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Anderson entra vaiado e sai aplaudido. Como ele deu a volta por cima

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

27/10/2016 08h19

Foram necessários apenas 79 minutos para Anderson sair do inferno e chegar perto do céu. Menos de duas semanas depois de brigar a socos com William, ser alvo de abaixo-assinado nas redes sociais pedindo sua demissão e levar multa salarial de 15%, o meia transformou vaias em aplausos. Destaque do Internacional contra o Atlético-MG, o camisa oito já é tratado no Beira-Rio como um jogador recuperado.

“O Anderson foi competitivo, algo que se reclama no futebol moderno. Visivelmente está recuperado”, disse Fernando Carvalho, vice de futebol do Inter.

Anderson teve o nome vaiado antes da bola rolar no jogo de ida da semifinal. Quando a escalação foi anunciada, o nome dele foi alvo de protesto do público. O mesmo estádio assistiu a uma atuação dedicada e com influência direta no desempenho do time.

Além do pênalti sofrido, e valorizado, Anderson se movimentou. Se apresentou, distribuiu passes. Deu carrinho. Serviu de calcanhar. Tentou gol de voleio. E encheu os olhos da diretoria, comissão técnica e parte da torcida. Uma reabilitação quase plena.

A recuperação de Anderson não começou agora e envolve um trabalho físico e psicológico. Encostado por um mês, o meia ganhou acompanhamento especial. Teve diagnosticada uma defasagem entre a massa muscular das pernas de quase 40% e sobrepeso. Percentual de gordura no limite do aceitável.

Além do trabalho adicional, foi chamado para conversa com comissão técnica e direção. Quando questionado sobre a situação no clube, onde está desde janeiro de 2015, justificou a fase ruim pela falta de sequência no time titular. Recebeu, então, a garantia de que se mostrasse dedicação diária e evolução nos índices físicos, teria uma chance. E não seria qualquer oportunidade. Viria com direito a pedido público de trégua e tudo.

“Anderson estava treinando bem, sabíamos que estava dentro dos percentuais que esperamos dele, teve a oportunidade e fez o que a gente espera dele”, comentou Celso Roth.

William também vai bem

A ironia da história é que Anderson deslanchou no jogo contra o Galo justamente quando William voltou para a lateral direita. Onze dias antes, os dois trocaram xingamentos e agressões. Onze dias depois, tabelaram e levaram o Inter pela mão até uma boa atuação.

William começou a partida no meio, trocando constantemente de função com o próprio Anderson e com Alex. Na etapa final, Fabinho saiu da lateral e deu lugar a Sasha. Coube ao camisa 2 voltar para sua posição. Nela, o medalhista olímpico com a seleção brasileira não é só um dos destaques do Inter. É um dos melhores do Campeonato Brasileiro.

A semifinal da Copa do Brasil pode não ter começado bem para o Inter, que agora precisa vencer por dois gols de diferente em Belo Horizonte. Mas reabilitou Anderson. E até reaproximou ele de William.

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