Menos boleiro e sisudo. Como seis anos mudaram Renato e Roth
Renato Gaúcho e Celso Roth se reencontrarão em Gre-Nal seis anos depois. E muita coisa mudou desde o clássico 383, quando empataram por 2 a 2 no Olímpico. Neste domingo (23), na Arena, Grêmio e Internacional terão treinadores que fugiram do perfil público construído por eles. Nas últimas semanas, o estilo boleiro e sisudo perderam espaço em Porto Alegre
Quem conviveu com Renato Gaúcho em 2010 não vê nele muitas semelhanças com o técnico atual do Grêmio. A não ser físicas, claro. Na primeira passagem pelo clube, Portaluppi era outro.
Cada treinamento tinha uma nova brincadeira, era ele quem escolhia os times e participava sempre dos recreativos como jogador. Até mesmo nos treinos técnicos ele aproveitava para bater uma bolinha. Nas coletivas fazia piada, aparecia de óculos escuros, e quando as perguntas acabavam, virava o microfone de costas e partia para um bate-papo animado que muitas vezes revelava bastidores do grupo de jogadores.
Tinha lemas como 'a cobrança da caixinha' e até mesmo fora do ambiente do clube interagia com jornalistas. Hoje Renato Gaúcho amadureceu.
Não é mais aquele de participar de recreativos a cada pré-jogo. Prefere a seriedade ao clima de brincadeiras. Evita contato com a imprensa fora da formalidade da entrevista coletiva, e tenta não se expor. No discurso, ainda tem uma grande dose de frases de efeito e analogias, mas nem de perto como antes.
E até mesmo na conduta do time Renato mudou. Em sua primeira passagem pelo Grêmio, não abria mão do ataque. Sua equipe buscava sempre o gol. Sofria, de fato, algumas vezes. Mas a postura era totalmente ofensiva. Hoje o Grêmio recua e sai apenas no contra-ataque, conduta já utilizada em 2013, quando ocorreu a segunda passagem dele pela casa gremista. Adota explicações táticas dos movimentos de sua equipe e prefere o assunto sério ao folclore.
Já Celso Roth em 2010 carregava o estigma que o acompanha desde sempre. Ser Celso Roth. Áspero em coletivas, irônico muitas vezes, falando forte com os jogadores - com direito a gritos, e espantando qualquer contato com torcida ou imprensa. Todos atributos totalmente justificados com atos diários.
Mas na atual passagem pelo Colorado, talvez por força da necessidade de união contra a zona de rebaixamento, Roth parece diferente. As cobranças seguem, mas em menor proporção. Pelo menos diante das câmeras.
A interação com a imprensa também mudou. Sem o mesmo tom de outros anos, tenta ser específico e didático. Deixou as indiretas na gaveta e passou a tergiversar ou até a citar Albert Einstein antes de um jogo.
Em mais de uma vez, tomou a iniciativa de ir até os repórteres durante um treino e realizar um bate-papo informal. Histórias curiosas, troca de impressões e amenidades pautaram as conversas.
Dentro de campo, Celso ainda prefere sua equipe defendendo-se primeiro para depois atacar. De qualquer forma, não tem empilhado volantes e mantém sempre uma boa alternativa de contra-ataque. Demorou mais do que o previsto para encontrar uma base de equipe, mas chegou lá. Foi respaldado e aguentou a pressão mesmo quando a torcida comprou a briga por Luis Manuel Seijas não ser titular.
Ou seja, o Roth contra Renato da 32ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2016 não será como antes. Seis anos se passaram e os treinadores amadureceram dentro e fora de campo. O resultado poderá ou não influenciar no placar do clássico que começa às 17h (horário de Brasília) deste domingo.
FICHA TÉCNICA
GRÊMIO X INTERNACIONAL
Data e hora: 23/10/2016 (domingo), às 17h (Brasília)
Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre (RS)
Transmissão na TV: Globo (somente para o RS) e PPV
Árbitro: Francisco Carlos do Nascimento
Auxiliares: Alessandro de Matos e Bruno Pires
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Edílson, Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Maicon e Walace, Ramiro, Douglas (Bolaños) e Everton; Luan
Técnico: Renato Gaúcho
INTERNACIONAL: Danilo Fernandes; William, Paulão, Ernando e Ceará; Anselmo, Rodrigo Dourado, Gustavo Ferrareis, Seijas e Eduardo Sasha (Valdívia); Vitinho
Técnico: Celso Roth
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