Medo de punição faz jogadores do Atlético "aliviarem" críticas aos árbitros

Em três das últimas cinco partidas pelo Campeonato Brasileiro o Atlético-MG deixou o campo derrotado e reclamando bastante da arbitragem. No mesmo período uma série de decisões beneficiaram o Corinthians nos confrontos com São Paulo, Avaí e Fluminense. Algo que fez o time mineiro perder a liderança da competição e ver o rival na disputa pelo título abrir sete pontos de vantagem.

Com três jogadores e um diretor na pauta do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por causa de entrevistas depois da partida com a Chapecoense, o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, pediu para que ninguém conversasse com a imprensa depois da derrota para o Atlético-PR. Tudo para evitar possíveis punições, para não criar mais desafios nas 16 rodadas que restam no Brasileirão.

A mordaça, expressão usada pelo próprio mandatário alvinegro, valeu apenas por algumas horas. Um dia depois do jogo no Horto os jogadores já estavam liberadores para as entrevistas, que aconteceram na Cidade do Galo. No entanto, muita cautela na hora de responder as questões sobre a arbitragem, o principal assunto nas coletivas concedidas pelo goleiro Victor e pelo volante Rafael Carioca.

“A gente vive numa democracia, com liberdade de expressão. No futebol não é assim que funciona. Temos que passar por esse tipo de precaução para não prejudicar a equipe. A gente não pode falar o que pensa, tem que guardar alguma coisa. Eles querem o sistema do politicamente correto”, comentou o camisa 1 do Atlético.

“Há um certo exagero. A gente não pode falar o que a gente não sabe. Os erros prejudicam alguns e favorecem outros. Mas não vejo intencionalidade”, descartou Victor, que não acredita em qualquer tipo de esquema para ajudar ou prejudicar determinadas equipes.

Entre os julgados e absolvidos pelo STJD nessa quinta-feira estava Rafael Carioca. Fora da partida com o Atlético-PR, suspenso por três cartões amarelos, o volante foi bem mais comedido ao analisar a atuação do trio de árbitros encabeçado por Marcelo de Lima Henrique.

“Complicado. Esse negócio de arbitragem está estranho. A gente não pode falar muito”, disse Rafael, que vê a diferença de pontos entre Atlético e Corinthians como frutos doas vários erros recentes dos juízes e auxiliares.

“Vocês não são bobos e estão vendo o que estão acontecendo. Nós trabalhamos a semana toda para ir lá e fazer o melhor. E os árbitros? São cobrados? A imprensa de São Paulo pode dizer que o Atlético está querendo se apegar a isso. Mas são coisas repetidas. O Corinthians jogou um clássico e não teve um pênalti a favor do São Paulo. Ninguém fala mais”.

Ironia

Como criticar os árbitros pode render alguma punição, goleiro Victor encontrou uma maneira para comentar uma declaração do juiz Marcelo de Lima Henrique. O árbitro declarou que deixou o estádio feliz por causa da atuação no jogo entre Atlético-MG e Atlético-PR. Ao ser questionado sobre o assunto, Victor foi bastante irônico.

"Só se ele estiver milionário para sair feliz com a atuação dele. Assim como a gente erra e tem assumir o erro, ele tem que assumir os erros. Todos podem errar. Se eximir de culpa é covardia".