Bronca de Lúcio em time de Mano expõe insatisfação de pilares da era Dunga

Carlos Padeiro

Em Los Cardales (Argentina)

  • Danilo Verpa/Folhapress

    Lúcio cobrou geral, principalmente a nova geração, de Neymar & Cia

    Lúcio cobrou geral, principalmente a nova geração, de Neymar & Cia

Na última segunda-feira, Lúcio adotou um discurso pouco comum no futebol de hoje. O capitão soltou o verbo durante entrevista coletiva e pediu seriedade e comprometimento ao elenco da seleção brasileira, que tem decepcionado na Copa América. O recado foi claramente direcionado aos atletas mais jovens e badalados, casos de Daniel Alves, Neymar, Ganso e Pato, por exemplo.

LÚCIO COBRA ELENCO PUBLICAMENTE

  • Danilo Verpa/Folhapress

    Em coletiva concedida na segunda-feira na Argentina, o zagueiro Lúcio cobrou mais seriedade e espírito de seleção dos colegas para que o Brasil consiga avançar à segunda fase da Copa América. Para o jogador, apenas talento não é o suficiente para formar uma equipe vitoriosa e pode nem ser suficiente para fazer a equipe pentacampeã mundial avançar no torneio.

A insatisfação do zagueiro de 33 anos, que terá 36 em 2014 e precisará se manter em forma para participar da sua quarta Copa do Mundo, é compartilhada por Maicon e Julio Cesar. O lateral está visivelmente incomodado com a condição de reserva, enquanto o goleiro defendeu o ex-técnico Dunga logo no primeiro dia de trabalho na Argentina, em 22 de junho.

O trio da Inter de Milão era intocável durante a 'era Dunga'. Quando Mano Menezes assumiu o comando, há um ano, os veteranos ficaram fora das primeiras convocações, já que o novo treinador iniciou um processo de renovação.

Em 2011, Mano passou a chamar os três para dar experiência ao elenco. Julio Cesar e Lúcio retomaram a titularidade, enquanto Maicon convive com uma situação ao qual não estava acostumado, a reserva – com Dunga, Daniel Alves é quem 'esquentava' o banco.

Entre outras frases fortes, Lúcio afirmou que a seleção brasileira não é vitrine. "Além de talento e genialidade, tem que colocar algo a mais. Precisamos preservar a seriedade e o comprometimento. O símbolo na frente da camisa é mais importante que o nome atrás", cobrou.

Já Maicon aparenta desconforto. No último sábado, após o empate por 2 a 2 com o Paraguai, um repórter pediu para entrevistá-lo. "Vou falar o que? Eu não estou jogando", respondeu o lateral, prestes a completar 30 anos.

As má atuações de Daniel Alves na Copa América fizeram com que Mano desse uma primeira oportunidade a Maicon. No treinamento da última segunda, o ex-cruzeirense atuou na equipe principal durante a segunda parte do coletivo. Mais do que isso, Mano o chamou para uma conversa particular.

Fã de Dunga

No dia a dia em Los Cardales, local da concentração do Brasil na Argentina, Julio Cesar sempre está brincando com os mais jovens, diferentemente dos seus colegas de Inter. O goleiro se dá bem com a nova geração, porém o que lhe incomoda é a mudança de ambiente. Ele é da turma que prefere o enclausuramento imposto por Dunga.

O ex-treinador bateu de frente com a imprensa no Mundial da África do Sul para proteger seu elenco. Agora, existe uma liberdade para os jornalistas trabalharem, rotina diferente do que atletas renomados encontram na Europa, onde os treinamentos são em boa parte fechados.

"Naquela Copa, o Dunga conseguiu montar uma seleção em que todos os jogadores pensavam da mesma maneira", elogiou o camisa 1 há três semanas, opinião que não pegou bem internamente.

O Brasil volta a jogar nesta quarta-feira contra o Equador, às 21h45 (horário de Brasília). Apesar da campanha frustrante, um empate é suficiente para a classificação às quartas de final como terceiro colocado.

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