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Envelhecidos, gigantes Boca Juniors e River Plate mergulham na crise

Do UOL Esporte<br>Em São Paulo

01/04/2010 07h08

Classificação e Jogos

A fase é tão ruim para Boca Juniors e River Plate que os dois maiores clubes da Argentina – acostumados a brigar na parte superior da tabela dos campeonatos nacionais – agora rivalizam apenas para ser o clube menos criticado pelos próprios torcedores. Em baixa e mergulhados em uma crise sem fim, os gigantes têm veteranos já em decadência como seus principais destaques e, envelhecidos, ocupam posições nada gloriosas com oito rodadas para o fim do Torneio Clausura.

FASE COMPLICADA PARA RIVER E BOCA

  • Juan Mabromata/AFP

    Veterano Marcelo Gallardo lamenta derrota por 2 a 0 em clássico, enquanto torcida do Boca Jrs. vibra

  • Natacha Pisarenko/AP

    Ao contestar substituição em jogo ante Chacarita, Palermo colocou ainda mais fogo na crise do Boca

O Boca Juniors conta com ídolos que marcaram época no clube, mas que já não rendem como esperado. Martín Palermo, de 36 anos, e Juan Roman Riquelme, de 31 anos, ainda estão no coração dos xeneizes, mas apresentam pouco futebol em 2010. O River segue a linha frustrada de apostas em veteranos que fizeram história no clube: Ariel Ortega e Matías Almeyda, ambos de 36 anos, e Marcelo Gallardo, de 34, são os principais nomes do time, que corre risco real de ser rebaixado.

Mesmo sem ter que se preocupar com Copa Libertadores neste ano, os rivais são as grandes decepções do Clausura. O River está na 16ª colocação, com apenas três vitórias em 11 jogos. O Boca faz campanha pior. Somou somente 11 pontos em 33 possíveis e aparece na 18ª posição, com duas vitórias até o momento. Para completar, levou quatro gols em uma mesma partida em três oportunidades no torneio.

“O problema é de qualidade, porque entrega há”, admite o goleiro do River Plate, Daniel Vega. “Estamos tentando reverter uma situação difícil e, por isso, temos que estar dispostos a tudo”. O clima no vestiário do Boca Juniors não é melhor. Principalmente após a decisão do técnico Abel Alves de tirar o atacante Palermo durante a goleada sofrida para o pequeno Chacarita Juniors, por 4 a 1. Especulações da imprensa argentina apontam que os jogadores organizam um boicote contra o treinador.

Sobra até para Luiz Alberto, ex-zagueiro do Fluminense e há menos de quatro meses no clube. Titular da zaga mais vazada do Clausura [22 gols sofridos], o brasileiro de 32 anos é alvo de constantes críticas da torcida e da imprensa. “Por causa da nossa carência no setor defensivo, tive que trazer um brasileiro que não jogava há mais de três meses e que ainda está se adaptando ao futebol argentino”, cutucou Abel Alves.

Sobre a possibilidade de boicote, o treinador nega que haja uma campanha dos jogadores mais experientes do Boca para a sua demissão. “Quem ganha as partidas são os jogadores e os conheço há muito tempo. As coisas não estão acontecendo como no passado e por isso estamos sofrendo. Mas em nenhum momento os jogadores fizeram boicote”, descarta o treinador.

Mesmo com a péssima campanha no Clausura, o Boca não corre grande risco de queda, pelo menos por enquanto. Isso porque a fórmula de rebaixamento, chamado de ‘Promedio de Puntos’, contempla os pontos conquistados pelas equipes nas últimas três temporadas. A partir desta medida, o time de Nuñez corre mais perigo, pois ocupa a 13ª posição neste momento, com 1.321 de média. Os xeneizes ocupam o 5º posto: 1.594. Dos 20 participantes da primeira divisão, dois são rebaixados automaticamente. Os outros dois piores times disputam uma repescagem com o 3º e 4º colocados da divisão inferior.

Entretanto, em tempo de escassez de jovens talentos, as decepções de 2010 não impedem que os rivais continuem apostando em velhos conhecidos. O Boca pretende mudar de técnico em junho. O primeiro nome da lista é o multicampeão Carlos Bianchi...