Custo baixo e salários em dia unem "invasores" da Copa do Brasil
A tabela das oitavas de final da Copa do Brasil deste ano tem três “invasores”. Com as entradas dos times que disputaram a Copa Libertadores de 2013 e do Vasco, que herdou a vaga do São paulo, essa etapa do torneio nacional é dominada por equipes das duas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro. As exceções são Luverdense, Nacional-AM e Salgueiro, clubes unidos por orçamentos limitados e filosofia de pagar salários em dia.
Entre os três, a maior folha de pagamento é a do Nacional-AM, que investe R$ 400 mil por mês na equipe (incluindo comissão técnica). O Salgueiro gasta R$ 240 mil mensais, e o Luverdense, que não revela o montante exato, fica entre esses dois valores.
O que dá medida do quanto esses orçamentos são comedidos é uma comparação com outros clubes que estão na Copa do Brasil de 2013. Com o que gastam por mês, Luverdense, Nacional-AM e Salgueiro não conseguiriam custear sequer os salários de um jogador como Alexandre Pato (Corinthians), que recebe cerca de R$ 500 mil mensais. Somados, os três sofreriam para bancar os R$ 900 mil que o Atlético-MG destina a Ronaldinho Gaúcho.
“Nosso grande diferencial é que somos um clube que se paga. Tanto é que os salários são pagos sempre no dia 30. Todo jogador adora atuar aqui porque sabe que vai ser pago na data certa”, disse Mario Jorge Taveira Cortez, presidente do Nacional-AM desde o início de 2013.
Quando assumiu o clube, Taveira Cortez encontrou um caixa equilibrado: “Acho que somos um dos poucos clubes no Brasil sem dívidas com a previdência. Temos um refis, mas acabaremos de pagar em setembro”.
O elenco do Nacional-AM é formado por 32 jogadores. Além dos salários, o clube se orgulha de depositar premiações na conta dos atletas no dia posterior aos jogos.
Austeridade também é uma bandeira do Salgueiro. O time pernambucano já disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, mas atualmente está na quarta divisão nacional. Com os rebaixamentos, a diretoria renegociou todos os contratos.
“A gente manteve a base, mas mostrou as condições e não criou ilusão para ninguém. Alguns jogadores estão aqui há mais de dois anos, mas a gente precisou conversar com eles e buscar novas condições. E quem chegou depois veio sabendo da realidade”, relatou Carlos José de Araújo, diretor de futebol do Salgueiro.
Enquanto o Nacional-AM comemora cem anos em 2013, Salgueiro e Luverdense são equipes bem menos longevas. Os pernambucanos têm oito anos de vida, e a equipe do Mato Grosso foi criada há nove temporadas.
“Clubes pequenos sempre têm uma dificuldade financeira muito maior. Nós temos de administrar isso. Todo mundo tem dívida e dificuldades, mas temos conseguido caminhar e respirar um pouco mais”, afirmou Edu Pascoski, diretor-secretário e um dos fundadores do Luverdense.
Apesar de admitir que o Luverdense tem problemas financeiros, Pascoski assegura que os atletas são pagos em dia: “Quando fomos montar o elenco, pensamos primeiro em jogadores que queriam vir para o Mato Grosso e para o Luverdense. Mas também montamos um elenco que se encaixa na nossa realidade financeira”.
O time do Mato Grosso enfrentará o Corinthians nas oitavas de final da Copa do Brasil, e esse duelo ajudará a bancar as contas. Nas duas partidas contra os paulistas, o Luverdense terá um patrocínio pontual da marca Sanol Dog, linha de produtos de higiene e beleza animal da empresa Total Química.
“As cotas da Copa do Brasil estão ajudando muito, e nós também conseguimos um patrocínio para esses dois jogos. Não é um grande valor, mas tudo que vem para o caixa é bem-vindo”, completou Pascoski.
O orçamento limitado, contudo, não é a única coincidência entre os três clubes. Luverdense, Nacional-AM e Salgueiro também têm prioridades bem distantes da Copa do Brasil. Os três estão mais focados no acesso no Campeonato Brasileiro.
“Temos de ter humildade. A diretoria trabalha para chegar à Série B. Já estamos há seis anos na Série C, sempre trabalhando. Em algum momento essa hora vai chegar”, disse Pascoski. “Mas nós fomos avançando na Copa do Brasil, passando por um mérito de um grupo focado e comprometido”, completou o dirigente.
“Lógico que chegar a essa fase da Copa do Brasil, para um time com uma folha tão pequena, foi uma surpresa. A gente cria um sonho e sabe que tudo pode acontecer no futebol, mas a gente está na Série D. O foco é voltar para a C”, adicionou o diretor de futebol do Salgueiro.
“Nosso objetivo não é tanto a Copa do Brasil. Já chegamos onde podíamos chegar. O projeto do Nacional-AM é aspirar a Série C. Para isso, precisamos passar pela Série D”, encerrou o presidente da equipe amazonense.
O Nacional-AM eliminou Águia de Marabá, Coritiba e Ponte Preta nas três primeiras fases da Copa do Brasil. O rival da equipe é o Vasco, que venceu o primeiro duelo por 2 a 0 na última terça-feira, em Manaus.
O Salgueiro também já eliminou duas equipes da primeira divisão na Copa do Brasil deste ano. Os pernambucanos passaram, na ordem, por Boa Esporte, Vitória e Criciúma. Nas oitavas de final, jogarão contra o Internacional – o primeiro duelo está marcado para quinta-feira, em Salgueiro.
Adversário do Corinthians, que visitará Lucas do Rio Verde nesta quarta-feira, o Luverdense já tirou Tupi, Bahia e Fortaleza do caminho na Copa do Brasil.
“Nós respeitamos todos os adversários. Pegamos o Bahia, que é um time de primeira divisão, e o que eu posso dizer é que dentro de campo são 11 contra 11”, disse o Pascoski, diretor do Luverdense. "O Salgueiro vive um bônus na Copa do Brasil. Já chegamos longe demais, mas acreditamos que é possível ir até a decisão. Vivemos de sonho", encerrou o diretor de futebol da equipe pernambucana.
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