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Má fase, faxina e alto salário tornam Felipão pivô de guerra no Palmeiras

Antes unanimidade no Palmeiras, Felipão virou alvo de críticas e tem trabalho questionado no clube - Nelson Almeida/UOL
Antes unanimidade no Palmeiras, Felipão virou alvo de críticas e tem trabalho questionado no clube Imagem: Nelson Almeida/UOL

Luiza Oliveira e Ricardo Perrone

Em São Paulo

11/10/2011 07h02

A crise do Palmeiras afetou Luiz Felipe Scolari. Depois de se manter soberano no comando do time mesmo diante de polêmicas e brigas internas, o técnico agora encontra resistência pelo alto salário, somado às más contratações e aos resultados vexatórios. Felipão se defende e joga a responsabilidade para a gestão passada, mas ‘a guerra’ é evidente.

Treinador badalado e ídolo pela sua passagem anterior, o pentacampeão mundial já foi quase uma unanimidade no clube, mas hoje existem dois grupos: um que o apoia e outro que pede sua cabeça. As declarações recentes afirmando que já teria desistido da vaga na Libertadores e que a Sul-Americana se tornou a realidade foram a gota d’água para seus críticos.

Conselheiros ligados ao vice de futebol Roberto Frizzo, parte da oposição e ainda uma ala da diretoria consideram que o gasto com a atual comissão técnica é alto demais para resultados tão modestos. O time figura hoje na nona colocação da tabela com 40 pontos, a seis de distância do G-5.

Além disso, o treinador foi o maior responsável pela chegada jogadores que não vingaram como os atacantes Ricardo Bueno, Fernandão, Luan e Maikon Leite. Nenhum deles resolveu o problema do setor ofensivo diante da má fase de Kleber. O time tem o terceiro pior ataque do torneio ao lado de Figueirense, Atlético-MG e América-MG, e as chances mais concretas de gol sempre aparecem na bola parada com Marcos Assunção.

Os desafetos do técnico o acusam também de não usar os atletas recém-chegados. O lateral-direito Paulo Henrique, por exemplo, está desde maio no clube e só entrou em campo no clássico de domingo contra o Santos, na Vila Belmiro. O meia Pedro Carmona também demorou a ter chances, apesar das constantes ausências de Valdivia e das más atuações de Tinga e Patrik.

Felipão se defende e ataca a gestão passada. Ele considera que herdou um verdadeiro ‘presente de grego’ da administração de Luiz Gonzaga Belluzzo, com jogadores caros e pouco úteis. Por isso, foi preciso fazer uma faxina. Seus defensores dizem que apenas a limpa e a redução de despesas já justificam os valores pagos ao treinador.

O comandante foi o responsável pela saída de Pierre (Atlético-MG), Wellington Paulista (Cruzeiro), Adriano Michael Jackson (Dalian Shide-CHI), Wendel (Atlético-PR) e Lincoln (Avaí), com quem o Palmeiras tem uma dívida ainda a ser quitada. Quase todos eles estavam entre os salários mais altos do elenco. Curiosamente, todos os clubes de destino brigam para não serem rebaixados no Brasileirão.

Os aliados também argumentam que a atual comissão técnica é enxuta e mais barata em relação aos tempos de Vanderlei Luxemburgo. Na visão deles, hoje é possível economizar até com hospedagens nas concentrações.

Felipão ainda justifica sua política de contratações e culpa o mau momento financeiro do clube. “Nós indicamos o Emerson, do Fluminense, antes de ele ir para o Corinthians, mas não tínhamos condições financeiras. Agora, veio o Carmona, ganhando 10% do Emerson. E o Fernandão ganha 10% de um centroavante que nós queríamos contratar. Estamos fazendo apostas. Algumas vão vingar, e outras não", afirmou, no último mês.