UOL Esporte Brasileirão - Série A
 
18/09/2010 - 07h01

No pior ano de sua carreira, lesões fizeram Leandro pensar em aposentadoria

Marinho Saldanha
Em Porto Alegre

Leandro confia em retorno ao time titular

A trajetória de uma das principais contratações do Grêmio para a temporada 2010 pode ser definida como dramática. Depois de mais de um ano de negociações, Leandro vestiu a camisa azul, branca e preta. Porém, as expectativas geradas pela qualidade do jogador acabaram frustradas pelas frequentes lesões. Ao todo foram seis quadros médicos, com quatro lesões musculares, uma conjuntivite a uma fissura no pé.

Impossibilitado de dar alegrias ao torcedor, Leandro pensou duas vezes em abandonar o futebol. Confiante e com apoio de amigos e familiares, o jogador repensou a situação e, mesmo vivendo o pior ano de uma carreira de conquistas que já dura 14 anos, decidiu seguir em frente. Antes do treinamento gremista de sexta-feira, Leandro recebeu a reportagem do UOL Esporte e se disse débito com o clube, mas com objetivo de viver alegrias no último time de sua trajetória.

Atrapalhado pelos afastamentos e recuperações, Leandro tem 25 jogos pelo Grêmio e nenhum gol marcado. Ocorreram sondagens de outros clubes pelo jogador, mas ele sempre deixou claro que não tem intenção de sair.

 UOL Esporte: Como você avalia tua passagem pelo Grêmio até agora, já que houve uma expectativa e uma negociação longa para que você viesse para o clube?
Leandro: Não só eu como as pessoas que fazem parte da minha vida veem com um pouco de tristeza por eu não ter uma sequência longa de jogos pelo fato de ter me machucado muito. Eu me sinto com um dever muito grande com o clube a ser cumprido. Mas tenho certeza que tudo que aconteceu faz parte do futebol. Neste ano eu completo 14 anos como atleta profissional e foi o ano em que eu tive mais lesões. Não que nos outros não houve, mas passaram despercebidas ficando uma ou duas semanas parado. Na minha carreira este foi o ano em que vejo com um lado mais triste por não poder estar dando o retorno pela expectativa que se criou sobre minha contratação. Tenho certeza que vou dar a volta por cima. Quando eu tiver a sequência ideal, quando nenhuma lesão vier me prejudicar, eu tenho certeza que darei retorno.

Não foi falta de preparação ou comunicação de parte física ou médica. Eu estava apto a jogar e bem, mas tudo aconteceu. É uma coisa que está acontecendo porque tinha que ser mesmo, não foi erro de ninguém.

Leandro, meia do Grêmio

UOL Esporte: Como foi o sentimento devido as lesões, de onde você tirou força para seguir já que quando retornaria ao time acabava sentindo novamente?
Leandro: É uma coisa chata né. Este ano eu parei duas vezes, conversei com minha família e até pensei realmente em abandonar. Pelo fato de estar lutando, tentando e as coisas não estarem acontecendo, duas vezes eu pensei em encerrar e cheguei a falar com minha família. Mas eu vejo que ainda estou com muita saúde, capacidade e vontade de jogar futebol. Meus amigos e familiares me deram força e mostraram que não era o momento. Eu também acho que não é, porque não consegui retribuir o carinho e a confiança que o Grêmio depositou em mim. Mas tenho certeza que vai acontecer um dia, trabalho muito e sei que a alegria vai voltar.

Marinho Saldanha/UOL Esporte
Renato Gaúcho falou sobre Leandro em sua última entrevista coletiva. Buscando um atacante de velocidade, o técnico não acredita que possa completar esta lacuna com o jogador. "Desde que eu cheguei aqui o Leandro já teve três lesões, ele vem tendo problemas. Assim, não consegue dar sequência no trabalho. Eu vinha o colocando aos poucos, mas ele se machucou de novo. O Leandro, também, não é o jogador com as características que buscamos para o ataque. Ele tem qualidade, mas infelizmente as lesões tem atrapalhado", disse.

UOL Esporte: Qual a alegação dos médicos para as lesões? Houve algum retorno antecipado? Qual a explicação que existe para a sequência de lesões?
Leandro: Primeiro eu vejo que estava em um futebol diferente, com tipos de treinamento diferentes. Eu fiquei dois anos e meio no Japão onde os treinamentos eram completamente diferentes do que eu passei aqui. Foi uma readaptação e algumas foram fatalidades. A última lesão eu fiquei 40 dias treinando, abri mão da minha pré-temporada para ficar treinando, não tive férias no meio do ano e no primeiro jogo oficial acabei sofrendo outra lesão. Não foi falta de preparação ou comunicação de parte física ou médica. Eu estava apto a jogar e bem, mas tudo aconteceu. É uma coisa que está acontecendo porque tinha que acontecer mesmo, não foi erro de ninguém.

UOL Esporte: É possível afirmar que este é o pior ano da sua carreira?
Leandro: É o pior ano pelo fato de não estar podendo jogar, isso é uma coisa que deixa o 'cara' bastante chateado. É uma coisa que você não tem como passar por cima. Você não tendo condições de jogar, não tem como fazer nada. Só continuar trabalhando e se preparando para quando voltar se enquadrar no time e tentar assumir posição o mais rápido possível, espero que seja isto que aconteça agora comigo.

UOL Esporte: Como foi o contato com torcedores nos momentos de lesão? Apoio ou cobrança?
Leandro: Eu sempre fui apoiado. Todo mundo deposita ainda um crédito muito grande em cima de mim e eu sempre disse que devo muito ao clube e a este torcedor que sempre acreditou no meu futebol. Tenho certeza absoluta que vou poder dar este retorno, esta alegria e conquistar mais títulos dentro do clube.

Este ano eu parei duas vezes, conversei com minha família e até pensei realmente em abandonar. Pelo fato de estar lutando, tentando e as coisas não estarem acontecendo, duas vezes eu pensei em encerrar e cheguei a falar com minha família. Mas eu vejo que ainda estou com muita saúde, capacidade e vontade de jogar futebol.

Leandro, meia do Grêmio

UOL Esporte: Esta semana houve mais um quadro médico, você teve dores nas costas. Já houve uma recuperação?
Leandro: Foi uma dor no ciático que me pegou de surpresa, mas fora isso eu estou 100%. Voltei a treinar, estava entrando nos jogos e bem, devagar vou ocupar meu espaço.

UOL Esporte: Parar então só daqui a alguns anos...
Leandro: Meu objetivo sempre foi cumprir os três anos no Grêmio e encerrar. Espero que eu possa fazer os dois que restam e o final deste completos. Onde eu passei minha história foi de títulos e aqui não será diferente.

UOL Esporte: Voltando um pouco no tempo, Leandro. Houve algum problema com o grupo do Grêmio na época em que o Silas treinava o time? Muito de falou que os jogadores rejeitaram o trabalho dele...
Leandro: Sempre estivemos do lado do Silas. Uma coisa que tem que ficar bem clara é que o grupo fez muitas reuniões e depois delas chamava o Silas e dizia que apoiávamos ele. Nem todas as coisas podem ser passadas, mas foram fatos que aconteceram. Foi um mau momento. Depois da Copa do Brasil ficou claro que não estávamos nos encaixando e jogando um bom futebol. A saída dele foi consequência dos resultados, não problema entre nós.

Meu objetivo sempre foi cumprir os três anos no Grêmio e encerrar. Espero que eu possa fazer os dois que restam e o final deste completos. Onde eu passei minha história foi de títulos e aqui não será diferente

Leandro, meia do Grêmio

UOL Esporte: Você foi contratado como atacante, mas desde a apresentação já avisou que jogou nos últimos anos como meia. Afinal, qual a sua preferência?
Leandro: Não tem preferência, sou um 'cara' que joga mais avançado, um meia ofensivo. As vezes eu faço a parte defensiva por ter que colaborar, por ter que participar do jogo, mas sempre deixei claro para o Silas e o Renato que sou um cara ofensivo, que abre espaços, que cai pelas pontas e usa velocidade. Sou um meia atacante mais ofensivo, mas muitas vezes aqui fui muito mais defensivo que ofensivo, mas não reclamo. Como todo o grupo estou sempre para ajudar.

UOL Esporte: Qual o seu projeto a curto prazo?
Leandro: O objetivo é sempre o melhor. O primeiro passo foi se afastar da zona de rebaixamento. O segundo é entrar de vez na Sul-Americana e depois Libertadores. Esse é o nosso objetivo. O campeonato está difícil e a cada rodada ocorrem surpresas, mas temos tudo para chegar na Libertadores e esse é o objetivo que precisamos ter.

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