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Procura-se um líder: Polêmicas e lesões deixam Palmeiras sem referência em meio à crise

Luiza Oliveira

Em São Paulo

17/10/2011 07h02

Segundo o dicionário Aurélio, líder é a pessoa de maior evidência em uma coletividade, um comandante. É a figura ideal para se recorrer em um momento de crise. Mas o time do Palmeiras sofre sem essa referência porque seus candidatos a líderes frequentemente têm problemas com lesões ou se envolvem em polêmicas que eles mesmos criam.

Hoje, a equipe sente falta de alguém que assuma a responsabilidade e proteja o grupo que ainda precisa lidar com os bastidores turbulentos. Enquanto isso, o time despenca na tabela do Brasileirão, completou seu quinto jogo sem vencer e tem apenas dois triunfos nas últimas 17 partidas do torneio. O UOL Esporte selecionou os comandantes que não conseguem se firmar no posto.

KLEBER: POLÊMICAS E AFASTAMENTO

O antigo capitão do time é quem mais rasgou a faixa e provou não ser o líder que o Palmeiras procura. Forçou a barra para ser transferido ao longo do primeiro turno, pediu aumento, voltou à equipe e simplesmente parou de fazer gols. As lesões e suspensões o acompanham com frequência. Mais recentemente, fez críticas públicas ao desempenho dos companheiros e foi definitivamente afastado por Felipão após liderar motim para que o grupo não viajasse para enfrentar o Flamengo, em resposta à briga entre João Vitor e torcedores. As organizadas, que antes defendiam o Gladiador, também se voltaram contra ele, inclusive com protestos em frente à sua casa. Agora está afastado e Felipão já disse não querer mais o atleta no elenco.

MARCOS: CANSAÇO E APOSENTADORIA EM VISTA

O 'Santo' poderia exercer liderança pela história no clube e a idolatria diante da torcida, mas a cada dia se afasta mais do posto. Está cansado, no fim da carreira e já sem a mesma disposição de anos atrás. O goleiro voltou a sofrer com sua condição física e há seis rodadas não entra em campo. Agora, vive um dilema: quando treina, não se resguarda para participar das partidas. Mas se entra em campo sem treinar, fica sem ritmo e exposto a más atuações. Também volta ao assunto "aposentadoria" com frequência. A única chance de permanecer é uma improvável classificação para a Copa Libertadores de 2012 e tem se dedicado a atividades extracampo. Além disso, quando joga, costuma disparar a metralhadora verbal contra os companheiros após derrotas, como no vexame contra o Coritiba na Copa do Brasil.

VALDIVIA: LESÕES E POUCOS JOGOS

O meia chileno ainda ostenta o status de ídolo, mas já teve a imagem perante a torcida arranhada graças às muitas lesões, boatos de transferências e pouco resultado dentro de campo. Amigo de Kleber, assíduo frequentador da noite paulistana, teve problemas disciplinares e ficou fora da equipe durante boa parte da temporada. Em agosto, quase acertou sua mudança para um clube árabe, mas preferiu continuar no Palmeiras, que investiu alto em sua contratação. Também não tem perfil para se impôr junto aos colegas.

DEOLA: LIDERANÇA FORÇADA

Reserva do ídolo Marcos, surgiu como uma nova liderança, mas tem sido rejeitado pela própria diretoria. Sua postura é forçada, alegam os cartolas, e não natural. A ausência de titular tem dado mais espaço para que ele coloque as manguinhas de fora, também apoiado no fato de ser cria das categorias de base, algo raro no Palmeiras.

Considerado 'mascarado', entrou em polêmica com Kleber ao rebater suas reclamações sobre o grupo. Disse que eram assuntos a serem resolvidos internamente. Depois, ficou do lado do polêmico atacante na decisão de não ir para a concentração após a confusão envolvendo o volante João Vitor e torcedores.

MARCOS ASSUNÇÃO: ETERNO ALVO DA TORCIDA

Experiente, pilar do meio de campo e responsável por muitos pontos do Palmeiras no Campeonato Brasileiro graças à eficiência na bola parada, o volante tem a toda a pinta de líder: fala bem, tem postura firme e mostra equilíbrio em suas opiniões. Mas também não consegue se firmar no posto por um simples motivo: desavenças com a torcida.

Os fanáticos alviverdes reclamam da dependência do time em relação às suas cobranças de faltas e escanteios. Assunção já se desentendeu publicamente com torcedores mais de uma vez. Taxado de baladeiro, foi xingado em estádios dentro e fora da capital paulista, cobrado no aeroporto e respondeu com veemência. Não é possível ter uma referência em cabo de guerra com quem fica nas arquibancadas.