UOL Esporte Futebol
 
02/10/2009 - 07h01

Arena Fielzão "naufraga", e doação de corintianos reforça academia do clube

Bruno Thadeu
Em São Paulo
FIELZÃO: OUTRO SONHO FRUSTRADO
Ilustração
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Projeto consistia em captar dinheiro de torcedores para erguer estádio "Fielzão"...
Ilustração
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...mas foram arrecadados apenas R$ 30 mil. Custo para arena era de R$ 300 milhões
CORINTHIANS QUER O PACAEMBU
O plano era ousado e tinha Andres Sanchez como um dos padrinhos: angariar R$ 300 milhões em doações de torcedores corintianos para erguer o tão sonhado estádio do clube. No entanto, o projeto criado em 2007 para construção do Fielzão (nome que seria dado à arena) foi um grande fiasco. Com apenas uma fatia irrisória da arrecadação inicialmente prevista, a ONG Cooperfiel, responsável por gerir os "dízimos" dos fiéis, repassou parte das doações (pouco mais de R$ 20 mil) ao Corinthians.

Para tentar suavizar a impressão de fracasso retumbante do Fielzão, que teria capacidade para 60 mil espectadores, a ONG e a diretoria do Corinthians chegaram a um acordo.

A verba arrecadada em doações dos torcedores, quantia insuficiente para pagar o salário de um jogador do time titular, foi utilizada para compra de quatro aparelhos de musculação, instalados na academia do clube, no Parque São Jorge.

Mas o contribuinte do Fielzão não terá nem a sensação de pelo menos ter ajudado o elenco do Corinthians a ficar mais forte. Esses aparelhos "pagos" pelos torcedores são considerados bem inferiores aos utilizados pelo elenco. O Corinthians comprou modernos equipamentos de musculação para os atletas.

APARELHOS EM VEZ DE ESTÁDIO
Bruno Thadeu/UOL Esporte
Doação de "fiéis" foi usada na academia
do clube, usada por sócios e mensalistas
Folha Imagem
Já o elenco corintiano dispõe de sala de musculação no clube muito mais moderna
Nota fiscal de compra de aparelhos de musculação. Plano era erguer estádio
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Já os aparelhos arrecadados com o finado Fielzão são usados exclusivamente por associados e mensalistas.

Em contato com o UOL Esporte, o tesoureiro da ONG, Roberson Medeiros, apresentou notas fiscais das compras efetuadas para o Corinthians.

Com o dinheiro dos fiéis alvinegros, foi dada uma "mini academia" ao clube: uma bicicleta horizontal, um aparelho peitoral dorsal, cross over, cadeira extensora, elíptico. Somados, custaram R$ 16.663,25.

Outros R$ 650 foram repassados à Instituição Amigos do Bem. Segundo a ONG, o restante das doações foi usado para a compra de um bandeirão, camisas e custos do projeto.

ONG e Corinthians feriram o estatuto do projeto Fielzão, que previa o repasse de 95% do valor arrecadado com as doações para a reforma da Fazendinha caso não fosse atingida a meta para construção da arena. O campo da Fazendinha, aliás, está em reforma desde janeiro, mas com recursos apenas do clube e da Federação Paulista de Futebol.

"Realmente estava previsto que repassaríamos o dinheiro das doações para reformar a Fazendinha. Mas o Andres Sanchez pediu para que em vez da Fazendinha, nós ajudássemos comprando aparelhos para a academia do clube. Foi o que fizemos", disse Roberson Medeiros.

ONG culpa Dualib e Série B
O projeto de arrecadação de R$ 300 milhões via depósitos em conta corrente era "irreal". Durante o período em que o projeto esteve na ativa, o Fielzão arrecadou menos de R$ 30 mil.

Referência em doações em massa no país, o programa "Criança Esperança", por exemplo, ainda não atingiu a cifra de R$ 300 milhões desde a existência do programa. Foram obtidos mais de R$ 200 milhões em 24 anos.

Os torcedores não aderiram ao Fielzão por vários motivos, diz André Antunes, um dos criadores do projeto.

Ele alega que o Fielzão "desmoronou" sobretudo devido ao processo de queda de Alberto Dualib da presidência do clube, e à fase crítica que o Corinthians vivia no Brasileiro de 2007, que culminou no rebaixamento para a série B. Esses fatores tiraram a atenção do Fielzão, justifica.

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