Catarinense

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"Deixe de ser enganado. Não seja feito de bobo. Fique em casa. Se querem nos derrubar, nós não vamos pagar para assistir. Se o circo está montado, ao menos a plateia não fará papel de palhaço". Com estas palavras, o Camboriú FC, time que disputa a primeira divisão do Campeonato Catarinense, pede aos seu torcedores que deixem de comparecer aos jogos do Estadual.

Segundo o site oficial do clube, a equipe laranja e verde (penúltima colocada no turno) vem sendo constantemente prejudicada pela arbitragem na atual edição do Campeonato Catarinense, fato que motivou um protesto por "público zero" nos próximos jogos.

"Nós sabemos o quanto é difícil sair de casa para ir ao estádio, comprar o ingresso para ajudar o clube e ver a festa ser estragada por quem não deveria aparecer. A direção do Camboriú lamenta o fato de que uma cidade inteira esteja sendo prejudicada por acontecimentos que mancham a imagem do futebol catarinense", escreve o clube.

Em conversa com o UOL Esporte, o presidente do Camboriú, José Henrique Coppi, detonou a arbitragem catarinense, disse que já sabe o tamanho do prejuízo que pode levar e pediu que seu protesto seja ouvido pela FCF (Federação Catarinense de Futebol).

"Em pelo menos cinco jogos fomos muito prejudicados. Contra a Chapecoense, o árbitro até foi na rádio pra pedir desculpas. Levamos gol de mão do Figueirense... A torcida passou a reclamar, ameaçou invadir o campo, então decidir pedir para ninguém comparecer aos jogos. É uma decisão polêmica, mas infelizmente tivemos que tomar, para preservar o clube", disse.

"Com isso, a gente espera chamar a atenção da Federação Catarinense, para que a arbitragem seja mais qualificada. O nível atual é muito ruim. Os jogos são decididos sempre por detalhes, e esses erros capitais vem nos complicando", prossegue o dirigente, citando a difícil situação do time no turno do Catarinense: em nove jogos, foram duas vitórias, um empate e seis derrotas, com cinco gols marcados e 16 sofridos.

"Já estudamos e estamos trabalhando com a ideia de ficar no vermelho. Temos mais três jogos em casa e, se não tivemos público, devemos ter um prejuízo de R$ 18 mil", completa Coppi, cujo clube cobra entre R$ 15 e R$ 30 por ingressos.

Fundado em 2003, o Camboriú vem em sua segunda temporada na primeira divisão. No ano passado, o time fez boa campanha e teve média de quase 1030 torcedores por partida no estádio Robertão, com capacidade para 3 mil pessoas.

Na atual temporada, no entanto, os números não são bons. Desanimados com a campanha, apenas 286 torcedores compareceram ao último jogo, contra o Criciúma - partida que teve muitas reclamações contra a arbitragem, aliás -, no pior público do Catarinense até aqui.

José Henrique Coppi diz ainda não saber se os torcedores vão atender seu apelo por "público zero" ou se irão responder comparecendo em maior número, como forma de apoio ao time. O próximo jogo em casa pelo Estadual será na próxima quarta-feira, contra o Guarani.

"Os portões estarão abertos, tudo normal, mas não sei dizer qual será a atitude da torcida. Pode ser até que venham em quantidade maior, como forma de apoio, quem sabe? Mas temos que esperar até a próxima quarta", ressaltou.

COMISSÃO DESCARTA ERROS

Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente da Comissão de Arbitragem da FCF, Luiz Carlos Espíndola, disse que "está de olho" no apito no Estadual e descartou erros em repetição contra o Camboriú. Segundo Espíndola, as reclamações da equipe do litoral não têm fundamento. Sobraram ainda críticas aos dirigentes do clube laranja e verde.

"Tem um ditado muito antigo que diz: o enforcado é que esperneia. Ano passado, o Camboriú não tinha problema com o rebaixamento, então não teve reclamação com a arbitragem, que segue a mesma. Eles não fizeram nenhuma reclamação para a Federação, não recebemos nada, nem uma fita, nem um documento. Se trouxerem, vamos analisar, mas eles não trouxeram nada", disse.

"Esse diretor (José Henrique Coppi) faz a gente lembrar que alguns dizem que o futebol é profissional, mas a gente vê que é amador. Isso (pedir para a torcida não ir ao estádio) é de uma irresponsabilidade tremenda, não se pode fazer um apelo desses", disparou Espíndola.

De acordo com o presidente da Comissão de Arbitragem, o único árbitro (Jefferson Schmidt) que teve erro provado contra o Camboriú foi punido, após se equivocar na marcação de um pênalti durante a derrota por 3 a 0 para a Chapecoense, no dia 17 de fevereiro - um auxiliar também foi suspenso.

"A gente toma providências quando ocorrem erros. Eu estava lá (no jogo entre Camboriú e Chapecoense), eu vi o erro e agi, mas o Camboriú não mandou nada pra gente. Para nossos observadores, está tudo normal", afirmou.