Topo

Título do Fla abafa ano de erros e polêmicas em gestão do futebol no clube

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/11/2013 06h00

Ao levantar a taça da Copa do Brasil de 2013 no Maracanã, na última quarta-feira, após a vitória por 2 a 0 sobre o Atlético-PR, o Flamengo viu um clima de festa, alegria e sintonia entre todas as partes envolvidas de um clube até então inimaginável para esta temporada. Mais que coroar o trabalho de atletas e comissão técnica, a conquista serviu para abafar algumas polêmicas e minimizar erros na gestão do futebol que foram reconhecidos até pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello.

"Tenho plena consciência que nem tudo foi só acerto. Tivemos erros, sim, e entendemos isso. Mas considero uma situação normal. Foi nosso primeiro ano de gestão. E erramos quando estávamos tentando acertar. Vamos corrigir tudo isso para que 2014 seja melhor ainda e com outros títulos", disse o mandatário do clube.

Em seu primeiro ano à frente do clube da Gávea, viu os departamentos financeiro, jurídico e administrativo serem muito elogiados. No entanto, invariavelmente, acompanhava os problemas do carro-chefe de seu governos: o departamento de futebol.

As críticas de todos os lados, inclusive de aliados políticos, vinham acompanhadas de um medo. Mais uma vez, todos temiam um ano "perdido", sem grandes resultados e com o risco do rebaixamento. E foi assim durante quase todo o exercício de 2013. Mas não depois do final de setembro.

Com o time embalado na Copa do Brasil de técnico novo - Jayme de Almeida - perto de livrar qualquer risco de queda no Campeonato Brasileiro, a situação foi melhorando. Ao mesmo tempo, só um grande título poderia evitar a enxurrada de críticas na avaliação do primeiro ano de mandato. E ele veio.

A conquista sobre o Atlético-PR ajudou os rubro-negros a esquecer, pelo menos por um momento, as saídas conturbadas de ídolos (Vagner Love, Ibson e Renato Abreu), as inúmeras polêmicas com o diretor Paulo Pelaipe e os seguidos questionamentos de contratações que nunca vingaram, como Carlos Eduardo, Diego Silva, Val, Bruninho e outros.

"A torcida nunca gosta de saída de ídolos ou corte de investimentos no futebol, mas isso era necessário. Infelizmente, encontramos uma situação em janeiro que nos obrigou a fazer isso. É complicado dispensar um técnico porque ele é muito caro [Dorival Júnior] ou um jogador identificado como o Vagner Love, mas tínhamos que fazer", justificou Bandeira de Mello.

Envolvido em quase todos os problemas do futebol e apontado por muitos como culpado do então fracasso que se desenhava, o diretor Paulo Pelaipe se mostrou tranquilo após o título. Ele, que chegou a ser xingado nas arquibancadas do Maracanã pelos torcedores e muito questionado na alta cúpula da diretoria, ressaltou que a imagem que fica no fim é da conquista.

"Os problemas aconteceram muitas vezes realmente, mas o importante é que conseguimos superar. E os erros sempre ocorrem, mas também estão acompanhados de acertos. Fizemos algumas apostas que não foram tão corretas, mas outras extremamente boas. E, no final, o que vai ficar para a história é este título maravilhoso ao lado desta torcida no Maracanã", minimizou o cartola.

E se muita gente não vai esquecer os problemas do futebol em 2013, pelo menos o presidente Eduardo Bandeira de Mello deve deixar isso de lado por um instante. Com a conquista, o mandatário deverá manter no cargo o vice Wallim Vasconcellos e o diretor Paulo Pelaipe. Em vários momentos do ano, ambos foram questionados, pressionados e tiveram muito próximos da saída, que não deve mais ocorrer. Pelo menos em um primeiro momento.

Resta agora a dupla de comando do futebol mostrar resultados em 2014 e, de certa forma, abafar novamente possíveis críticas para se manter à frente do futebol do Flamengo por mais algum tempo.