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Santos vai ao RS um ano após "caso Aranha". Ato mudou postura de gremistas

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

15/10/2015 06h00

Grêmio e Santos fizeram dois jogos emblemáticos em 2014, na Arena. No primeiro, o goleiro Aranha, hoje no Palmeiras, foi vítima de insultos racistas. Foi chamado de 'macaco' por pessoas que estavam na arquibancada do estádio gremista, na área onde ficam as organizadas. Câmeras de televisão registraram torcedores imitando o animal e claramente gritando ao camisa 1. E no segundo, após grande repercussão do caso, a torcida gremista vaiou muito o jogador, que segundo Luiz Felipe Scolari havia feito uma 'esparrela'. Nesta quarta-feira, já sem marcas do ocorrido, um novo encontro na capital gaúcha, às 21h (horário de Brasília), marca a 30ª rodada do Brasileiro. 

Muito mudou. Principalmente na conduta da principal organizada do Grêmio, a Geral. Foi como se a repercussão negativa do 'caso Aranha' abrisse os olhos das lideranças da torcida, cuja maioria também são conselheiros do clube. Sem jamais admitir ter cometido qualquer ato de injúria racial contra o goleiro, ou que qualquer de seus membros tenha o feito, a Geral mudou. 
 
A história dos insultos contra Aranha já foi contada inúmeras vezes. Patrícia Moreira virou o principal símbolo dos xingamentos ao goleiro. Flagrada gritando 'macaco', a jovem torcedora ficou proibida por um ano de frequentar estádios com outros três torcedores, todos membros da organizada. O principal líder da torcida, Rodrigo Rysdyk, conhecido como Alemão da Geral, depôs como testemunha. 
 
E mesmo sem admitir qualquer ato racista, a torcida mudou de conduta. De cara, aboliu o termo 'macaco' de suas músicas. Antes, a palavra era utilizada para se referir a torcedores do Internacional. "Macaco imundo", por exemplo, em uma das canções. Nenhuma é ouvida hoje em dia. Mesmo que a maioria dos aficionados gremistas não considerem isso um ato e racismo contra os colorados. 
 
Toda vez que tais músicas voltaram a ser cantadas por alguma minoria, logo foram abafadas. E mais do que isso, agora a Geral está empenhada na mudança de imagem da torcida. Em vez do grupo marcado por brigas e confusões, como na inauguração da Arena, quando facções só pararam de brigar ao serem contidas pela polícia, agora a ideia é unir o povo gremista para ações sociais como doação de alimentos, agasalhos e brinquedos para crianças carentes. E tem dado muito certo. 
 
A briga política com o clube também passou. Considerados 'oposição' pela participação na direção do presidente Paulo Odone, os conselheiros oriundos da Geral hoje fazem parte dos grupos que o atual mandatário gremista, Romildo Bolzan Júnior, conseguiu unir em um árduo trabalho pela paz política no clube. 
 
O Grêmio também agiu
 
E não foi apenas da torcida que partiu a investida para apagar os atos de racismo do Grêmio. O clube, depois de ter torcedores acusados em outros Estados de racistas mesmo sem qualquer atitude, temendo o rótulo imediato após a atitude de alguns, o clube fez uma série de campanhas contra o racismo, com vídeos, panfletos, iniciativas que promovessem a igualdade. Hoje, o caso sequer é citado pela maioria dos dirigentes. 
 
Os atos contra o Santos pela Copa do Brasil resultaram na perda de pontos na edição passada, e consequente eliminação do torneio. E pontos são exatamente o alvo de ambos nesta rodada. Enquanto o Grêmio ainda sonha com a distante briga pelo título, o Santos quer lugar entre os classificados para a próxima Libertadores. 
 
FICHA TÉCNICA
GRÊMIO X SANTOS
Data e hora: 15/10/2015 (quinta-feira), às 21h (Brasília)
Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre (RS)
Transmissão na TV: PPV e Sportv
Árbitro: Marielson Alves Silva (BA)
Auxiliares: Elicarlos Franco de Oliveira e Marcos Welb Rocha de Amorim (Ambos baianos)
GRÊMIO: Bruno Grassi; Galhardo, Pedro Geromel, Bressan e Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Giuliano e Douglas; Luan e Bobô. 
Técnico: Roger Machado
SANTOS: VVanderlei; Zeca, David Braz, Werley e Chiquinho; Thiago Maia, Renato e Marquinhos Gabriel; Leandro, Neto Berola e Gabigol.
Técnico: Dorival Jr.