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Em jejum de vitórias, rivais mineiros somam cartões e lideram ranking de times indisciplinados

Cruzeiro e Atlético no 1º turno teve 3 expulsões: Bernard (f), Pierre e Leandro Guerreiro - Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG
Cruzeiro e Atlético no 1º turno teve 3 expulsões: Bernard (f), Pierre e Leandro Guerreiro Imagem: Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG

Bernardo Lacerda e Gabriel Duarte

Do UOL, em Belo Horizonte

04/10/2012 12h00

Em queda de rendimento no início do segundo turno do Campeonato Brasileiro, Atlético-MG e Cruzeiro têm demonstrado nervosismo em campo. O fato coloca os rivais como as equipes que mais levaram cartões nas 27 rodadas disputadas pela competição nacional. As comissões técnicas dos rivais tentam amenizar a situação à base da conversa, mas a área da psicologia acredita que seja necessário trabalho mais específico para diminuir a indisciplina.

  • Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

    Zagueiro Réver, do Atlético-MG, foi expulso contra o Flamengo e engrossa a lista de 'indisciplinados'

O Cruzeiro é o líder no ranking de cartões: 88, ao todo, segundo o Datafolha. Além disso, é o time mais faltoso, de acordo com o mesmo levantamento. Em média, são 22 infrações por partidas. O time celeste vem seguido do rival alvinegro no quesito cartões, que tem sete advertências a menos na competição. O Atlético-MG é o terceiro no ranking das faltas: com 20 por jogo.

“Não vejo o time nervoso, cartão é normal acontecer durante os jogos, faz parte do campeonato, vai ter suspensão. A pressão é grande em cima dos jogadores, que buscam dar a resposta em campo”, disse o atacante Jô, tentando explicar o motivo de tantas faltas e advertências.

Já no lado celeste o volante Leandro Guerreiro ressaltou que o time conseguiu algo raro contra o Internacional, no empate sem gols, na última rodada: não levar cartões. O fato só havia acontecido anteriormente na quarta rodada, quando o Cruzeiro venceu o Sport por 1 a 0, em Varginha.

“Não tomou nenhum cartão, mas jogou duro. Quando você chega atrasado, você acaba fazendo faltas e levando cartões. Mas a marcação, às vezes, a gente claro que tem que matar a jogada. Às vezes, o adversário antecipa e você faz a jogada. Tem que fazer uma marcação bem pesada”, defendeu o jogador.

  • Washington Alves/Vipcomm

    Leandro Guerreiro (de amarelo): "Quando você chega atrasado, você acaba fazendo faltas e levando cartões"

A comissão técnica atleticana reconhece que o grupo tem entrado “pilhado” negativamente nos jogos e vê as cobranças e o jejum de vitórias, que já dura quatro jogos, como principais causadores da mudança de comportamento. Na base da conversa, há a busca para amenizar os cartões e passar tranquilidade ao grupo de atletas.

No Cruzeiro, o jejum é pior. São seis rodadas consecutivas que a equipe não vence e a pressão por bons resultados aumenta. Porém, a solução é a mesma que no Atlético-MG. O técnico Celso Roth afirma que conversa com os jogadores sobre a situação rotineiramente, já que as suspensões têm sido um dos problemas de não conseguir repetir a equipe.

Fatores externos

A mestre em psicologia esportiva e professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Paula de Paula, aponta que o “estilo” de jogo das equipes pode influenciar no comportamento. Porém, considera que fatores extra-campo influenciam diretamente no desempenho.

“Não sei se os técnicos pedem para os atletas jogarem mais duro ou se é o próprio nervosismo. São inferências que podemos colocar como fatores. Mas todo o atleta tem seu lado pessoal e o profissional. Ele tem que ter todo o esforço, um bom desempenho em campo. Então, ele não pode misturar o lado pessoal com o profissional, pois senão vira uma bagunça”, analisou.

Não podemos estabelecer motivos para isso, mas alguns fatores podem influenciar no lado psicológico do atleta, que talvez vai cometer mais infrações por causa da pressão ou de outro fator. Mas que depois pode se arrepender e pensar porque fez aquilo

Paula de Paula, mestre em psicologia esportiva e professora da PUC Minas

A especialista aponta que a pressão por bons resultados também é um fato que influencia diretamente. Porém, como não está no dia a dia das equipes, prefere não apontar o aspecto como um dos problemas. “Não podemos estabelecer motivos para isso, mas alguns fatores podem influenciar no lado psicológico do atleta, que talvez vai cometer mais infrações por causa da pressão ou de outro fator. Mas que depois pode se arrepender e pensar porque fez aquilo”, explicou.

O fato pode ser exemplificado no lance entre Bernard e Leandro Guerreiro, em que ambos foram expulsos, por trocarem empurrões. Na semana depois do clássico, os dois jogadores se mostraram arrependidos pelas atitudes e disseram que repensaram sobre o assunto.

“A maioria dos treinadores não é muito sensível a isso. Acho que é um equívoco eles não acreditarem nesse tipo de intervenção. Essa resposta quem vai dar é o jogador e não sou eu, nem o treinador, nem os jornalistas. O trabalho poderá ajudar a entender como eles lidam com determinados tipos de situação e poderá até livrá-los de problemas no futuro”, esclareceu Paula de Paula.

Líderes da indisciplina

Na lista dos 10 mais indisciplinados do Campeonato Brasileiro, aparecem três jogadores dos clubes mineiros. O volante Pierre e o lateral Marcos Rocha, ambos do Atlético-MG, estão empatados com nove. O volante cruzeirense Charles aparece logo atrás com oito advertências em todo o campeonato.

Nos últimos nove jogos, em que teve queda de rendimento e perdeu a liderança para o Fluminense, incluindo a derrota para o Flamengo, em jogo adiado do primeiro turno, o Atlético levou 27 cartões amarelos e teve três vermelhos.Leonardo Silva, Guilherme, Pierre foram quem mais levaram amarelos, seguidos por Ronaldinho Gaúcho. Os expulsos foram Réver, Júnior César e Leonardo Silva.

No Cruzeiro, Wellington Paulista é o que sofre mais críticas pela indisciplina. A postura do jogador em campo chamou a atenção até do técnico Celso Roth, que disse que seu atleta tinha uma “parcela de culpa” por levar cartões (oito no total, durante a competição) e pelas suspensões. No segundo turno, o atacante, mais Léo, Souza e Thiago Carvalho, já levaram dois cartões amarelos. No total, o Cruzeiro recebeu 23. Além dos vermelhos do zagueiro Léo e do volante Lucas Silva.