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Sem espaço no Atlético-MG, zagueiros revelados na base brilham fora e improvisar vira opção

Revelado pelo Atlético-MG, zagueiro Leandro Castán brilhou no Corinthians e defende a Roma - REUTERS/Stefano Rellandini
Revelado pelo Atlético-MG, zagueiro Leandro Castán brilhou no Corinthians e defende a Roma Imagem: REUTERS/Stefano Rellandini

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Vespasiano (MG)

17/10/2012 06h00

Contra o Santos, nesta quarta-feira, às 22h, na Vila Belmiro, o Atlético-MG poderá ser obrigado a improvisar o volante Richarlyson na zaga, caso Leonardo Silva seja vetado pelo departamento médico. Nesse caso, Cuca teria apenas Rafael Marques como especialista da posição, pois Réver está suspenso e Luiz Eduardo, lesionado. E, ao contrário do que aconteceu em outros momentos da sua história, o alvinegro mineiro não tem nenhum zagueiro da base em condições de jogo em seu elenco principal.

  • Alexandro Aules/Preview.com

    Werley, que vive boa fase no Grêmio, revela dificuldades para jogadores da base atleticana

Essa situação mostra uma tendência mais recente. Em outras épocas, o Atlético-MG contou com zagueiros formados no clube, que trilharam bom caminho na equipe titular e ganharam destaque. Mas isso faz tempo. Nos últimos anos, a equipe mineira vem apostando em defensores que tiveram destaque em outros clubes, enquanto “pratas da casa” saíram de Belo Horizonte sem cair nas graças da torcida, para se tornarem ídolos em outros clubes.

O principal exemplo é Leandro Castan. Destaque do Corinthians na conquista da Libertadores e convocado pela primeira vez para a seleção brasileira, que enfrentou em amistosos Iraque e Japão, partida em que foi improvisado como lateral esquerdo, em lugar do lesionado Marcelo. O jovem jogador deixou o Atlético-MG sem brilhar.

Castan não teve o seu contrato renovado pelo então presidente Ziza Valadares, em 2007 e acabou saindo do alvinegro mineiro para o Grêmio Barueri, depois chegando para o Corinthians, onde viveu o seu melhor momento na carreira.

Com destaque na equipe paulista, principalmente ao longo da Libertadores, em que o Corinthians conquistou o inédito título, Leandro Castan se transferiu para a Roma, por 5,5 milhões de euros. Se dentro de campo, ele não gerou o lucro esperado ao Atlético, com a negociação o clube mineiro lucrou R$ 274 mil.

Outro exemplo de “prata da casa” que deixou o time atleticano e vive momento diferente no novo clube é o zagueiro Werley. O jovem jogador, formado na base do Atlético-MG em 2009, deixou o clube no início do ano, por indicação do técnico Vanderlei Luxemburgo. No Grêmio, o jogador se destacou e virou titular absoluto.

Após o destaque inicial, Werley foi envolvido pelo Atlético-MG na contratação do goleiro Victor, para a disputa do Campeonato Brasileiro. O alvinegro mineiro cedeu ao clube gaúcho 50% dos direitos econômicos do atleta ao Grêmio e ainda pagou 3 milhões de euros.

Werley reconhece que é grande a pressão na base atleticana em cima dos jovens jogadores formados no clube. “Jogador formado no Atlético sofre com uma pressão muito diferente, ele tem de ser a solução imediata, os torcedores não dão tempo para ele se acostumar. Eu sofri com pressão, fazia partidas boas, mas sempre era vaiado pelo torcedor, era cobrado, mais do que outros jogadores do clube”, disse.

O diretor da categoria de base do Atlético, André Figueiredo, afirma que o time mineiro mostrou ao longo dos anos ser bom formador de zagueiros. “Tivemos bons nomes que surgiram, como o próprio Leandro Castan, Werley, Leandro Almeida, que foi vendido, Welton Felipe, André Luis, o clube tem preocupação em formar bons atletas para todas as posições”, disse.

Leandro Almeida foi negociado para o Dinamo de Kiev em 2009. Formado na base atleticana em 2007, o defensor se destacou por marcar gols, principalmente de cabeça. Porém, no clube ucraniano, perdeu espaço e destaque no futebol, apesar de ter tido seu nome especulado por outros clubes do futebol brasileiro nas últimas temporadas.

Para a temporada de 2012, o clube apostou na montagem de uma defesa formada por atletas que já se destacaram em outros clubes. Os principais nomes foram mantidos de 2011, Réver, que atuou no Grêmio e Wolfsburg (Alemanha) e Leonardo Silva, que brilhou com a camisa do rival Cruzeiro, em 2009 e 2010. A contratação foi do experiente Rafael Marques, que estava no Grêmio e chegou por indicação do técnico Cuca.

Um dos principais zagueiros da história do Atlético-MG, Luizinho, que defendeu o clube na década de 80 e foi titular da seleção brasileira na Copa da Espanha, em 1982, veio muito jovem do Villa Nova para o clube atleticano, onde se destacou. Além dele, Vantuir Galdino também trilhou caminho de destaque pelo alvinegro mineiro.

Luizinho reconhece que o clube mudou a política de formação de atletas nos últimos anos. “Era diferente, o Atlético era time que formava jogadores e fornecia a outros clubes. Sempre montou times com grandes nomes. Hoje, ele contrata atletas prontos, com destaque, os pratas da casa encontram mais dificuldades para jogarem”, afirmou.

“A defesa do Atlético é boa, o Werley teria dificuldade para jogar este ano. O Réver é um bom zagueiro, o Leonardo Silva faz gols de cabeça. Mas sinto falta de mais oportunidades para os zagueiros da base no elenco, o Cuca tem tido problemas em alguns jogos e não vejo notícias de atletas da base do clube”, acrescentou Luzinho.