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Argel fala em ferida e diz que Inter podia ter feito mais no Gre-Nal

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

22/11/2015 20h28

A vitória no Gre-Nal 408 ficou barata, garante Argel Fucks. Para o treinador do Internacional, seu time merecia ter ganho por placar maior o clássico deste domingo (22), no Beira-Rio. Em uma longa entrevista coletiva, ele elogiou a entrega do time, disse que herdou uma conta grande por conta do 5 a 0 de agosto e se negou a esmiuçar a ideia de levar familiares para a palestra final com o elenco.

“Acho que nossa equipe deixou para fazer seu melhor jogo no Gre-Nal. Já tínhamos jogado bem contra o líder, mas neste jogo tivemos qualidade. Invertemos, mudamos a forma de jogar, e controlamos o jogo do começo ao fim. Fomos quem mais finalizou, a equipe que mais trocou passes. Nossa equipe soube envolver, assumir a partida e pressionar. Deixar linha mais alta ou então deixar o adversário sair para pressionar do outro lado. A gente fica satisfeito por ter ganho do nosso maior rival e por ter convencido. O placar poderia ter sido um pouco mais elástico, por tudo aquilo que produzimos nos 90 minutos. Conseguimos ter resultado e exibição, boa atuação, individual e coletiva”, disse Argel.

E de fato, o Inter foi superior ao Grêmio. No primeiro e no segundo tempo. Além do gol de Vitinho, Anderson desperdiçou outras duas oportunidades. William, Artur e Lisandro também tiveram chances. A derrota histórica de agosto foi lembrada, mas não admitida como item de motivação da comissão técnica.

“Claro que para os jogadores esta vitória tem sabor especial. Abriu uma ferida muito grande, eu fui jogador e sei. Existe cobrança grande. Eu deixei bem claro aos jogadores: em momento algum pensamos em devolver o 5 a 0, este seria o maior erro. O mais importante era vencer e 5 a 0 e 1 a 0 vale a mesma coisa. Vale três pontos. Os jogadores estão comprometidos com a instituição, com o clube, com a diretoria. Estão com a faca entre os dentes toda partida. Eles deram uma prova de profissionalismo. Tem jogador que daqui um mês termina o contrato...”, afirmou.

Com o resultado, o Internacional chega aos 56 pontos e entra de vez na briga por uma vaga no G-4. Também pode ir à Libertadores do ano que vem em reflexo da definição do Santos, que está no topo da tabela e disputa a final da Copa do Brasil.

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SAÍDA DE ANDERSON NO SEGUNDO TEMPO

O Anderson pediu para sair, ele estava no limite do limite. Uma coisa tem de ser levada em conta: jogar um jogo quinta-feira em Chapecó e que atrasou, teve gramado pesado e molhado. Eu não teria porque tirar o Anderson, ele fazia uma partida belíssima... Tudo aquilo que a gente espera dele, ele fez. Ele foi a exaustão, pediu a substituição e a gente botou o Bertoto.

ANDERSON TITULAR

Hoje o Anderson é titular, não podemos pensar no ano que vem. O Anderson, desde que cheguei aqui... Desde que cheguei só tive desafios, problema em cima de problema. Não conseguimos contratar ninguém, estamos com o mesmo grupo de antes. E mesmo assim, o grupo deu uma prova de competência, de qualidade. O Anderson foi buscando no decorrer dos jogos a forma de jogar. Trouxemos ele mais para trás, para ter uma saída de bola melhor. O Anderson vai estar melhor no ano que vem, vai estar muito melhor. Ele não chegou ao seu ápice ainda.

JOGADORES CORRENDO PELO TÉCNICO

O que eu acho mais engraçado é que as pessoas só falam em motivação. Em jogador correndo por mim. Só assim não se ganha. A minha responsabilidade é desde que cheguei. No segundo turno, só estamos atrás do campeão. O Corinthians tem 40 pontos e Inter 31. E essa é minha responsabilidade, desde o primeiro dia. Não se consegue tantos pontos com motivação, com carinho. É trabalho, dedicação. Ao invés de estar lamentando as ausências, eu trabalho. Eu não cheguei ao Internacional com padrinho, cheguei pelo trabalho. Tive que vencer o Inter com o São José, com o Figueirense.

GANHAR EM CASA

Fizemos o nosso trabalho, não mais do que nossa obrigação. Os números estão aí, quando pensam que a gente vai cair, a gente levanta. Até concordo que não estamos jogando um futebol vistoso, mas se tivéssemos isso seríamos líderes.

PRESENÇA DE FAMILIARES NA PALESTRA

Eu não queria falar sobre isso, é uma pergunta importante, mas isto é uma coisa... Isso é da privacidade do jogador. Não costumo falar do que a gente faz com os jogadores e seus familiares, isto é algo meu com eles. Com a diretoria.

CLASSIFICAÇÃO À LIBERTADORES

Se alguém tirou o Inter do campeonato na rodada passada, não fomos nós. Futebol não é como começa, mas como termina. Ainda não bateu o sino ainda. Detesto esta palavra, pilhado. Quem é pilhado não tem equilíbrio. E nós fomos equilibrados. Caiu no meu colo uma fatura muito pesada, desde que cheguei se falava disso. Eu tinha obrigação de pagar e nós pagamos. Meu time foi equilibrado, que jogou com a faca entre os dentes. Eu escutei tantas coisas, li tantas colunas... Vi tanta besteira que falaram. A gente pega coisas legais, que eu imaginava que iam acontecer e aconteceram. Eu vi uma coluna do David Coimbra antes do Gre-Nal e ela sintetizava bem o que aconteceu.

VITÓRIA EM CIMA DO TERCEIRO COLOCADO

O nosso rival vem bem no campeonato, é terceiro por mérito. O mais importante foi trazer o Lisandro para ficar em cima do Walace e deixar o D’Alessandro mais solto. A gente não deixou os dois volantes do nosso adversário jogar. Isto foi estratégia. No futebol todo mundo conhece todo mundo, mas essa parte tática e a função exercida pelo Lisandro...

OSCILAÇÃO DE ATUAÇÕES

Eu tenho a humildade para reconhecer que em alguns momentos não jogamos bem. Só que o adversário também joga, tem alguém do outro lado. É o momento de curtir, sair de cabeça erguida em Porto Alegre. Os jogadores estão com um comportamento altamente profissional. E não foi só neste jogo, foi também contra o campeão brasileiro. E hoje o Corinthians fez seis no São Paulo. Nós estamos mais vivos do que nunca e o campeonato ainda não acabou. Faltam duas rodadas, teve outro resultado importante: Palmeiras e Cruzeiro. Temos duas partidas, é hora de recuperar todo mundo. Ninguém sabe se vai ficar... Nem eu, mas tenho contrato. Todo dia vejo que estão contratando Sampaoli, Muricy. Não ligo para isto, temos uma diretoria competente, um estafe todo que vê o trabalho diariamente. Não vamos matar o peru na véspera, vamos com calma e com a nossa diretriz trabalhando. O escudo, o alvo, seria eu. E estou sendo alvo. Estão batendo em mim, mas quanto mais batem, mais forte eu fico.

ENFRENTAR TIMES SEM OBJETIVO NO FINAL

Perigoso. Total. Ninguém joga sem valer nada. O Corinthians já era campeão, não concentrou para o jogo e tirou dois ou três jogadores e o resultado foi 6 a 1. Imagina se estivesse concentrado... Temos um respeito muito grande. O Fluminense é time grande, como o Internacional, jogo duro. No Rio de Janeiro. Um jogo que vale três pontos. A trigésima sétima rodada vale o mesmo que a segunda, terceira. Temos de trabalhar, buscar... O mais importante é que o time está vivo na competição. Isto me deixa satisfeito, me deixa feliz e dá convicção que o trabalho está sendo bem feito. Todo mundo tem trabalhado arduamente. A gente tem uma força muito grande no vestiário e a gente acredita.

TEMPORADA DE 2016

Não entendo a ansiedade de algumas pessoas. Todos querem saber se vou ficar ou não. O que mantém gente no futebol é resultado. Se não ganhar... O Doriva fazia um bom trabalho, mas ganhou uma em sete no São Paulo.