Indignados, árbitros do CE decidem não atuar mais em jogos do Fortaleza
Os árbitros e assistentes do Estado do Ceará decidiram não atuar mais nos jogos que envolvem o Fortaleza, time atualmente comandado pelo técnico Rogério Ceni. A decisão vale já a partir da próxima rodada do Estadual e é uma resposta às declarações de dirigentes do clube tricolor que, de acordo com a Sindicato dos Árbitros do Estado do Ceará (Sindarf-CE), ‘colocam em dúvida a imparcialidade e honestidade’ dos profissionais.
Aprovada por basicamente todos os árbitros e assistentes do Estado (exceto um bandeirinha), a posição foi oficializada pelo Sindarf-CE com um ofício entregue à Federação Cearense de Futebol (FCF) e ao Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Estado do Ceará (TJDF-CE).
“A categoria de árbitros do estado do Ceará decidiu que não irá mais atuar nos jogos que envolvam o Fortaleza Esporte Club, sendo mandante ou visitante no Cearense Série A 2018”, diz o ofício assinado por João Batista Lucas Correia, presidente do Sindarf-CE.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, João Lucas dá mais detalhes sobre o motivo do movimento: “É exclusivamente por causa das declarações dos dirigentes. O que acontece é que, ao se justificarem, eles ficam dizendo que a gente está trazendo prejuízo para a equipe deles”.
De acordo com o presidente do Sindarf, o fato de o Fortaleza ter solicitado um árbitro de fora do Estado para o clássico do último domingo (4) não motivou a decisão do sindicato.
“Entendemos que o dirigente pode chegar na Federação e dizer: ‘quero arbitragem de fora, é um direito meu’. ‘Ah, mas você tem alguma coisa contra a arbitragem’? ‘Não, isso aí é meu direito, só quero um árbitro de fora’. Se tivessem dito só isso, não teria problema nenhum”, diz.
Presidente e Ceni criticaram a arbitragem
Insatisfeita com a arbitragem do primeiro clássico do ano, em que o Ceará venceu o duelo por 2 a 0, a diretoria do Fortaleza solicitou arbitragem de fora do Estado para o confronto do último domingo (4), que terminou empatado por 1 a 1, no Castelão. Ainda antes do apito inicial, o presidente Marcelo Paz voltou a criticar a arbitragem do dérbi da primeira fase.
“Os erros são recorrentes contra o Fortaleza. Quando erra a favor é uma raridade. É não marcar pênalti, expulsão errada... A gente vem observando jogo a jogo. E culminou com o Clássico em que todos os erros foram contra o Fortaleza. A gente não pode ficar calado”, disse o mandatário tricolor em entrevista à Rádio Verdes Mares neste domingo (4).
Dias antes, na quinta-feira (1), o próprio técnico Rogério Ceni já havia feito críticas à arbitragem ao relembrar o primeiro dérbi de 2018 e chegou a provocar o Ceará dizendo que treinaria com dez jogadores para simular um duelo contra os alvinegros, uma vez que eles costumam sempre jogar com a mais. Leia mais
"A gente tem que treinar um pouco com dez jogadores, já com um a menos, porque eu assisti uns seis jogos do Ceará e eles normalmente jogam com um a mais, sempre 11 contra dez, então acho que é mais uma coisa que a gente pode pensar: trabalhar sempre com um a menos porque, ao menos em 45 minutos de jogo, a gente sempre tem chance, contra o Ceará, de jogar com um a menos", disse Ceni.
O que pode acontecer?
Uma reunião marcada para as 19h desta segunda-feira (5) pode dar novos rumos à polêmica. Por enquanto, porém, os árbitros e assistentes prometem cumprir a palavra e não apitar jogos do Fortaleza – o time entra em campo na quinta-feira (8), diante do Uniclinic, fora de casa.
“Agora vamos esperar a reunião e também respeitar a decisão dos trabalhadores. Mas por enquanto a gente segue com a mesma postura”, disse João Lucas.
De acordo com o presidente do Sindarf-CE, o ofício já foi recebido pelo TJDF-CE, o que pode evitar uma punição aos profissionais em caso de comparecimento à partida. “A gente entregou um documento ao tribunal. Existe o art. 261-A, se o árbitro se ausentar ao jogo por não se justificar, ele é penalizado, mas a gente já se justificou”, alega João Lucas.
Porém, de acordo com Fred Bandeira, presidente do TJDF-CE, o ofício enviado pelo sindicato não impede que uma suposta ausência seja penalizada.
“Esse ofício, para nós do tribunal, nada vale. Se eles forem escalados e não comparecerem no dia do jogo sem um justo motivo, que não seja o ofício, serão denunciados e poderão ser punidos no artigo 261-A. Esse ofício em si não abona nenhum tipo de responsabilidade. É um direito deles não querer aquilo, mas existe a questão de obrigação da Comissão da Arbitragem para com a Federação e principalmente para o campeonato”, esclareceu em entrevista ao UOL Esporte.
Árbitro sorteado já foi vetado pelo Fortaleza
O quarteto de arbitragem para o jogo entre Uniclinic x Fortaleza foi sorteado nesta segunda-feira (5) e terá Luciano Miranda como árbitro central e Mardônio Ribeiro e Alden Christian como assistentes. Curiosamente, Luciano já chegou a ser vetado pelo próprio Fortaleza em jogo do ano passado, pelas quartas de final do Campeonato Cearense, contra o Tiradentes.
Na ocasião, Luciano Miranda – que trabalhava como quarto árbitro – alertou o juiz principal de que o lateral Felipe, do Fortaleza, já havia recebido cartão amarelo anteriormente e, portanto, com o novo amarelo, precisaria ser expulso – o que acabou então acontecendo.
Fortaleza aguarda posição da Federação
Procurado pela reportagem do UOL Esporte, o Fortaleza disse que só se pronunciará depois de uma definição por parte da Federação Cearense de Futebol e da Comissão de Arbitragem.
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