiga pessoal do arcebispo Gregory Aymond e o convida com frequência para os jogos da NFL.
Os advogados das vítimas veem certa conivência da franquia da NFL com os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja. "Estas informações têm relação com os crimes porque são uma continuação da prática da Arquidiocese de ocultar seus crimes, para que o público não descubra seu comportamento criminoso. E os Saints se uniram a isso", escreveram. Eles dizem ter "centenas de documentos" que provam o envolvimento dos Saints e prometem solicitar depoimentos formais da dona do time, de Greg Bensel e outros representantes da franquia da NFL.
Os Saints confirmaram seu envolvimento por meio de uma nota oficial sobre o caso, mas negam qualquer protagonismo. Admitindo uma "relação muito próxima com a Arquidiocese", o time alega não ter sido a única organização procurada para dar conselhos sobre como lidar com a mídia. Ainda segundo o comunicado, o conselho dado por Greg Bensel teria sido "simples e nunca hesitante: ser direto, aberto e totalmente transparente, alertando todos os órgãos policiais".
Bensel tem experiência em momentos de crises deste tipo, pois lidou com as relações públicas durante o chamado "Bountygate", em 2012 - na ocasião, foi revelado que jogadores dos Saints recebiam bônus para machucar atletas adversários.
A investigação dos casos de Nova Orleans é apenas uma entre dezenas de desdobramentos envolvendo arquidioceses espalhadas pelos EUA. Os abusos sexuais, problema histórico da Igreja norte-americana, viraram escândalo em 2018, quando a Justiça identificou mais de mil vítimas de abuso somente no estado da Pennsylvania.
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