UOL Esporte Brasileirão - Série A
 
24/11/2010 - 07h02

Flu e Corinthians usam disciplina como arma e se revelam os 'bonzinhos' do BR

Luiza Oliveira
Em São Paulo

Eficiência e disciplina têm formado uma combinação exemplar no Campeonato Brasileiro. Principais postulantes ao título, Fluminense e Corinthians não se destacam somente na tabela de classificação. O 'fair play' é outra peculiaridade comum aos rivais, que têm usado a disciplina até como estratégia para conquistarem a taça.

OS 'BONZINHOS' QUE BRIGAM PELO TÍTULO

  • Flávio Florido/UOL

    Líder Flu tem a orientação de Muricy Ramalho para não fazer faltas. Por isso, é exemplo de disciplina

  • Fernando Alfonso/Reuters

    Elias, Dentinho e Ronaldo usufruem das poucas faltas para usarem o contra-ataque e fazerem gols

A duas rodadas do fim e separados por apenas um ponto, cariocas (65) e paulistas (64) brigarão até os últimos minutos pela conquista ao lado do Cruzeiro, terceiro com 63. E as estatísticas comprovam que a disciplina foi aliada nas campanhas.

Segundo números do Datafolha, o Fluminense é quem menos recebeu cartões amarelos (69). Já no quesito expulsões, o Corinthians dá o troco sendo o mais exemplar da competição: três cartões vermelhos em 36 rodadas, um a menos do que o segundo, justamente o time comandado por Muricy Ramalho.

Nas faltas, os rivais na luta pelo título também merecem elogios. Com média de 16,2 infrações por partida, os alvinegros aparecem como os segundos menos advertidos pelos árbitros, atrás apenas do Flamengo. Já o tricolor do Rio de Janeiro é o sétimo menos faltoso: 17,4.

A título de comparação, o Atlético-GO, ainda sob risco de rebaixamento, lidera o ranking de faltas cometidas (20,6) e cartões amarelos (109). Já os campeões de expulsos são Grêmio Prudente (já rebaixado), Avaí (na zona do descenso), Botafogo e Atlético-PR, os dois últimos candidatos a uma vaga na Copa Libertadores.

O bom desempenho coletivo se reflete individualmente. Entre os 20 atletas do Campeonato Brasileiro que mais levaram cartões, independente da cor, o único integrante dos melhores times do torneio é o volante Elias. Ele é 17º em número de cartões amarelos: nove em 32 jogos.

Mas engana-se quem pensa ser coincidência o fato de os primeiros colocados serem os mais 'bonzinhos' da competição. A disciplina faz parte da estratégia dos treinadores para obterem melhores resultados.

CRUZEIRO INDISCIPLINADO

Cartões amarelos Posição
97
Cartões vermelhos Posição
7
Faltas Posição
18,3 (média)
Mais expulsos Cartões
Gil - 8º lugar
Leonardo Silva -20º
2
1
Mais amarelados Cartões
Gil - 19º lugar 8
Mais 'caçadores' Faltas
W. Paulista - 5º 2,8

Muricy orienta seus jogadores a não cometerem faltas, especialmente perto da área, pois considera arma decisiva e amplamente utilizada pelos adversários. "Se olharmos a Copa de 2006, houve mais de 40% dos gols marcados em jogadas de bola parada. Nessa (de 2010, na África do Sul), foram mais de 60%", justificou.

Já o Corinthians vê na falta um artifício prejudicial a seu estilo de jogo, que tem no contra-ataque seu principal trunfo. O desarme limpo proporciona ao meio com Elias, Jucilei e Bruno César levar a bola rapidamente ao campo de ataque. Se houver a infração, a posse de bola passa gratuitamente ao adversário.

"Peço para que a equipe seja agressiva na marcação, mas não faltosa", assegurou Tite. Assim como o antecessor Adilson Batista, o comandante sustenta a 'recuperação com a bola' como lema. Por isso, a equipe é vice-líder em desarmes, com média de 123,6.

Além das táticas, os líderes também não são obrigados a encarar tantos problemas com desfalques, um dos maiores pavores dos técnicos no longo campeonato de pontos corridos. O baixo número de faltas diminui o risco de cartões e suspensões.

"Somos muito fortes no aspecto disciplinar. Não tivemos problemas desde o início do campeonato há seis meses. Esses fatores influenciam bastante, por isso temos que seguir neste caminho", festejou Muricy Ramalho.

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