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Um mês depois de saída de Adalberto, São Paulo celebra paz interna

Adalberto Baptista deixou o São Paulo uma semana depois de atrito com Rogério Ceni Imagem: Luiz Pires/VIPCOMM

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

26/08/2013 06h00

O São Paulo pode viver a maior crise de sua história e lutar contra o rebaixamento no Brasileirão, mas celebra internamente momento de paz e bom ambiente para trabalhar. A mudança, segundo avaliação de dirigentes e funcionários, deve-se à saída do ex-diretor de futebol Adalberto Baptista, que completou um mês no último domingo, justamente quando o time voltou a vencer: 2 a 1 sobre o Fluminense.

Adalberto chegou à diretoria de futebol em abril de 2011, após a segunda reeleição do presidente Juvenal Juvêncio. Ficou por pouco mais de dois anos, até o dia 25 de julho deste ano. Neste período, colecionou desafetos por todo o clube. Criou indisposições com outros dirigentes, funcionários e jogadores. Pediu demissão do cargo por pressão, em meio à crise da equipe, e uma semana após entrar em atrito público com o capitão Rogério Ceni.

Depois dele, não houve reposição para a diretoria de futebol. O vice do departamento, João Paulo de Jesus Lopes, tem acumulado a função. Gustavo Vieira de Oliveira, filho de Sócrates e sobrinho de Raí, foi contratado como gerente de futebol. Não se deve só a Gustavo a responsabilidade de melhorar o clima de trabalho no São Paulo, mas sim à ausência de Adalberto.

Dirigentes do clube afirmam que Adalberto, ex-braço direito de Juvenal e com anuência do presidente, tentava participar de outros setores do clubes, fora o futebol. Diretor de marketing antes de migrar ao futebol, tomava partido em decisões que, pelo organograma, não eram de sua alçada. A total autonomia interna dada a Adalberto incomodava muitos no São Paulo. Funcionários reclamavam do clima de terror.  Os mesmos dirigentes e funcionários que reclamavam de Adalberto hoje citam o clima de paz, mesmo com os resultados ruins e com a briga contra o rebaixamento.

Um dos que entrou em reta de colisão com Adalberto pela intromissão fora do departamento de futebol e pelo clima ruim de trabalho foi o fisioterapeuta Luiz Rosan. Um dos idealizadores do Reffis, Rosan teve como gota d´água para sua demissão um atrito com Adalberto. O ex-diretor criou política de ingressos para funcionários do clube em dias de jogos no Morumbi, e limitou o acesso ao estádio. Assim, todos têm que pegar os ingressos antes de irem aos jogos. Rosan não aprovou a iniciativa, não pegou as entradas algumas vezes e se desentendeu com o dirigente, dias antes de seu desligamento.

Como sintoma do fim da política de Adalberto, o São Paulo está prestes a acabar com a norma dos ingressos para funcionários. O clube pretende criar uma credencial para cada funcionário que trabalha em dias de jogos, para que estes não precisem pegar as entradas no CT da Barra Funda ou em outro local antes das partidas.

Quem cita a volta do clima de paz ao São Paulo atribui a Paulo Autuori parte dos méritos. O técnico é visto como responsável por se preocupar com o ambiente de trabalho. Fez reuniões coletivas e individuais para cultivar o bom convívio. Quando assumiu, herdou clube despedaçado por Adalberto e Ney Franco. Hoje, mesmo com resultado abaixo do esperado, Autuori tem avaliação excelente de dirigentes, funcionários e elenco.  “Eu só acredito em harmonia, não sou um cara que trabalha em conflito. Acredito que todos podem se sentir úteis. Trabalho assim e vou continuar trabalhando nisso”, admitiu o técnico, em entrevista coletiva após a vitória sobre o Fluminense, no Morumbi, neste domingo.

O São Paulo ainda está longe de poder comemorar algo. É o 18º na tabela de classificação do Brasileirão. Internamente, porém, celebra a paz pela saída de Adalberto Baptista, o que, segundo quem vive o dia a dia do clube, tornou toda a situação um pouco menos desgastante.

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