06/10/2010 - 17h03

Na democracia de Cuca, atletas escolhem horário de treinos no Cruzeiro

Gustavo Andrade

Em Belo Horizonte

Contratado em junho, Cuca optou por ouvir mais os atletas: "Temos de dar a eles o direito de escolha"

Desde que assumiu o comando do Cruzeiro, no início de junho, o técnico Cuca optou por não fazer o perfil centralizador. Com mais voz ativa, os jogadores puderam escolher horários de treinamento e agora terão a possibilidade de decidir onde disputarão o clássico contra o Atlético-MG, válido pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro, em 24 de outubro.

Para Cuca, a abertura para os jogadores opinarem é uma forma de manter o comprometimento com o clube. “Isso é comprometimento de causa. A gente não tem de mandar e o cara fazer sem gostar. Ele tem de fazer as coisas a gosto dele. Quando jogamos à noite e treinamos de manhã, você dá a eles uma tarde para ficar com a família, que é tão rara quando se joga domingo e quarta. Foi pedido deles e, pra mim, está ótimo. E o jogo, eles são responsáveis pelo espetáculo. Temos de dar a eles o direito de escolha”, disse.

Com o novo treinador, os atletas puderam escolher o período de treinamentos e optaram por atividades pela manhã no dia seguinte aos jogos disputados no meio de semana em casa. Recentemente, após atuarem em Sete Lagoas às quartas-feiras à noite, os atletas se reapresentaram às quintas-feiras de manhã na Toca da Raposa II.

Cuca também deu aval aos jogadores para decidir onde será o clássico contra o Atlético. Por acordo entre as diretorias dos dois clubes mineiros, os clássicos válidos pelo Brasileirão de 2010 terão torcida apenas do time mandante. No primeiro turno, em confronto vencido pelo Cruzeiro por 1 a 0, o Atlético optou por levar a partida para Sete Lagoas.

Desta vez, os jogadores da equipe celeste devem decidir entre dois panoramas distintos. Em Sete Lagoas, o Cruzeiro atuaria num campo menor, porém com a torcida mais próxima ao gramado e com possibilidade aumentar a pressão sobre o rival. Já em Uberlândia, o gramado é maior e os torcedores ficam distantes. A decisão tem de ser comunicada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até dez dias antes da partida.

O volante Marquinhos Paraná deu parecer favorável à escolha pelo Parque do Sabiá. “Eu gosto mais de jogar em campo grande, não só eu, como todos os jogadores daqui, campos como em Uberlândia, Morumbi, Serra Dourada também. Não vão ter mais jogos na Arena do Jacaré daqui para frente. Pode até ter contra o Atlético, mas acho difícil. Para nós, quanto maior o campo, melhor”, avaliou.

Cuca ressaltou que a proximidade do gramado é um ponto favorável a Sete Lagoas e esclareceu que a opção de repassar a decisão de mando aos jogadores tem respaldo da diretoria.

“A gente não escolheu ainda se é em Uberlândia ou Sete Lagoas. Temos aqui (na Arena do Jacaré) um caldeirão que pode ser diferencial também. Temos de pensar bem. Mas sempre que delegamos decisões aos jogadores, temos o aval da diretoria”, salientou.