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Termômetro do ambiente no Cruzeiro, filhos e esposas dos jogadores 'somem' da Toca II

Montillo brinca com o filho Valentim em um dos campos da Toca II há algumas semanas - Washington Alves/Vipcomm
Montillo brinca com o filho Valentim em um dos campos da Toca II há algumas semanas Imagem: Washington Alves/Vipcomm

Gabriel Duarte

Do UOL, em Belo Horizonte

09/10/2012 06h00

A presença de filhos, esposas ou familiares de jogadores na Toca da Raposa II virou espécie de ‘termômetro’ do ambiente vivido pelo clube em função da campanha no Brasileirão. Constante na fase em que o time celeste ainda sonhava com vaga no G4, as visitas de parentes se tornaram raras nas últimas três semanas, quando se acentuou a má fase do time celeste, que não vence há sete rodadas na competição.

  • Reprodução/TV Cruzeiro/Divulgação

    Davis e Daniel, filhos do volante Tinga, estiveram pela última vez na Toca II há cerca de 30 dias

Os jogadores cruzeirenses, no entanto, descartam “blindagem”. Para alguns atletas, que costumavam levar familiares para a Toca da Raposa II, o sumiço é apenas uma coincidência com o mau momento do Cruzeiro. Isso porque, segundo eles, filhos ou esposas também têm outros compromissos.

Acostumados a serem “tietados” por familiares, os jogadores começaram a sentir diferença depois do empate por 1 a 1 com o Vasco, quando o Cruzeiro completou quatro jogos seguidos sem vitória. O time depois ainda atuou contra São Paulo (derrota por 1 a 0), Internacional (empate 0 a 0) e derrota para o Grêmio, por 2 a 1.

Um dos que mais citam a família em suas entrevistas, o argentino Montillo, foi um dos últimos a levar pessoas próximas à Toca da Raposa. O primogênito, Valentim foi ao centro de treinamento e assumiu a função do pai, enquanto o camisa 10 celeste atuou no gol.

“É bom sempre ter a presença dos filhos, das pessoas que você gosta perto. Isso faz bem ao jogador e também ao familiar”, opinou o argentino, que descartou estar blindando sua família do mau momento. “Não, nada disso. Não estão vindo por outros motivos, mas não é por causa do mau momento do Cruzeiro”, explicou o jogador.

Montillo viveu um drama no ano passado com o filho mais novo. Santino, hoje com dois anos, que teve de passar por uma cirurgia no coração e outro no intestino. Nos dois casos de internação, o filho de Montillo teve de ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que abalou emocionalmente o pai que, mesmo com o problema, não deixou de atuar pelo Cruzeiro. Nas partidas, Montillo sempre vestia camisetas com mensagens de apoio ao filho.

Quem também já levou os “pequenos” Davis e Daniel à Toca da Raposa é o volante Tinga. Há quase um mês, o jogador foi com os dois filhos à Toca da Raposa II. Enquanto os jogadores participavam de um treino técnico, os filhos do volante jogavam bola à beira do gramado.

“A gente joga a todo momento, então é difícil ter esse tempo com os filhos. Oportunidade de ficar com eles, ver o crescimento. Eles (família) nos dão apoio quando a gente precisa, está triste”, comentou Tinga. O jogador disse que a ausência dos filhos na última semana é também coincidência com a má fase. Isso porque, segundo ele, os filhos precisam estudar e praticar outras atividades à tarde, quando não estão na escola.

Apoio familiar

Há sete anos no Cruzeiro, o goleiro Fábio leva pouco o filho Pablo, de sete anos, ao centro de treinamento. Porém, quando está na Toca da Raposa, o garoto quer sempre chamar a atenção do pai. Na última vez que esteve presente, o camisa 1 celeste interrompeu o treino com o preparador de goleiros, Robertinho, para brincar com o filho de cobranças de pênalti.

  • Washington Alves/Vipcomm

    Goleiro Fábio: “Família é o mais importante de tudo na minha vida e é o que me deixa tranquilo para trabalhar aqui no Cruzeiro, superar cobranças ou qualquer coisa de mal que possa me acontecer”

Fábio foi um dos que mais sofreu críticas na sequência negativa do Cruzeiro. O jogador chegou a cogitar a saída do clube, foi chamado de “mão de alface” por torcedores e respondeu-os, afirmando que seus críticos “não tinham namorada”. Na derrota para o Grêmio, sábado passado, ele teve atuação destacada.

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O camisa 1 celeste analisa que o torcedor é passional e, nos momentos difíceis, tem o apoio dos familiares e dos companheiros de equipe. Porém, considera que a presença das pessoas íntimas é primordial para superar a má fase.

“Família é o mais importante de tudo na minha vida e é o que me deixa tranquilo para trabalhar aqui no Cruzeiro, superar cobranças ou qualquer coisa de mal que possa me acontecer”, comentou o jogador, que ainda tem uma filha, Valentina, próxima de completar um ano.

A esposa do jogador, Sandra, geralmente visita o centro de treinamento e fica acompanhando as atividades do carro. Outra companheira que sempre está presente é Samantha, esposa do zagueiro Rafael Donato. Ela também não sai do carro, mas conversa com seguranças e funcionários do clube durante os treinamentos.