Carta, choro e despedida. Pierre reencontra os 'brodinhos' do Atlético-MG
Pierre não marcou um gol sequer pelo Atlético-MG nos quase quatro anos que atuou pelo clube alvinegro. Não existem vídeos na internet com jogadas bonitas ou passes decisivos para gols dos companheiros. Porém não faltou suor, garra e dedicação nas 171 vezes que o Pitbull, como era chamado pelos torcedores, esteve em campo.
A relação de com a torcida é de idolatria. Entre 2012 e 2014, durante a passagem de Ronaldinho Gaúcho pela Cidade do Galo, o volante disputava com demais companheiros o posto de segundo jogador com mais camisas vendidas. Se R10 era o líder absoluto nas vendas, Pierre aparecia em uma lista com outros nomes de peso, como o meia Bernard, o atacante Diego Tardelli, o goleiro Victor e o zagueiro Réver, por exemplo. Isso tudo para um atleta marcado pelos desarmes e pela raça apresentada em campo.
Se a torcida ele conquistou com o estilo de jogo aguerrido, com os companheiros a relação de amizade se estabeleceu com respeito, religião, brincadeiras e conselhos. Um dos mais experientes do elenco alvinegro, Pierre sempre foi um dos líderes. Para ele, todos eram os ‘brodinhos’. Desde Ronaldinho a Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva ou algum garoto da base. Enfim, era assim que ele tratava os amigos e era tratado.
Mas quis a tabela do Campeonato Brasileiro que o ‘brodinho’ Pierre reencontrasse os velhos amigos pouco mais de um mês depois da emocionante despedida, já que agora ele está no Fluminense, adversário do Atlético neste domingo, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, às 16h, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Um dia depois de se despedir da torcida alvinegra, via carta escrita de próprio punho, o volante reuniu os amigos para uma festa de despedida.
Momento de muita emoção e choro, o que também aconteceu no vestiário da Cidade do Galo, quando Pierre contou que estava de saída. Afinal de contas Pierre foi muito importante para reestruturação do Atlético. Contratado em agosto de 2011, quando a equipe brigava contra o rebaixamento no Brasileirão, ele foi um dos primeiros responsáveis pela mudança de patamar do clube a chegar. Se tornou símbolo de um time que não desistia jamais e sempre ajudando os companheiros com o que era possível.
“Jogador que deixou muita saudade, por tudo que fez. É uma referência, marcou aqui, ganhou os principais títulos do clube. É um ídolo da torcida. Vai sempre lembrado. Hoje é nosso adversário, mas foi um grande companheiro de trabalho. Vai ser um reencontro legal. Isso é bom no futebol, é um adversário e ao mesmo tempo amigo”, disse o zagueiro Leonardo Silva, que vivenciou os quase quatro anos de Pierre no Atlético.
O dia só não vai ser de mais emoções para o volante por causa do local da partida. Como o Atlético perdeu o mando de campo e não pode jogar em Belo Horizonte, a diretoria do clube aceitou a proposta de uma empresa e escolheu Brasília para enfrentar o Fluminense. Retornar ao Independência logo após deixar a Cidade do Galo era algo que Pierre não queria muito, algo que confidenciou para alguns amigos.
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