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Com título, Marcelo confirma ascensão de nova geração de técnicos mineiros

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

28/11/2013 06h00

Ao conquistar o título brasileiro com o Cruzeiro, o maior de sua carreira até o momento, Marcelo Oliveira confirmou a ascensão no cenário nacional da nova geração técnicos mineiros, que conta ainda com Ney Franco e Enderson Moreira. De estilo parecido, o trio tenta repetir a trajetória vivida por treinadores que nasceram em Minas e despontaram nacionalmente, como Telê Santana e Carlos Alberto Silva.

Esta foi a primeira conquista nacional de Marcelo Oliveira, de 58 anos, como treinador. Ele já havia batido na trave duas vezes com o Coritiba, quando chegou a duas finais de Copa do Brasil em 2011 e 2012, mas foi derrotado por Vasco e Palmeiras, respectivamente. Mas o seu bom trabalho o fez voltar a sua terra – ele é natural de Pedro Leopoldo – e ser anunciado como técnico do Cruzeiro no fim da temporada passada.

Após ser recebido com desconfiança e protesto de torcedores cruzeirenses, por causa de sua identificação com o rival Atlético-MG, Marcelo conquistou os céticos com o título brasileiro e a ótima campanha do Cruzeiro na temporada, com 45 vitórias, sete empates e nove derrotas, um aproveitamento de 77,59%. Os jogadores valorizaram bastante o papel do treinador no ano vitorioso.

“O Marcelo mostrou este ano que é um dos melhores treinadores da atualidade. Conseguiu montar um time rápido, entrosar rapidamente, fazer com o que o time jogue um belo futebol. A equipe entrosou numa facilidade e acho que isso tem as mãos do treinador. E já tem dois anos que vem mostrando competência no que vem fazendo”, observou o zagueiro Dedé.

O sucesso de Marcelo Oliveira também confirma a ascensão dos técnicos emergentes no Brasileirão. O cruzeirense mostra satisfação pelo trabalho e festeja cada vez mais a afirmação de novos nomes, como os amigos mineiros Ney Franco e o Enderson Moreira, que treinam Vitória e Goiás, respectivamente.

"Em relação ao treinadores experientes não tenho muito o que dizer, às vezes é uma situação momentânea. Fico feliz por essa renovação, por estar surgindo mais técnicos, principalmente aqui de Minas Gerais. Têm dois técnicos se dando bem no campeonato, que a gente possa se unir a esses grandes treinadores e ter uma maior disponibilidade no mercado", afirmou o treinador celeste.

Os três têm um bom relacionamento desde a época dos juniores. Do trio, Ney Franco foi o primeiro a ganhar destaque. Depois de obter sucesso nas categorias de base do Cruzeiro, surpreendeu o ex-clube ao ser campeão mineiro em 2005 dirigindo o Ipatinga. O bom desempenho o levou ao Flamengo, onde ganhou a Copa do Brasil de 2006 e o Carioca de 2007.

Ele também dirigiu outros clubes importantes como Botafogo, Atlético-PR e Coritiba, onde ganhou o Paranaense e a Série B. Até mesmo a chegada de Marcelo no Coritiba teve participação de Ney Franco, que deixou o time paranaense para dirigir as divisões de base do Brasil. Posteriormente o treinador comandou o São Paulo, onde foi campeão da Sul-Americana, e agora reabilitou o Vitória no Brasileirão.

Outro time que está na disputa por um lugar no G-4 é o Goiás, que atualmente ocupa a quarta colocação do Brasileirão. O time é dirigido por Enderson Moreira há mais de dois anos. O jovem treinador, de 42 anos, trabalhou nos três clubes da capital nas divisões de base e ganhou a inédita Copa São Paulo de Futebol Júnior para o Cruzeiro.

Assim como os amigos, ele também passou pelo Ipatinga e foi lá que começou a carreira como profissional em 2008. Depois comandou o Internacional B, dirigiu a equipe do Fluminense de forma interina e finalmente chegou ao Goiás em setembro de 2011. Ele conquistou o título da Série B na temporada passada e agora está próximo de levar o time a Libertadores, o que seria uma façanha.

“Particularmente eu vejo o sucesso deles com muita felicidade em função de ter convivido com outros treinadores, por ter convivido nas categorias de base no Cruzeiro e América. Fico feliz por eles ter esse destaque nacional e fico feliz de poder encontrá-los com um reconhecimento maior”, disse Enderson Moreira ao UOL Esporte.

Para o treinador esmeraldino, a vontade de se firmar no cenário nacional pode ser um dos motivos para o sucesso dos novos treinadores. “Uma das coisas que coloco é que a gente ainda tem um caminho grande pela frente. Temos que confirmar nosso nome no mercado, fazer bons trabalhos. Os treinadores mais consagrados têm uma forma de trabalhar já estabelecida e a gente ainda está no momento de busca e vivendo intensamente esse campeonato”, comentou.

Além das trajetórias em comum, o que chama a atenção é o estilo sereno do trio, pelo menos aparentemente. Marcelo Oliveira, por exemplo, conquistou os jogadores pelo bom papo e a sinceridade. Os jogadores também valorizam a coerência, já que ele escala quem está melhor no momento, independentemente do nome ou status.

O treinador cruzeirense, no entanto, garante que o estilo amigão também dá lugar a cobranças, quando necessário. “As exigências são as mesmas, se analisar bem todo mundo cobra, todo mundo exige. A forma de fazê-la que pode ser diferente e a melhor característica do técnico é gerar resultado, independentemente do perfil pessoal. Gera resultado com muito trabalho, criando um ambiente bom e cada um na sua forma e na sua característica“, ressaltou Marcelo Oliveira.

Outro ponto em comum é o estilo de jogo com um futebol ofensivo. Assim joga o Cruzeiro que tem o melhor ataque do Brasileirão, o Goiás de Enderson Moreira e o Vitória de Ney Franco. “Sempre joguei para vencer os jogos, é importante mesmo jogando fora de casa. A busca é sempre pela vitória, a gente tem buscado atletas mais completo no quesito que ataquem e defendam com a mesma eficiência, a gente busca dos meias jogadores que cheguem bem à frente e recomponham a linha defensiva”, explicou o treinador esmeraldino.

Pelo reconhecimento do bom trabalho, Marcelo Oliveira já teve o contrato renovado com o Cruzeiro e vai dirigir o time na Libertadores de 2014. Ney Franco e Enderson Moreira são nomes desejados no mercado e alguns clubes, como o Santos, cogitam os treinadores para a próxima temporada.