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Inconstante, Inter sofre com maldição dos gols de ídolos no Beira-Rio

R. Sóbis repetiu um roteiro comum neste ano: aplausos, gol, mas nada de comemoração -
R. Sóbis repetiu um roteiro comum neste ano: aplausos, gol, mas nada de comemoração

Jeremias Wernek

Em Porto Alegre

07/11/2011 07h05

Entre os altos e baixos do Internacional neste Campeonato Brasileiro, um fato chama atenção. A incidência de gols de ídolos da história recente do clube, justamente dentro do estádio Beira-Rio. Iarley, Alex e, mais recentemente, Rafael Sóbis marcaram em Porto Alegre. E ‘roubaram’ do colorado oito pontos.

O primeiro a marcar foi Iarley. Na longínqua segunda rodada. Herói no Mundial de Clubes de 2006, o atacante garantiu a vitória do Ceará, quando o Inter ainda era dirigido por Paulo Roberto Falcão. O experiente jogador, que agora está no Goiás, recebeu homenagem antes da bola rolar. E não comemorou o gol marcado.

“Foi muito gratificante fazer o gol e ser aplaudido. Aconteceu poucas vezes no futebol isso. Fico feliz”, disse à época Iarley. A derrota para o Ceará foi citada várias vezes por Falcão como o jogo atípico do Inter sob seu comando. E agora, é lembrada como um tropeço incrível em Porto Alegre.

A maldição teve um lapso de cinco meses até ter o seu segundo capítulo. Mas talvez ele tenha sido mais doloroso do que o primeiro. Por ter sido mais surpreendente, mais avassalador. Alex, aos 44 minutos do segundo tempo, acertou uma cobrança de falta de longe e salvou o Corinthians da derrota no Beira-Rio.

O camisa 12 manteve a cena: saiu correndo sem sorriso, sem os braços abertos. E depois, ficou mais do que dividido por ter marcado diante dos colorados. “Todo mundo tem essa atitude de não comemorar. Em campo você faz de tudo para ajudar, mas nada de festejar”, afirmou o meia.

No entanto, o golpe mais rude da trilogia de remorso e saudosismo para a torcida vermelha veio neste domingo. Ícone da nova era do clube, Rafael Sóbis foi ovacionado por quase 40 mil pessoas. Como nenhum outro ídolo-carrasco foi neste ano. E com a bola rolando não poupou. Fez o gol da vitória do Fluminense, por 2 a 1. O primeiro balançar de redes no Beira-Rio que não levantou a massa.

O resultado foi horrível para o Inter, que poderia entrar no G-5, mas acabou ficando mais longe da Libertadores do próximo ano. E o cenário balançou Sóbis. “Peço desculpa. Estou com uma dor muito forte no coração, por tudo que aconteceu”, disse o camisa 23. “É um time que está acostumado a vencer. Queria que o gol fosse de outro. Mas não deu”, completou.

Outro detalhe curioso é que dois dos três carrascos saíram do Inter por vontade do clube. Iarley foi negociado com o Goiás pretensamente para dar espaços aos jovens. Um deles era Guto, centroavante que atualmente é seu companheiro no clube alviverde. Rafael Sóbis foi liberado em junho deste ano pelo grande número de lesões e fraco rendimento.

Se não tivesse sido batido pelo Ceará, empatado com o Corinthians, e perdido para o Fluminense – com os gols doloridos, o Inter poderia estar com 59 pontos, um a frente do primeiro colocado.