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Não basta ser artilheiro para agradar a torcida do Grêmio

Jonas, Moreno, Barcos, todos fizeram gols pelo Grêmio mas estiveram longe da preferência popular - Montagem
Jonas, Moreno, Barcos, todos fizeram gols pelo Grêmio mas estiveram longe da preferência popular Imagem: Montagem

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

27/05/2014 06h00

Não é fácil ser centroavante do Grêmio. Gols não são suficiente para agradar a torcida. As cobranças que atualmente atingem Barcos já tiveram outros goleadores na mira. Marcelo Moreno, Jonas, Borges, todos deixaram o club sob mau tempo, mesmo empilhando gols. Por outro lado, Maxi Lopez, Herrera e André Lima não estiveram sequer perto da liderança de gols marcados e sempre foram valorizados. Não basta ser artilheiro, é necessário conquistar a torcida tricolor.

Barcos tem 16 gols na temporada. Ninguém no elenco gremista marcou mais que ele. Mas nem isso o faz ser aliviado pela torcida. O Pirata já foi pressionado em concentração, xingado nos estacionamentos da Arena e ultimamente é alvo de campanha na internet que pede sua saída do clube.

E cobrança ao comandante de ataque da equipe não chega a ser novidade. Aliás, no Grêmio é quase regra. Ano após ano os jogadores de frente sofrem pressão, normalmente vão embora, e acabam deixando saudades.

O melhor exemplo de goleador maltratado foi Jonas. O atual camisa 7 do Valencia foi artilheiro do time nas temporadas 2009 e 2010. No primeiro ano marcou 24 gols na temporada, sendo 14 no Brasileirão. Em seguida fez 44 gols no ano recebendo inúmeros prêmios.

Mas nem isso convenceu a torcida gremista. Em 2009, os prediletos eram Herrera e Maxi Lopez. O argentino de longos cabelos loiros que atualmente defende a Sampdoria era enaltecido pelos aficionados a cada lance, mas não passava perto do brasileiro nos gols marcados. Foi embora no fim de 2009 sob protesto da torcida. Já Herrera chamava mais atenção pelas oportunidades que perdia do que pelas que marcava. Foi embora no começo de 2010 sob reclamação dos aficionados.

Em 2010 Jonas marcava gols e mais gols e vivia sob desconfiança. André Lima se tornou predileto na sequência do ano. Antes, Borges era o preferido. E os aficionados repetiam sempre que possível que era necessário contratar outro homem de frente.

Tanto que Jonas deixou o Grêmio após uma discussão em campo com a torcida. No dia 21 de janeiro de 2011 o atacante fez dois gols na virada contra o São José-RS pelo Estadual. Até então era duramente vaiado. Ao marcar o segundo, foi até a torcida, xingou os presentes e chutou uma bola em direção a arquibancada. Foi o último momento dele vestindo azul, branco e preto antes da negociação.

Mais dois casos ocorreram em seguida. Borges era 'maltratado' pelos aficionados quando voltou de lesão, já em 2011. André Lima era o predileto. Borges, escanteado, brigou com o então técnico Renato Gaúcho e foi emprestado ao Santos. Na Vila Belmiro terminou o ano como goleador do Brasileirão.

A história se repetiu em 2012 com Marcelo Moreno. Contratado para ser grande nome do time, fez o que era necessário: gols. Mas não foi o suficiente. Autor de 21 gols em jogos oficiais, ele terminou o ano como artilheiro do time. Mas já no amistoso de inauguração da Arena, o técnico Vanderlei Luxemburgo o sacou da equipe principal.

Moreno até manteve alguns fãs no time tricolor, mas jamais foi unanimidade. Tanto que foi cedido ao Flamengo em 2013 sem reclamação alguma. Neste ano, chegou a ser cogitado de volta mas novamente saiu para empréstimo, desta vez ao Cruzeiro. E, com 5 gols, é o atual artilheiro do Brasileirão.

Com isso, a realidade de Barcos não chega a surpreender. Campanhas pedindo afastamento, pressão da torcida, tudo é inerente ao posto de comandante de ataque do Grêmio. Quem às vezes não marca tantos gols, mas conquista a torcida mostrando empenho é que acaba valorizado.

O Grêmio volta a campo na quarta-feira. O adversário será o Sport, em Pernambuco, às 22h, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro.