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Gol do então palmeirense Gerson Caçapa colocou o Corinthians na final de 1988

23/11/2010 - 07h00

Palmeirense do 'gol maldito' de 88 esquece reação corintiana e aprova reservas no BR

Bruno Thadeu e Rodrigo Farah
Em São Paulo

Imagine uma multidão de corintianos no Pacaembu gritando “Palmeiras! Palmeiras!” de maneira enlouquecida. O fato inusitado aconteceu nas semifinais do Paulista de 1988. Para chegar à decisão daquele ano, o Corinthians tinha que vencer o Santos e precisava que o rival alviverde derrotasse ou empatasse contra o São Paulo. O time do Palestra esqueceu a tradicional rixa, venceu os tricolores por 1 a 0, “presenteando” o Corinthians, que sagrou-se campeão paulista semanas depois ao bater o Guarani.

FACILITAR OU NÃO CONTRA O FLU?

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    Biro-Biro levanta a taça de campeão paulista de 1988, feito que teve a ajuda do Palmeiras

    Presentes nas semifinais que culminaram na chegada do Corinthians ao título paulista de 1988, o ex-palmeirense Zetti e o ex-corintiano João Paulo têm opiniões distintas sobre a possibilidade de o Palmeiras facilitar as ações diante do Fluminense.

    O ex-jogador do Corinthians considera improvável nova ajuda palmeirense. A violência urbana cria barreiras para o profissionalismo, diz João Paulo.

    “O jogador hoje fica coagido, infelizmente. Ele fica com medo de represália. O homem em si tem que ser profissional. Mas os tempos são outros. Existem ameaças extracampo. E o jogador primeiramente vai pensar na família”.

    Zetti acredita que o Palmeiras perderá não devido a “corpo mole”, mas por inferioridade técnica.

    “O Palmeiras jogará com reservas, mas os atletas que vão entrar estão preparados e vão querer vencer. Pode ser que não consigam porque o Fluminense também vai jogar em busca dos pontos”.

O gol marcado por Gerson Caçapa aos 44 min do 2º tempo do clássico Palmeiras x São Paulo, no Morumbi, em 1988, ficou conhecido pela torcida alviverde como “gol maldito”

Gerson Caçapa passou a ser odiado pelos torcedores palmeirenses e, paralelamente, aclamado como “símbolo da ética”. Uma espécie de “Grafite dos velhos tempos”.

História semelhante pode se repetir 22 anos depois. O Corinthians depende do arquirrival Palmeiras para conquistar o título brasileiro.

Agora como espectador, Gerson Caçapa mantém a postura “anti-entrega” que o consagrou em 1988 e pede dedicação do Palmeiras contra o Fluminense. O ex-jogador aprova a intenção do técnico Luiz Felipe Scolari de não utilizar força máxima para a partida em Barueri.

Os principais atletas do Palmeiras serão preservados para as semifinais da Copa Sul-Americana.

“Não podemos ser hipócritas porque o Palmeiras tem um jogo importante na quarta-feira pela Sul-Americana. O Felipão tem um elenco grande e pode fazer testes para o ano que vem. É justo ele colocar quem quiser. O resultado é em campo. De repente o Palmeiras pode ganhar ou perder. Acredito que o final será emocionante”, comentou Caçapa ao UOL Esporte.

Já não dependendo apenas de suas próprias forças para ser campeão, o Corinthians torce para que o líder Fluminense tropece diante do Palmeiras neste domingo, às 17h, em Barueri.

FELIPÃO REJEITA ENTREGA EM BARUERI

  • Caio Guatelli/FI

    Luiz Felipe Scolari não quer saber de qualquer ajuda ao Fluminense na reta final do Campeonato Brasileiro. Depois de pedir para que o jogo contra a equipe carioca fosse transferido para a Arena Barueri, o treinador deixou de lado a rivalidade com o Corinthians e negou que os torcedores do Palmeiras torcerão contra o time no domingo.

Autor do “gol maldito”, Caçapa não se arrepende do gol marcado no goleiro chileno Rojas.

“O profissionalismo estava acima de tudo. Poderia ter sido o contrário. Pela rivalidade das duas equipes acaba sendo algo inusitado. Mas os jogadores que entraram em campo fizeram o máximo para defender as cores do seu time”.

Para apimentar mais a polêmica sobre ajudar o rival, o Almanaque do Palmeiras informa que Caçapa era torcedor do Corinthians na infância. O ex-meio-campista nega.

“Sou palmeirense desde pequeno. Tive o privilégio de ficar 12 anos no clube. Tive uma passagem pequenina no salão do Corinthians e depois me transferi para o Palmeiras”, conta.

Corinthians e Santos duelaram no Pacaembu no mesmo horário de Palmeiras x São Paulo, em julho de 1988. O sistema de som do Pacaembu anunciou o gol de Caçapa, para delírio da fiel. O São Paulo seria o finalista, e não o Corinthians, caso vencesse o Palmeiras.

Decisivo para a vitória alviverde sobre o São Paulo, o então goleiro do Palmeiras Zetti, destaca que a determinação em campo rendeu ameaças por parte de seus próprios torcedores.

“Foi uma pressão natural da torcida. Às vezes, o torcedor fica influenciado por outras opiniões, mas dentro de campo o jogador sempre quer ganhar. Até sofremos pressão da torcida durante a semana devido ao acontecimento. Mas entramos para vencer. Foi um exemplo de puro profissionalismo”, diz Zetti.

Beneficiado pelo gol de Caçapa, o então ponta-esquerda do Corinthians, João Paulo, se recorda da comemoração incomum da torcida alvinegra e do apuro que passou o meio-campista do Palmeiras após o “gol maldito”.

“Eu lembro do Pacaembu comemorando. Não existia essa coisa de entregar como tem hoje. Antes existia profissionalismo. O Gerson Caçapa fez a parte dele. Depois o Gerson me disse que tinha sido pressionado por torcedores”.

Caçapa evita comentários sobre a repercussão com a torcida palmeirense. “Nunca houve nada porque sempre defendi o Palmeiras com muito orgulho”.

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