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Grêmio prepara reencontro e apaga vestígios da passagem Caio Júnior pelo clube

Caio Júnior foi técnico do Grêmio no começo do ano e agora será adversário pelo Bahia - Edu Andrade/Agência Freelancer
Caio Júnior foi técnico do Grêmio no começo do ano e agora será adversário pelo Bahia Imagem: Edu Andrade/Agência Freelancer

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

02/08/2012 06h00

O Grêmio reencontra Caio Júnior neste domingo. O treinador esteve no clube durante 48 dias entre janeiro e fevereiro. O aproveitamento não foi o melhor. Com 4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas em 8 jogos [todos no Gauchão], a demissão foi inevitável. Sob comando de Vanderlei Luxemburgo, o clube gaúcho fez questão de apagar qualquer vestígio da passagem de Caio pelo Olímpico e o terá pela primeira vez como oponente desde então.

Os alicerces da montagem de time de Caio Júnior foram derrubados - até pela falta de resultados. Na sua curta passagem pelo Grêmio, o treinador teve pela frente somente um jogo contra time de igual grandeza: o Gre-Nal, empate em 2 a 2. Mas mesmo assim pesou contra ele o fato do Inter ter usado reservas por priorizar a Libertadores.

Foram trocas de formação repetidas, citações erradas, posturas que desagradaram a direção gremista. Não bastasse isso, a 'sombra' de Luxemburgo. Antes mesmo de contratar Caio Júnior, o Grêmio já havia procurado Luxa, que na época se negou a assinar contrato por comandar o Flamengo.

Mas os problemas internos do clube carioca empurraram Luxemburgo para fora e abriram a possibilidade de mudança. No primeiro tropeço de Caio com Luxa livre a troca foi feita. Mas era completamente justificável, já que se não tivesse ocorrido uma punição com perda de pontos em função de um jogador mal inscrito no Cruzeiro-RS, o time portoalegrense sequer passaria para a segunda fase do primeiro turno do Gauchão.

Dois Grêmios totalmente diferentes com Caio Júnior e Vanderlei Luxemburgo

Mudanças drásticas no time
Caio Júnior começava sua montagem pelo ataque. Kleber e Moreno eram abolutos e qualquer movimentação giraria em torno delesLuxemburgo não elege prioridades. Kleber e Moreno já conheceram o banco de reservas e o equilíbrio é repetidamente citado
Apostava em Yuri Mamute e Biteco, ambos chegavam a entrar em jogos importantesMesmo recebendo novas apostas prefere usar os mais experientes. Biteco e Mamute voltaram para a base
Caio Júnior tentou 'barcelonizar' o Grêmio, irritou diritenges e tornou termo 'proibido'Acredita na característica do clube e quer um Grêmio de 'pegada'
Caio Júnior até indicou alguns nomes como Bertoglio e Léo Gago, mas nunca foi fundamental em contrataçõesLuxemburgo teve influência em todos jogadores que chegaram desde sua contratação, como Zé Roberto (f) e Elano
Caio parecia pouco interessado em questões que não eram propriamente de campo no GrêmioLuxemburgo, mesmo delegando funções a seus auxiliares, como Émerson (f), participa de todos os passos do Grêmio

A principal mudança de campo é em relação a linha de frente. Caio Júnior afirmava repetidamente que seu time começava pelo ataque. Kleber e Moreno eram absolutos. Ambos seguem titulares, mas já ficaram no banco com Luxa, que prioriza o equilíbrio. O time não começa mais por A ou B, todos são iguais.

O ex-técnico também foi responsável por criar uma palavra proíbida: Barcelona. Logo após fazer 'estágio' no time espanhol, Caio disse, em sua apresentação, que trazia ideias para implantar no Grêmio. Os treinamentos de pré-temporada mostraram a ideia de 'barcelonizar' o clube gaúcho, com muitos toques, poucos chutes e prioridade técnica. Tal situação irritou os diretores, que reconhecem no time tricolor uma característica completamente diferente. Historicamente o Grêmio é um time de 'pegada'. Luxa, por sua vez, valoriza o DNA do clube. "Tem que mostrar vontade", diz.

Fora de campo, Caio Júnior indicava alguns jogadores, mas jamais teve o poder de Luxemburgo na hora da negociação. O atual comandante do Bahia jamais persuadiu diretamente determinado atleta a vestir azul, branco e preto. Luxa fez isso com todos que chegaram desde sua contratação. A aposta em jovens - base para o trabalho anterior - também já não há. Antes Yuri Mamute e Biteco eram do grupo principal, até entravam em jogos importantes, hoje estão na base novamente.

Além disso, a direção gremista via em Caio alguém pouco participativo nas questões do clube. Ele não se envolvia em todos os setores, não buscava controlar as ações que pudessem refletir no time, evitava desgaste. Luxemburgo por característica é absolutista e tenta dar seu toque nas mais diversas as áreas.

Todos os vestígios deixados por Caio hoje já não estão presentes no Grêmio. O reencontro, portanto, não deixará nenhuma informação privilegiada ao comandante. Conhecer o elenco não bastará, já que tudo foi alterado de forma tão drástica. Grêmio e Bahia se enfrentam pela 14ª rodada do Brasileirão. O duelo ocorre neste domingo, às 16h, no Olímpico.