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Ex-presidente que contestou proposta do Arsenal pede Ceni longe de pênaltis

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

16/10/2013 06h00

Paulo Amaral foi presidente do São Paulo entre 2000 e 2002. Sua gestão ficou marcada pelo surgimento de Kaká, pela conquista do Torneio Rio-São Paulo e pelo maior atrito da história da carreira do goleiro Rogério Ceni. Em 2001, o ex-presidente comprou briga ao contestar a veracidade de uma proposta do Arsenal (ING) por Ceni, levada pelo atleta à diretoria. Na noite desta terça-feira, Amaral reapareceu, disse não querer reviver o episódio, falou que não se arrepende, mas pediu que Ceni se afaste das cobranças de pênaltis.

"Como batedor de pênaltis, não [deveria continuar]. Quando você errou três pênaltis, você está sob pressão para bater o quarto. Essa pressão ficou para ele e depois de três cobranças ele não estava com confiança. É uma responsabilidade muito grande", afirmou o ex-presidente durante evento de lançamento de campanha do candidato à presidência pela oposição, Kalil Rocha Abdalla - aliado de Marco Aurélio Cunha - que ele apoiará.

Na ocasião, em julho de 2001, Ceni levou à diretoria uma proposta do Arsenal, de US$ 4 milhões, por sua contratação. O documento que continha a oferta havia sido apresentado em papel timbrado pela Tango Sports e Marketing, de propriedade de Álvaro Reis Cerdeira, e citava o empresário Arion Bueno Oliveira Júnior como autor da proposta. Oliveira Júnior, depois, disse tratar-se apenas de uma sondagem. Cerdeira, no entanto, manteve que o agente havia enviado uma proposta oficial em nome do clube inglês.

Ceni também reclamou que havia acertado com a diretoria do São Paulo um aumento salarial, mas que isso não estava sendo cumprido. Paulo Amaral contestou a veracidade da proposta do clube inglês e chegou a mostrar um fax que, segundo ele, havia sido enviado por David Dein, então diretor do Arsenal, no qual negava a oferta financeira para contratar o goleiro. Rogério se revoltou, afirmou que Amaral o desrespeitou e teve tom agressivo. Ceni ameaçou deixar o São Paulo.

Hoje, Amaral evita falar sobre o desentendimento de 2001: “Quanto ao episódio meu com o Rogério Ceni, é um episódio que pertenceu ao passado. Eu não pretendo revivê-lo. Nunca mais tive contato com ele. Não houve reconciliação porque durante o período entre 2001 e 2002 tivemos uma relação simplesmente profissional”, afirma. Mesmo assim, diz que não se arrepende das decisões tomadas na ocasião. “Absolutamente. Não me arrependo de nada”, completa.

Rogério Ceni deveria parar de cobrar pênalti pelo São Paulo?

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Questionado sobre a veracidade da proposta do Arsenal, Amaral novamente se esquivou. “Já falei, não quero voltar a esse assunto. Não quero, não quero reviver porque é um assunto doloroso que envolve um atleta muito considerado pelo clube”, disse o ex-presidente.

Em 2013, pela segunda vez Rogério Ceni teve um atrito público com a diretoria. Desta vez, com o ex-diretor de futebol Adalberto Baptista, que disse que todos viam que o goleiro vivia má fase com a bola nos pés e, mais tarde, que ele se colocou acima da instituição. Um dia antes Rogério Ceni havia dito que o São Paulo parou no tempo, após ser derrotado pelo rival Corinthians na Recopa Sul-Americana. Paulo Amaral afirma que Adalberto Baptista não cometeu um erro, mas diz não concordar com o ex-diretor de futebol.

“Não, não vou dizer que o Adalberto cometeu um erro. Absolutamente. Adalberto é um empresário de respeito e não acho que ele cometeu um erro. Foi uma atitude que ele tomou. Eu não concordo”, acrescentou Amaral.

O candidato à presidência apoiado por Amaral, Kalil Rocha Abdalla, também disse que Ceni deveria se afastar das cobranças de pênaltis. Kalil disse, aos risos e em tom mais jocoso, que gostaria de trabalhar com o goleiro em 2014, mas longe dos pênaltis. “Ele deve se aposentar como batedor de pênaltis. Como jogador, não sei. Pênalti você chuta no alto e com força. Pode errar, mas tem de chutar alto e com força. Ou no meio. Goleiro pula para um lado ou para o outro, então no meio o gol sempre está vazio”, falou o candidato.

Aos 40 anos, Rogério Ceni deverá se aposentar ao término da atual temporada. O maior ídolo da história do São Paulo vive bom momento debaixo das traves, tem feito partidas sólidas, mas perdeu as últimas quatro cobranças de pênaltis que tentou – três pelo Brasileirão. A última aconteceu no último domingo, no clássico contra o Corinthians, no Morumbi, que acabou em empate por 0 a 0.