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NFL: Mulheres ganham espaço e sonham em jogar na liga de futebol americano

Sarah Fuller foi a primeira mulher a disputar uma partida na elite do futebol americano universitário - Hunter Dyke/Mizzou Athletics via Getty Images
Sarah Fuller foi a primeira mulher a disputar uma partida na elite do futebol americano universitário Imagem: Hunter Dyke/Mizzou Athletics via Getty Images

Lucas Tieppo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/12/2020 04h00

Uma mulher jogando uma partida da NFL ainda é uma realidade distante, mas o caminho está sendo aberto por algumas pioneiras no esporte. Nos últimos dias, Callie Brownson atuou pela primeira vez como técnica de uma franquia da NFL, enquanto Sarah Fuller foi a primeira mulher a disputar uma partida pela SEC, uma das principais conferências do esporte universitário dos Estados Unidos.

NFL não tem restrição de gênero

Ao contrário do futebol da bola redonda, não existe nenhuma regra que impeça a participação de uma mulher em um jogo da NFL. Assim, uma atleta pode chegar à liga sendo contratada sem passar pelo draft ou disputando o futebol universitário, colocando-se como elegível para a escolha de uma das 32 equipes.

Em 2013, Lauren Silberman foi a primeira mulher a tentar uma vaga na NFL na posição de kicker. Ela participou de combines regionais (eventos de testes onde as equipes avaliam os atletas), mas acabou sem um convite.

Quem ficou mais perto foi Carli Lloyd, bicampeã mundial de futebol pelos EUA. Ela recebeu consultas de algumas equipes após um vídeo seu viralizar ano passado. Nele, a craque da bola redonda acertou um chute de 55 jardas durante um treino do Philadelphia Eagles.

"Acho que estamos em uma encruzilhada, do ponto de vista da igualdade e do empoderamento feminino. Eu definitivamente recebi algumas consultas. Algumas pessoas falando. Tudo é possível, mas, no momento, sou uma jogadora de futebol e vamos ver o que acontece no futuro", disse Carli à época.

Trabalho nas comissões técnicas

Dentro de campo, as mulheres começam a ganhar espaço, mesmo que de forma tímida. O feito de Callie Brownson, que atuou pela primeira vez como técnica principal da posição de tight end do Cleveland Browns no duelo contra o Jacksonville Jaguars pela semana 12 da temporada, é inédito, mas isolado.

Kevin Stefanski, técnico dos Browns, elogiou muito Callie e prevê um futuro promissor para a profissional dentro da liga. "Ela é muito útil para nós e pode se encaixar em qualquer posição. Estou orgulhoso da sua jornada", disse.

No Super Bowl 54 disputado no começo do ano entre Kansas City Chiefs e San Francisco 49ers, Katie Sowers fez história ao ser a primeira mulher a trabalhar na decisão da NFL como assistente-técnica. Aos 34 anos, Sowers atua desde 2017 no desenvolvimento do ataque dos 49ers.

Kendrick Bourne, wide receiver do San Francisco desde 2017, falou à época sobre sua relação com a treinadora. "Lembro da minha temporada de calouro, ela me acalmou depois que eu derrubei duas bolas no meu primeiro jogo de pré-temporada. Eu acabei tendo um bom jogo, realmente bom. Acabei permanecendo no elenco por causa disso", lembrou o jogador.

Emmanuel Sanders, hoje no New Orleans Saints, fez elogios a Kendrick quando era jogador dos 49ers. "Ela é bem tranquila e você precisa disso em alguns momentos. Especialmente em uma área em que existe muito caos e estresse. Você precisa de uma voz que acalma e diz que tudo ficará bem."

Já em julho deste ano, o New York Giants anunciou a contratação de Hannah Burnett como olheira da equipe, a primeira mulher a conquistar um emprego de tempo integral na franquia.

Apesar dos avanços, ao pesquisar no site das 32 franquias da NFL, apenas no Denver Broncos uma mulher aparece na lista de membros da comissão técnica. Emily Zaler atua como assistente-técnica de força e condicionamento.

Donas dos times

Dez mulheres são donas de franquias da NFL: Sheila Ford Hamp (Detroit Lions), Kim Pegula (Buffalo Bills), Carol Davis (Las Vegas Raiders), Denise DeBartolo York (San Francisco 49ers), Amy Adams Strunk (Tennessee Titans), Virginia Halas McCaskey (Chicago Bears), Gayle Benson (New Orleans Saints), Janice McNair (Houston Texans), Jody Allen (Seattle Seahawks) e Dee Haslam (Cleveland Browns).

Não há, no entanto, nenhuma mulher no posto de general manager, cargo que dita de fato os caminhos esportivos de cada franquia, ou em algum outro cargo sênior da direção.

Sexismo de biquíni e lingerie

Lingerie - Ethan Miller/Getty Images - Ethan Miller/Getty Images
Imagem: Ethan Miller/Getty Images

Um dos eventos mais sexistas do mundo do futebol americano é a realização do Lingerie Bowl. Nele, mulheres vestidas de biquínis e lingerie, jogam uma adaptação do esporte da bola oval, o tackle football, mas o objetivo esportivo não é o que interessa. O evento foi realizado durante anos, apesar das críticas pelo fato de colocar mulheres em situações nada agradáveis.

O Lingerie Bowl cresceu e virou uma liga, a Legends Football League, com várias temporadas disputadas. Reformulada, a competição agora é chamada de Extreme Football League, com jogos programados para abril de 2021.

Por outro lado, existem ligas sérias e que tentam impulsionar o futebol americano para mulheres. A principal delas é a Women?s Football Alliance, que reúne mais de 60 times femininos pelos Estados Unidos e tem mais uma temporada prevista para o ano que vem.