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Seedorf revela mágoa com 'torcedores de sofá' no Bota: 'uma decepção'

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/11/2013 13h33

Com 37 anos, Seedorf não te papas na língua. Ao contrário da maioria dos jogadores, o holandês emite sua opinião sobre qualquer assunto. Em entrevista ao jornal Extra, o camisa 10 não poupou parte da torcida do Botafogo, que dificilmente vão aos jogos da equipe no Maracanã ou Engenhão: os 'torcedores de sofá'.

O holandês, que jogou a maior parte de sua carreira em estádios lotados, a baixa frequência no Brasil assustou. Ele, no entanto, não generaliza. Para Seedorf, quem vai ao estádio merece seu respeito, mas não aqueles que não sabem reconhecer a qualidade do Botafogo e preferem ver os jogos pela televisão.

"Quem veio ao estádio, agradeço o suporte. Mas, quem ficou em casa, está longe da minha mentalidade. Nunca vi um time que brigou para entrar na Champions, por exemplo, e a torcida não lotou o estádio durante o ano. Um time que está em cima desde a quinta rodada e tem a variação do torcedor que teve, é uma grande decepção. Não vou esconder meu sentimento. Ah, o torcedor é assim? Se são, é porque querem ser. A situação hoje é muito melhor de que em épocas passadas e não consegue ocupar a metade do estádio? O grupo mostrou o ano todo que merecia apoio", disse.

"O Botafogo precisa ser aplaudido, não procurar onde foi mal. A gente queria mais? Com certeza. Mas estamos lutando pelo segundo lugar com o Grêmio, que tem elenco bem diferente, Estamos mais de dez pontos na frente de Inter e Fluminense, que eram favoritos. Se não tivéssemos perdido Fellype Gabriel, Andrezinho, Vitinho, Márcio Azevedo, Jadson, com certeza estaríamos brigando por outra coisa. Mas o Botafogo não tem condição de manter porque está crescendo de novo. Só sei que sem esses jogadores, mas com estádio lotados, ou pelo menos cheio, alguns pontos mais a gente tinha feito em casa", completou.

E Seedorf foi ainda mais incisivo. Segundo ele, o Botafogo praticamente não soube o que era jogar em casa, já que as arquibancadas sempre estiveram mais vazias do que cheias. Assim, o camisa 10 diz que o Alvinegro poderia ter arrancado mais pontos caso tivesse maior apoio e cita a eliminação por 4 a 0 para o Flamengo, na Copa do Brasil, quando a diferença de pública foi enorme.

"Não surpreendeu porque o comportamento da nossa torcida que ficava em casa foi sempre assim [contra o Flamengo]. A gente fez ações para mostrar que era importante abraçar o time no estádio. Não é uma crítica, é uma constatação. O time não vai fazer menos porque o torcedor não vai. Mas, se vai, com certeza faz mais. No jogo do Flamengo contra o Atlético-PR, só se falava nisso, no fato de jogar em casa, com torcedor. Agora o Flamengo em casa tem vantagem. A gente não teve quase nunca essa vantagem o ano todo", afirmou.

"Não vou ficar aqui dez anos. Mas espero que entendam que para construir o clube tem que vir para o estádio, apoiar. Só aqui no Rio são 2 milhões de botafoguenses. Não é possível não trazer 40 mil para o estádio. Aí depois agem com violência. Esses não são torcedores. Não se pode admitir nunca. O torcedor que não gosta de ouvir isso é só olhar para os outros times, O Atlético-MG. tinha que recuperar três vezes a desvantagem na Libertadores. Com estádio pela metade não conseguiria", concluiu.

O Botafogo volta a campo neste domingo, quando medirá forças com o São Paulo, às 17h, no Morumbi. Com 57 pontos, o Alvinegro precisa de uma simples vitória para voltar ao G-4. Isso porque o Goiás, com 59, foi derrotado no último sábado. Além dos goianos, o time de General Severiano poderá passar Atlético-PR, com 58, e Grêmio, 60, que entrram em campo também neste domingo.