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Maracanã usa 'padrão Fifa' em final, mas acumula problemas de segurança

Pedro Ivo Almeida e Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/11/2013 06h34

A festa do Flamengo nas arquibancadas do Maracanã pela conquista da Copa do Brasil foi total. Fora, porém, vários problemas de segurança tiraram o brilho da primeira decisão de um torneio entre clubes no estádio carioca. Apesar de utilizar efetivo de segurança similar aos principais jogos da Copa das Confederações, a partida contou com brigas entre torcidas, invasão de pessoas sem ingresso e até convulsão de um torcedor do Atlético-PR que inalou gás de pimenta.

Além dos 800 seguranças particulares da empresa que administra o Maracanã e atuam apenas dentro do estádio, outros 530 policiais militares também foram destacados para o duelo que teve 68.857 presentes. Ao todo, a operação contou com mais de 1.400 pessoas, número superior ao confronto entre Itália e México, pela Copa das Confederações, em junho deste ano.

O problema mais grave ocorreu cerca de vinte minutos antes do apito final, quando torcedores do Flamengo que não tinham ingressos invadiram o estádio. A ação ocorreu nos portões E e F, com grades depredadas e agressões. Policiais do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios) chegaram minutos depois e controlaram a situação.

Os portões do estádio foram fechados aos 38 minutos do primeiro tempo, segundo a concessionária, por questões de segurança. Assim, muitos torcedores com bilhetes em mão não entraram para acompanhar a final.

'Cercadinho' falha
Outro problema recorrente durante a final foi a área destinada aos torcedores do Atlético-PR. O espaço para concentração dos atleticanos na calçada foi cercado com grades e presença de policiais. O que não impediu a troca de xingamentos e o clima tenso. Por volta das 21h, as duas torcidas entraram em confronto e a policia foi acionada.

A saída do estádio reservou novos confrontos. As duas torcidas começaram a deixar o Maracanã juntas e novas brigas foram registradas. A polícia utilizou gás de pimenta e o atleticano Cristiano Simeonato passou mal. Ele teve um principio de convulsão e aguardou quase 10 minutos até ser levado por seguranças para o ambulatório do estádio.

A demora foi justificada pelo fato dos seguranças não localizarem a chave do portão onde a torcida do Atlético-PR estava localizada. Dois acompanhantes do torcedor ainda tiveram que tirar a camisa do clube paranaense para atravessarem um setor de flamenguistas e auxiliar o jovem. Após o problema, a policia mudou a estratégia e impediu a saída dos atleticanos até os cariocas deixarem o Maracanã.

A ação de cambistas também aconteceu em grande número antes do duelo que deu o tricampeonato ao Flamengo. Eles cobravam até R$ 1,2 mil por ingressos que custavam R$ 250 nas bilheterias. O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) realizou ação e, até o último balanço divulgado, três foram presos e 20 ingressos apreendidos. Na mochila de um dos cambistas foram encontradas 11 entradas, R$ 8.770 e uma máquina de cartão de crédito.

Escada vira arquibancada
Apesar da maioria dos problemas terem sido registrados do lado de fora, dentro do Maracanã também houve reclamações. As escadas de acesso viraram arquibancadas, com torcedores assistindo em pé e impedindo a saída em caso de emergência. Os banheiros ficaram lotados e muitos torcedores urinaram nas muretas do estádio, formado 'rios' de xixi.

O esquema para impedir invasões após o apito final funcionou bem. Os seguranças ficaram posicionados de frente para as arquibancadas em grande número e desencorajaram qualquer ação, mantendo a festa apenas para jogadores e comissão técnica. A saída dos flamenguistas também foi tranquila e rápida.