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Kaepernick e Trump são temas "esquecidos" no esquenta para o Super Bowl

Colin Kaepernick ajoelhado durante hino dos Estados Unidos; ação foi criticada por Donald Trump - Thearon W. Henderson/Getty
Colin Kaepernick ajoelhado durante hino dos Estados Unidos; ação foi criticada por Donald Trump Imagem: Thearon W. Henderson/Getty

Lucas Tieppo e Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo e Miami (EUA)

01/02/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Colin Kaepernick e Donald Trump são protagonistas da última grande polêmica da NFL
  • Trump criticou os protestos liderados por Kaepernick pelo fim da violência policial
  • O quarterback segue sem contrato desde que deixou o San Francisco 49ers em 2017
  • Os dois se tornaram assunto proibido na semana que antecede o Super Bowl

Dois personagens que não entrarão em campo no Super Bowl LIV, neste domingo (2), em Miami, têm rondado as entrevistas das principais estrelas da NFL há alguns anos: Colin Kaepernick e Donald Trump. Porém, a poucos dias da final, o quarterback e o atual presidente dos Estados Unidos parecem temas esquecidos e até mesmo "proibidos" entre jogadores de San Francisco 49ers e do Kansas City Chiefs, postulantes ao título.

Kaepernick, ex-jogador dos 49ers e afastado da liga de futebol americano desde março de 2017, e Trump, político que não foge de nenhuma briga, são protagonistas da última grande polêmica da NFL.

O quarterback liderou movimento dos jogadores contra a desigualdade racial e a violência policial contra a população negra dos Estados Unidos na temporada 2016 da liga. Trump respondeu criticando abertamente a manifestação e chegou a pedir aos donos das franquias a demissão dos atletas que se ajoelhassem durante a execução do hino nacional, gesto idealizado por Kaepernick. O presidente dos EUA ainda deu início a uma série de ataques contra a NFL no Twitter.

Em Miami para a cobertura do Super Bowl, o UOL Esporte esteve em eventos e entrevistas coletivas de representantes de Chiefs e 49ers. Quase ninguém falou sobre o quarterback ou sobre as críticas do presidente dos Estados Unidos aos jogadores da NFL.

Nenhum atleta falou abertamente sobre o tema, e a possibilidade de Kaepernick ser lembrado ou homenageado caso os 49ers vençam os Chiefs no domingo parece remota. Os poucos que aceitaram conversar sobre o quarterback preferiram lembrar sua importância dentro de campo, já que ele comandou o time até o Super Bowl da temporada 2012.

"Ele será um 49ers por toda a vida. Teve um grande impacto na franquia nos anos em que jogou aqui. Ele sempre será uma parte dos 49ers, não sei se parte deste time nesta temporada. Mas o impacto que ele teve, trazendo o time ao Super Bowl e em todos os anos em que esteve aqui, o faz um 49er para sempre. É o que eu penso", afirmou o defensive end Arik Armstead.

A reação dos jogadores dos 49ers não é uma surpresa para Lisa Salters, repórter da ESPN norte-americana e uma das profissionais mais respeitadas na cobertura da NFL. Lisa ressalta que poucos atletas do atual elenco jogaram com Kaepernick, o que gera uma distância em relação ao tema. Ela, no entanto, acredita que todos têm admiração grande pelo quarterback.

"Muitos não jogaram com o Kaepernick. Eu acho que é sobre os caras que estão com você. Se você não é um companheiro de time, eu posso saber sobre a história, mas isso não me diz muito porque você não é meu irmão, eu não joguei com você. Eu acho que todos respeitam e sabem a importância do que o Kaepernick fez, os torcedores também. Mas, se você não jogou com aquele cara, é difícil ter alguma ligação emocional com o seu legado", analisou.

Nenhum finalista respondeu às críticas feitas por Donald Trump ou falou sobre a complicada relação do presidente dos Estados Unidos com a NFL. O tema foi evitado por todos os jogadores questionados pela reportagem do UOL Esporte.

Muita coisa mudou nos últimos anos, tanto para a franquia da Califórnia quanto para o quarterback. Após cair de rendimento, Kaepernick perdeu espaço também por fatores extracampo. A equipe, por sua vez, só retornou ao Super Bowl seis anos depois, após as chegadas do técnico Kyle Shanahan e do quarterback Jimmy Garoppolo.

Enquanto os 49ers reencontraram o caminho das vitórias, Kaepernick segue na sua batalha para retornar à liga. O jogador não tem contrato com qualquer franquia desde março de 2017 e teve poucas chances reais de um novo acordo desde então. No período, processou a NFL acusando as franquias de conluio, fez um acordo, realizou alguns testes e protagonizou outra polêmica em novembro do ano passado ao se recusar a participar do treino oficial oferecido pela liga, realizando um evento próprio no mesmo dia.

O jogador mantém a mesma rotina de treinos e a compartilha nas redes sociais para mostrar que segue em busca de um emprego na NFL.

Enquanto isso, Trump, que já atacou a NFL dizendo que a liga estava com baixa audiência, voltou a ter destaque na semana do Super Bowl por causa do comercial sobre a sua campanha à reeleição, que será exibido no intervalo do jogo de domingo. Estima-se que uma propaganda de 30 segundo no intervalo da partida custe 5,6 milhões de dólares (quase R$ 24 milhões). O pré-candidato democrata à Presidência Michael Bloomberg também pagará a quantia para aparecer para o público, estimado em 100 milhões de espectadores.

Repórter do UOL conta curiosidades das equipes do Super Bowl LIV